Uma parcela de pessoas ainda tem um espírito crítico sobre a política local. O problema é que esse espírito costuma manifestar-se na hora errada. Perguntando a muitas pessoas sobre o que elas estão achando da política local, termos como “nojeira”, “safadeza”, e “cabaré” são constantes.
Diante dessa reação, sou racional em concluir que essas pessoas querem mudança, transparência, honestidade em administrar o dinheiro público (claro que crítica rasas não ajudam muito, mas revolta e indignação são um bom começo). Me bate um vento leve de esperança que essas pessoas não se iludam com discursos elaborados. Inclusive, há quem invente problemas para ter o mérito de mostrar a solução. É simples: a situação tá feia? Se eu for eleito, vão ficar bonita.
No entanto, um belo dia, surge a “lambadinha” anunciando em alto e bom som que “vai começar tudo de novo”. Como se fosse uma lavagem cerebral, aqueles espíritos críticos e revoltados se transformam em marionetes e alienados. Queixas e cobranças no tocante a saúde e a educação se transformam em versos bem decorados.
Descaradas compras de voto, promessas mirabolantes, propagandas feitas para contagiar, imagens, cores e sons, no intuito de adquirir aquilo que realmente interessa: seu voto. Tem coisas que são tão claras, tão óbvias! Um candidato dizendo que queria que seu opositor tivesse um feito um bom governo. Pra ele perder a eleição? Sei, e eu sou o Papai Noel!
A mídia prega que seu voto é livre. Claro, isso depende de que cargo você ocupe. Será que um funcionário público é livre para votar em quem quiser? Sem falar nos patrões que apoiam um partido e tenta inculcar nos seus funcionários para que façam o mesmo. Quando um determinado político é acusado, não se torce para que a verdade venha a tona. Quem o apoiar, torce para que ele seja inocentado, quem não apoiar, torce para que ele seja condenado. Pouco importa a verdade, o que importa é vencer.
Quando você estiver precisando de um atendimento médico eficiente, de hospitais bem estruturados ou de um ensino de qualidade, a “lambadinha” não vai resolver. Para quem tem poder aquisitivo, essas coisas não influem tanto. Afinal, tem seus filhos em escolas particulares, planos de saúde. Quantos empresários bem sucedidos você já encontrou esperando horas em filas de hospitais públicos?
Mas a bendita “lambadinha” parece ter mesmo o poder cegar e ensurdecer. Ela só não emudece por que precisa de muitas vozes a seu serviço.
(Carlos Wilker)