Fernando Ferro é um homem de uma simplicidade admirável.
Quem o vê, conversa com ele sem saber de quem se trata, dificilmente imagina que ele é engenheiro, foi vereador do Recife e se elegeu cinco vezes deputado federal.
Não tem nenhuma pompa, não faz pose, não fala difícil. Mas entende como poucos da política nacional, com visão também do que acontece no mundo, atento à decadência do império americano e a ascensão da China como potência.
"Sem disparar um tiro, sem invadir países", frisa Ferro, ao comentar o crescimento da China.
Sobre os Estados Unidos, a respeito das diferenças entre democratas e republicanos, lembra uma frase de Dom Hélder Câmara: "É a diferença entre Coca e Pepsi Cola".
Fernando é petista histórico, com acesso inclusive ao ex-presidente Lula. Este ano, inclusive, vai tentar retomar seu mandato de deputado federal atendendo uma convocação do líder maior do partido.
Na última conversa que tiveram, quando Ferro se mostrou relutante a disputar a eleição mais uma vez, Lula o incentivou, disse que sua presença na cena política é importante, ainda mais no Congresso Nacional, hoje dominado pelas forças do Centrão.
Assim, o engenheiro já está na estrada, conversando com os amigos e aliados na Região Metropolitana, Agreste e outras regiões de Pernambuco.
Natural de Bom Conselho, tendo morado e estudado em Garanhuns, na juventude, o petista passou este final de semana na Suíça Pernambucana.
Deu entrevistas a alguns jornalistas locais e manteve contato com personagens do campo progressista aqui na cidade.
Fernando Ferro acompanha o partido na aliança com o PSB em Pernambuco, mas tem visão crítica e discorda de alguns posicionamentos do diretório estadual.
Ele é inteiramente solidário à vereadora Fanny das Manas, que a seu ver está sendo alvo de uma perseguição absurda por parte da direção do partido, que resolveu expulsá-la pelo apoio da parlamentar à pré-candidatura de Marília Arraes.
Segundo Fernando, tem prefeito do PT de Pernambuco votando em deputado federal bolsonarista sem sofrer nenhuma represália por parte do diretório estadual, enquanto outros são punidos pelo apoio a Marília, que sempre esteve ao lado de Lula.
Ferro, porém, não está apoiando a pré-candidata do Solidariedade. Disse que subirá no palanque do PSB, com Lula, Paulo Câmara e Danilo Cabral. Considera, no entanto, que um dos motivos do deputado socialista não decolar nas pesquisas de intenção de votos feitas até agora foi seu posicionamento pelo impeachment da presidente Dilma. "Ele deixou a Secretaria de Cidades do Governo para ir participar do golpe e votou de maneira estabanada", lembra Fernando.
O petista não tem dúvida de que o impedimento de Dilma, seguido da prisão de Lula, abriu caminho para a eleição de Jair Bolsonaro, que vê como um político fascista, que segue caminhos parecidos com os de Franco (Espanha), Mussolini (Itália) e Hitler (Alemanha).
Fernando Ferro sabe que Lula conhece o Brasil como poucos, é respeitado no mundo inteiro e tem plenas condições de voltar à presidência e reconstruir o país, que vem sendo destruído pela política entreguista de quem está no poder atualmente.
O ex-deputado acha que diante da situação que vivemos, com as forças ultra conservadoras no poder, é importante uma aliança como a que Lula fez com Geraldo Alckmin, que representa um segmento conservador civilizado, diferente de Bolsonaro e seus apoiadores.
Faltando menos de 100 dias para a eleição, com o pré-candidato do PT liderando todas as pesquisas, Fernando Ferro acredita plenamente na vitória de Lula. Está certo, contudo, que o atual presidente vai tentar tumultuar, que existem setores, inclusive no meio militar, que irão tentar dificultar a volta das forças populares ao poder, mas não vão conseguir.
"Uma vitória logo no primeiro turno é importante para conter as intenções golpistas de Bolsonaro", raciocina o pré-candidato a deputado federal.
Ferro, como dá para perceber pela conversa longa que tivemos, está mais preocupado com a questão nacional. "Não é a eleição de governador que está em primeiro plano e sim a eleição de presidente", chegou a dizer, defendendo também o fortalecimento do Congresso Nacional, a vitória dos candidatos do campo progressista.
Com relação ao Governo Municipal não adiantou muito. Sabe que o prefeito Sivaldo Albino foi eleito numa disputa difícil, enfrenta as dificuldades naturais do início do mandato e considera positivo que o socialista esteja apoiando a candidatura de Lula, assim como o PSB estadual.