O cardeal argentino Jorge Mario
Bergoglio, 76, foi escolhido o novo papa da Igreja Católica. Seu nome
foi anunciado pelo diácono francês Jean-Louis Tauran, por volta das 20h,
no horário de Roma, pouco mais de 17h no Brasil. Uma multidão calculada
em 70 mil pessoas lotava a Praça de São Pedro e gritava com alegria, o
tempo todo “Viva o Papa”! Viva o Papa”
A escolha foi considerada uma “zebra” e Jorge Mario, o sucessor de Bento XVI, escolheu o nome de Francisco.
O Brasil torcia pelo nome de Dom Odilo,
mas de todo modo pela primeira vez um latino-americano é escolhido para
ser o chefe de Igreja Católica. Não deixa de ser uma alegria para todos
que vivem neste continente.
QUEM É O CARDEAL DOM MARIO
Nascido em Buenos Aires, em 1936,
Bergoglio é filho de um ferroviário que emigrou de Turim, na Itália,
para a Argentina, onde teve cinco filhos. O plano original do cardeal
era ser químico, mas, em vez disso, ele ingressou em 1958 na Companhia
de Jesus para começar os estudos preparatórios para a ordenação
sacerdotal. Passou boa parte do início da carreira lecionando
Literatura, Psicologia e Filosofia, e muito cedo era visto como uma
estrela em ascensão. De 1973 a 1979 foi provincial dos jesuítas na
Argentina.
Depois disso, em 1980, tornou-se o reitor
do seminário no qual havia se formado. Eram os anos do regime militar
na Argentina, quando muitos sacerdotes, incluindo líderes jesuítas,
gravitavam em torno do movimento progressista da Teologia da Libertação.
Como provincial jesuíta, Bergoglio insistiu em um mergulho mais
profundo na tradição espiritual de Santo Inácio de Loyola, ordenando que
os jesuítas continuassem seu trabalho nas paróquias e atuassem como
vigários em vez de se meterem em “comunidades de base” e ativismo
político.
Embora os jesuítas sejam, em geral,
desencorajados de receber honrarias eclesiásticas, especialmente fora de
seus países, Bergoglio foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires em
1992, e depois sucedeu o adoentado cardeal Antonio Quarracino, em 1998.
João Paulo II fez Bergoglio cardeal em 2001, designando-lhe a igreja
romana que leva o nome do lendário jesuíta São Roberto Belarmino.
Em 2005 Mario Begoglio foi considerado o
principal desafiante de Joseph Ratzinger, que foi o escolhido e virou
Bento XVI. Um participantes do conclave daquele ano chegou a revelar que
o argentino chegou a receber 40 votos na terceira votação, mas depois
os cardeais optaram mesmo pelo alemão, que chefiou a Igreja oito anos e
renunciou o cargo 16 dias atrás.
Segundo a imprensa especializada, o
argentino marcou muitos pontos como um intelectual dedicado, que estudou
teologia na Alemanha. Seu papel de liderança durante a crise econômica
argentina deu polimento à sua reputação de ser a voz da ponderação e fez
dele um potente símbolo do que os custos da globalização podem
representar para o mundo pobre.
Contaram a seu favor, ainda, a proverbial simplicidade pessoal. Também
exerceu inegável atração – é um príncipe da Igreja que escolheu viver
em um apartamento simples em vez de habitar um palácio episcopal, que
abriu mão da limusine com motorista e prefere usar o transporte público,
e que cozinha suas próprias refeições.
Essas qualidades podem não ter sido
suficientes para torná-lo papa em 2005. Os religiosos que participaram
do conclave, no entanto, parecem ter votado agora levando em conta tanto
o preparo do escolhido como o fato dele ter sido o segundo mais votados
oito anos atrás.