Numa entrevista a revista Istoé o ator Wagner Moura (o Capitão Nascimento dos filmes Tropa de Elite I e II), criticou duramente a ação da polícia no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro. Na sua avaliação as “Unidades Pacificadoras”, criadas pelo Governo, estão precisando ser “pacificadas”.
Wagner soltou o verbo "As UPPs são muito bem-vindas e funcionam como um primeiro passo. O poder público precisava chegar às favelas, mas não só com a polícia. Faltam escola, creche, biblioteca, parque, tudo o que tem no asfalto. Antes, por outro lado, a polícia tem de ser pacificada. O que fizeram com o Amarildo dentro de uma Unidade Pacificadora é significativo do que eu estou dizendo. A mesma velha polícia agindo de forma desrespeitosa com as pessoas pobres", disse à revista.
O ator opinou também sobre política, comentando o processo da eleição presidencial. Eleitor de Marina Silva, em 2010, ele parece meio desconfiando do projeto do PSB. "Tenho respeito por Eduardo Campos e já apoiei publicamente a Marina, mas tudo o que o PSB não é, sinceramente, é uma nova forma de se fazer política, que é o que a Rede vinha apregoando. Estou esperando para ver como se darão as alianças, os palanques em São Paulo, Minas Gerais... Mas participar (de campanha política) não estou a fim”, ponderou o artista.
Wagner Moura disse que não há possibilidade de se fazer o filme Tropa de Elite III. A seu ver o personagem esgotou. Ele está fazendo seu primeiro papel gay no cinema, teve uma experiência como ator em Hollywood e se prepara para estrear na direção.
COPA E MACONHA - Confira algumas outras questões que foram abordadas na entrevista.
ISTOÉ - Como entende as recentes manifestações de rua?
WAGNER MOURA -
Eu vi as manifestações como uma das coisas mais surpreendentes e interessantes que aconteceram na política brasileira desde que eu me entendo como cidadão. O que eu fiquei preocupado foi com a criminalização das manifestações. Foi um pouco assustador ver gente querendo ressuscitar a Lei de Segurança Nacional. É claro que ninguém quer ver quebradeira, mas prender um garoto que está na manifestação e enquadrá-lo como terrorista está errado. Os governantes se mostraram despreparados.
ISTOÉ - Os protestos podem atrapalhar a Copa?
WAGNER MOURA -
Eu quero ver a Copa, mas acho bom que haja manifestações contra o que ela representa e a forma como ela está sendo administrada. Os gastos públicos e a maneira precária como o Brasil está se preparando. Estádios atrasados, aeroportos caóticos, hotéis que vão ficar cheios. Essa Copa não está ocorrendo como deveria acontecer.
ISTOÉ - Como vê a experiência do Uruguai com a liberação da maconha?
WAGNER MOURA -
Eu acho ótimo. Isso vai trazer dividendos para o Uruguai. Muita gente está querendo ir morar lá, fazer negócios, passou a ser um foco no mundo. Mas os americanos também estão mudando. Dois Estados de lá estão legalizando e na Califórnia é permitido de forma medicinal. Não há muito como segurar. No Brasil, o que segura é a questão moral. Reprimir é uma coisa ineficaz. Gasta-se muito dinheiro, a guerra mata mais gente do que a droga em si. As drogas têm que ser vistas como questão de saúde pública. Um exemplo de como o Brasil trata o problema foi o que o (governador de São Paulo) Geraldo Alckmin (PSDB) fez na Cracolândia, mandando a polícia baixar a porrada. Dá porrada nos caras e tira eles dali: é assim que tratam a questão da droga.
ISTOÉ - Você está longe da tevê desde 2007. Não sente falta?
WAGNER MOURA -
O fato de eu estar afastado das novelas tem mais a ver com a minha vontade de aproveitar esse momento do cinema. Hoje em dia eu não tenho vontade de fazer uma novela, de ficar 11 meses fazendo uma coisa só, enquanto tem um monte de projetos no cinema acontecendo, um momento de grande diversidade e ebulição.