As melhores marcas anunciam aqui

As melhores marcas anunciam aqui

quarta-feira, 3 de junho de 2020

CONSTRUINDO UM ESTADO MILICIANO

Ayrton Maciel 


Uma polícia federal é boa se investigar os “inimigos” políticos, vazar informações, devassar e destruir reputações; uma polícia federal está "aparelhada" e é persecutória, agride e ameaça "a liberdade" se investigar “meus filhos e meus militantes”. Uma Justiça é boa se “me contempla e é servil”, uma Justiça é parcial se "me impede de fazer o que quero e pode condenar os meus por delitos”. Eis um pensamento tirano, eis um pretendente: Jair Bolsonaro. "Eu blindo os meus e persigo e puno os teus", raciocina uma mente tirana.

O presidente da República, no alto dos delírios - um dia conciliador, o outro, terror - não esta só. Bolsonaro não se limita a suas milícias virtuais. Calculista, o presidente conta com generais como aliados, pelo menos os que estão no terceiro andar do Planalto. Militantes digitais e de rua, militares radicais e o mundo obscuro do sistema de segurança do Estado dão a Bolsonaro a sensação de poder para blindar a si mesmo, os filhos e os "amigos" contra investigações e processos. Blindagem contra a autonomia da Polícia Federal, a independência constitucional do STF e do Congresso e a oposição de seus adversários políticos. A parcela eleitoral, que decresce nas ruas, serve-lhe como massa de propaganda.

No Brasil de hoje é improvável um Estado fascista, mesmo que generais de extrema-direita estejam ao redor do presidente, porque a formação ideológica restrita da maioria do governo não respalda essa possibilidade. Os contextos externos e internos também são desfavoráveis a aventuras desconexas do mundo. Mas, e um Estado fora da lei? Um Estado policialesco? Um Estado miliciano? Aquele que sirva aos interesses de uma família, de um grupo, de uma ideia de "limpeza" social que se concilie com a ocultação dos malfeitos do governo.

Um Estado que atropele a Constituição, algeme as instituições e tente silenciar a oposição não ficaria impune ao final. Antes, porém, faria seu estrago. O receio que existe tem sentido nas frequentes ameaças. Não está unicamente nas faixas dos militantes nas ruas. Está mais nas palavras, vídeos e redes digitais de Bolsonaro, seus filhos e de militares, como o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional. Ao receio interno se junta a imagem de párea que o Brasil acaba passando no concerto das nações democráticas a cada ameaça verborrágica. Uma ditadura sob controle de uma família seria uma encenação ridícula de circo mambembe.

Em um ano e cinco meses de governo, não são só as ideias e surtos ditatoriais que têm assustado o país. A obsessão por liberação de armamento, a violência como discurso político de segurança e como solução contra a violência urbana, a pregação do ódio e do militarismo e as relações com milicianos cariocas complementam o teatro governista. A apologia a 64, a desconsideração a organismos internacionais, a leitura distorcida da história, a saudação a personagens que cometeram crimes contra a humanidade e os direitos humanos, tudo agrega-se a um governo que arrisca-se a ficar fora da Constituição.

Atacar a imprensa e jornalistas, macular adversários e apontar conspiração inimiga nas instituições que limitam as ações ilegais parecem parte da estratégia de poder. Ameaçar descumprir ordens do STF seria, porém, o gesto mais irracional de Bolsonaro. Não seriam as milícias digitais ou as armadas que dariam segurança a um Estado fora da lei. Muito menos os generais leais iriam querer ser confundidos. O jogo de Bolsonaro e seus radicais correria o risco de não suportar uma aposta alta. 

*Ayrton Maciel é jornalista. Artigo publicado também no blog de Magno Martins.

CRESCE NO PAÍS MOVIMENTO PELA DEMOCRACIA

Até a Xuxa aderiu a um dos movimentos pela democracia


Depois do domingo, quando as torcidas do Santos, Corinthians, Palmeiras e São Paulo se uniram num ato de defesa da democracia, sentimento de rejeição ao fascismo se espalha pelo Brasil.

Já têm pessoas e setores da imprensa comparando o movimento que surge com a campanha pela diretas, em 1984, que promoveu manifestações gigantes na maioria das capitais.

Alguns dos movimentos que estão nascendo já têm nome: O Somos 70%, com grande visibilidade nas redes sociais, o Estamos Juntos, com mais de 220 mil assinaturas, além do Basta!, este último composto sobretudo por advogados e juristas.

A esses movimentos se juntam políticos de representatividade, como o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, o ex-presidente Lula, os governadores Flávio Dino (MA) e João Dória (SP), Ciro Gomes e Marina Silva.

Ainda existem diferenças de opinião, mas todos repudiam a escalada do autoritarismo promovida pelo próprio Governo Federal, defendendo a democracia como valor universal.

Atitude das torcidas paulistas pode ser copiada em vários estados e possivelmente já no próximo final de semana teremos atos de organizadas no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, João Pessoas e Recife.

Sem poder estar presente nos estádios, os torcedores resolveram se mobilizar politicamente, todos dando as mãos na luta pela democracia.

Artistas também engrossam os movimentos antifascistas, como Caetano Veloso, que votou em Fernando Haddad, em 2018, Lobão, um bolsonarista arrependido, e até a apresentadora Xuxa.

Mesmo sem a pandemia do coronavírus ter sido vencida, os participantes desses movimentos estão dispostos a ocupar as ruas para defender suas ideias.

SIVALDO ELOGIA MOVIMENTOS PELA DEMOCRACIA


Os movimentos em defesa pela democracia, que estão crescendo em todo o Brasil, foram elogiados hoje pelo deputado estadual Sivaldo Albino, líder do PSB na Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Parlamentar acredita que essa onda vai aumentar ainda mais, por conta do anseio do povo brasileiro pela democracia. “Os setores mais conscientes sabem a importância da liberdade, do respeito à Constituição e ao estado de direito, assim como o valor de uma imprensa livre e a independência dos poderes Legislativo e Judiciário. Acredito até que a eleição municipal deste ano poderá ser pautada por essa novidade, esse sentimento de mudança que irá se espalhar pelo país”, comentou Sivaldo.


Deputado salienta que as manifestações são importantes e defende que qualquer movimento seja feito de maneira pacífica, dentro da ordem e do respeito. 

Luizinho Roldão, correligionário do deputado no PSB, também aplaudiu as manifestações democráticas e destacou a importância da união de torcidas organizadas, em diferentes cidades, em defesa do mesmo ideal de liberdade e paz social. “Acho que logo teremos aqui em Pernambuco torcedores do Santa Cruz, Náutico e Sport repetindo o que fizeram os paulistas e se manifestando a favor de democracia”, frisou o socialista.

Em 2018, Sivaldo votou em Fernando Haddad para presidente da República e em diversos comício nos bairros de Garanhuns falou no nome do candidato progressista. O governador Paulo Câmara também se empenhou na campanha do petista.

Já o prefeito de Garanhuns, Izaías Régis (PTB), ao lado do seu vice, Haroldo Vicente, percorreu as ruas da cidade pedindo voto para Jair Bolsonaro.

Haddad teve 49.373 votos em Garanhuns, contra 18.995 de Bolsonaro. O percentual do petista foi de 72,2% e do representante do PSL (hoje sem partido) de 27,78%. 

Tanto o ex-presidente Lula quanto o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, se posicionam ao lado das forças democráticas. Já o presidente Bolsonaro, tem participado de atos antidemocráticos, em que militantes exaltados pedem o fechamento do Congresso e do STF. Essa postura tem sido criticado mesmo pela imprensa conservadora, incluindo a Globo, Rede Bandeirantes, Folha de São Paulo e Estadão.