A diferença de postura é gritante. O PT não estava preparado para enfrentar um tucano com mais carisma e, ao mesmo tempo, tanta firmeza. Aécio se destaca até mesmo entre os demais tucanos nesses quesitos, enquanto Dilma consegue ser pior do que os demais petistas. Assim foi covardia.
Foto:Ivan Pacheco/VEJA.com
Os
dois candidatos à Presidência, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff
(PT), participam do primeiro debate do segundo turno promovido pela Rede
Bandeirantes, na noite desta terça-feira (14)
O
primeiro debate do segundo turno foi um total massacre de Dilma por
Aécio Neves. Dilma parecia mais confusa do que o normal, mais nervosa,
desarticulada. Pensei que o russo era uma língua difícil, até conhecer o
“dilmês”. Não se sabe se anotou a placa do caminhão que a atropelou.
Dilma
chegou a perguntar sobre a Lei Maria da Penha, e confesso que
desconfiei se tratar de uma possível denúncia feminina do massacre que
sofreu no debate. Apanhou muito. Aécio estava bem afiado, chegou com
firmeza.
Para começo de conversa, o tucano olhou bem nos olhos
de Dilma e a acusou de produzir inverdades o tempo todo. Chamou de
mentirosa, sem muitos rodeios. E mostrou várias das mentiras que sua
campanha vem repetindo por aí.
O PSDB já se mostrava mais
confiante nesse debate, pois sabe da capacidade de argumentação do
candidato. Hoje cedo, na CBN, escutei um chamado para o debate e pensei
se tratar de um anúncio da própria Band. Não era. Era da campanha do
PSDB, tentando aumentar a audiência. Estavam seguros de que Aécio sairia
vencedor, como saiu, com larga vantagem.
A diferença de postura
é gritante. O PT não estava preparado para enfrentar um tucano com mais
carisma e, ao mesmo tempo, tanta firmeza. Aécio se destaca até mesmo
entre os demais tucanos nesses quesitos, enquanto Dilma consegue ser
pior do que os demais petistas. Assim foi covardia.
A presidente
continuou fazendo oposição ao próprio governo. Parece que caiu de Marte
agora. Não tem coisas boas para mostrar, e isso faz com que apele o
tempo todo para uma comparação entre Lula e FHC. Sobre educação, por
exemplo, não tem como rebater a acusação de que o Brasil vem caindo no
ranking internacional. Diz que o setor é prioridade para seu governo,
como se não estivesse no poder há quatro anos!
O tucano
conseguiu com habilidade desconstruir o mito de que o Bolsa Família será
interrompido com sua eventual vitória, e ainda repetiu várias vezes que
o DNA do programa está no PSDB, com os programas sociais anteriores que
foram unificados, e também com a sugestão de um governador tucano, que
foi mencionada pelo próprio Lula no lançamento do programa.
Outro ponto positivo para Aécio foi ter reforçado o fato de que a crise
internacional não é a responsável pelo péssimo resultado de nossa
economia. O tucano repetiu que o Brasil é o lanterninha da vizinhança, e
que falta a Dilma humildade para reconhecer seus equívocos. Jogou um
ovo na cara da presidente, metaforicamente, quando puxou da cartola a
sugestão de seu secretário para que o povo troque carne por ovo para
combater a alta de preços.
Outro golpe de mestre, ainda na área
da economia, foi quando defendeu Arminio Fraga, tão difamado pela
campanha de Dilma, lembrando que foi extremamente elogiado tanto por
Palocci como por Lula, e que o PT o queria no governo na transição.
Marcou uma importante diferença em relação a Dilma: ele já tem um futuro
ministro da Fazenda, respeitado no mundo todo, enquanto ela tem um
futuro-ex-ministro, “demitido” durante a campanha por falta de
credibilidade.
Claro que não poderia faltar um pouco de graxa
também. Aécio explorou o tema da corrupção, trazendo à tona o escândalo
da Petrobras e cobrando da presidente o motivo pelo qual o ex-diretor
Paulo Roberto Costa, delator do esquema, foi elogiado por excelentes
serviços prestados em sua carta de demissão.
Em um ato de
megalomania nada republicana, Dilma disse que em seu governo os
corruptos vão presos, pois, ela investiga mais. Será que Dilma se
enxerga como uma espécie de Luís XIV, para quem o Estado era ele
próprio? Dilma, a Rainha Sol? Ela não sabe que quem investiga é a
Polícia Federal e o Ministério Público, órgãos do Estado e não de seu
governo? Na verdade, o esforço de seu governo tem sido o de impedir
investigações, como no caso da própria CPI da Petrobras.
Por
fim, Aécio soube dar voz a milhões de brasileiros ao dizer que escutou
por tudo que é canto a demanda por libertação do PT. Ninguém aguenta
mais tanta corrupção, tanta incompetência. Soube agradecer Marina Silva e
Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, pelo apoio recebido, e disse
que irá honrar os compromissos de programa, destacando que o acordo não
foi fisiológico, por troca de cargos, como costuma acontecer com o PT.
Enfim,
Aécio se mostrou com a firmeza esperada de um legítimo libertador,
pois, de fato, não dá para aguentar mais quatro anos de Dilma!