Os dois fatos mais relevantes que aconteceram no Brasil, nos últimos dias, foram os seguintes: a libertação de mais de 200 homens vivendo em situação análoga à escravidão, em vinícolas do Rio Grande do Sul; e a revelação, pelo jornal O Estado de São Paulo, das joias retidas na receita federal, no valor de R$ 16 milhões e meio, por terem entrado no país ilegalmente.
Uma vergonha para o Brasil, tanto um quanto o outro caso.
As empresas gaúchas tratavam seus empregados como bichos, ou até pior. A maioria dos trabalhadores libertados pela ação da Polícia Federal eram baianos. Foram contratados com a promessa de receber por mês R$ 2 mil e mais uma série de vantagens.
Como nem as três refeições do dia recebiam e tinham que pagar até as botas usadas no trabalho, no final das contas ficavam com menos de um salário.
Levavam gritos, eram agredidos verbalmente e fisicamente.
Quando você atenta que a escravidão no Brasil acabou oficialmente em 1888 e neste tempo em que vivemos, no ano de 2023, empresários insistem em fazer de homens burros de carga, explode a indignação, um sentimento de revolta.
E se não houver punição exemplar para os proprietários dessas vinícolas e as empresas terceirizadas que exploram a mão de obra humana, essa situação vai continuar.
Continuaremos a ter escravos no Brasil.
Lembro que um dos livros mais aclamados em língua portuguesa dos últimos anos, "Torto Arado" - por sinal de um baiano - Itamar Vieira Júnior, trata exatamente desse chaga nacional: a escravidão moderna.
Quanto às joias doadas pelo ditador da Arábia Saudita à ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, é escândalo pra ninguém botar defeito.
O valor é altíssimo, as peças entraram no Brasil ilegalmente e o governo, com envolvimento de ministros e do próprio presidente da República, fez de tudo para resgatá-las antes do final do mandato de Bolsonaro.
Como se fosse pouco isso aí, ainda há a suspeita de que o brinde não passou de propina do governo saudita aos que estavam no poder, na época.
É que coincidentemente os árabes compraram um ativo importante da Petrobrás, controlado pelo governo, por um preço muito abaixo do que a empresa valia no mercado.
Felizmente o povo brasileiro disse não ao governo que passou.
A gestão atual, com Lula, Geraldo e um ministério de muita qualidade, representa a esperança de que situações como essas não se repitam.
O atual presidente brasileiro ficou quase 2 anos presos porque Sérgio Moro entendeu que o petista havia recebido um apartamento como propina da OAS.
Esse imóvel é avaliado em R$ 3 milhões.
Como as acusações do ex-juiz e hoje senador nunca foram provadas, Luiz Inácio da Silva se tornou um homem livre, disputou a eleição e derrotou seus algozes.
Quanto às joias que seriam de Michelle, não resultam de invenção ou convicção de Deltan Dallagnol.
São fatos comprovados pela Receita Federal, com gravações das câmeras de segurança mostrando inclusive quando um figurão do governo anterior tentou pegar as peças, no valor de R$ 16,5 milhões, dando uma carteirada.
O apartamento que manchou o nome de Lula e quase acaba com sua vida é tipo classe média, um empresário mediano ou um profissional liberal bem sucedido pode comprar um imóvel daquele.
Já os adornos destinados a Michelle, que pela coragem de alguns funcionários públicos ficaram retidos na Receita, só podem ser comprados por milionários. Ou por quem tem amigos generosos na Arábia Saudita.