A base parlamentar do prefeito Fábio tem sete vereadores, quatro eleitos: Augusto Maia, Flavio Pontes, Carlinhos da Cohab e Vando da Sertec e três "pula-pula" (expressão do jargão eleitoral para dizer que a convicção de um político é sólida como uma gelatina). Com exceção do vereador Vando, um caso à parte na relação com o prefeito, e fora o vereador Carlinhos, nenhum dos outros cinco precisam suplicar ao articulador político do prefeito, Galego de Mourinha, uma audiência com o chefe da municipalidade. Carlinhos teve um problema lá atrás, pareceu sério, tanto que pensou em desistir da vida pública. Voltou a ter, recentemente, justamente por causa de um "pula-pula". O chegante já sentou na janela do avião, fazendo inveja a Romário, enquanto o fiel escudeiro do senhor Fernando Aragão está sentado na classe econômica. E quem dos seis outros vereadores bota a cara nas redes sociais pelo prefeito? Simplesmente inexistem nos grupos de rede social publicações de Emanuel Ramos, Irmão Soares, Flavio Pontes, Vando da Sertec, Augusto Maia. Eventualmente o vereador Gilson se manifesta na tribuna do legislativo.
Mas o programa semanal do vereador
Carlinhos, a Voz do Pavão, mais parece o exército da Rússia na defesa do
prefeito. E pergunta-se: por que o vereador se expõe além do limite para
defender a gestão, se esta mesma gestão oferece em troca a companhia do Doutor
Nanau na chapa proporcional de Carlinhos e com suposto up grade eleitoral do
apoio de dois figurões do Foguetinho? E qual o porquê desse último vídeo do
vereador Carlinos falando como se deram as articulações finais em 2020, que,
enquanto os socialistas se articulavam para lançar um candidato, Eduardo da
Fonte já tinha resolvido lá em Recife com o monge Rasputin do governador Paulo
Câmara? Esse TBT tem recados, para muitos e para muitas direções, mas o
principal é que parece uma "vacina" do vereador dizendo: "eu sou
raiz, eu sou fiel, eu acreditei desde o início, eu fiquei até o fim. Ouviu,
senhor... ?"
Mesmo com a concorrência interna de
olho no mandato dele, o vereador Carlinhos abriu nova frente de batalha, agora
com o pré-candidato do grupo Verde, o professor Alan Clemente, que ainda não é
viável, que ainda não tem o apoio fechado do PP, leia-se Eduardo da Fonte, que
é um reserva efetivado na titularidade porque os titulares cantaram aquela
célebre música do Nelson Ned: "mas
eu fiquei com medo, medo, o eleitor me dá medo, medo, acho que é muito
cedo, cedo, pra eu me recandidatar". O que o vereador Carlinhos ganha com
esse belicismo? Vai reconquistar a submissão do prefeito? Vai intimidar o
"super" ou o "sub"? O beneficiário desse belicismo, o
prefeito Fábio, endossa essa postura agressiva do vereador? O empresário Alan César
pediu desculpas e se disse mal interpretado ao usar o termo “milícias” com
simpatizantes do grupo Vermelho. O prefeito não pediu desculpas pelo destempero
das Terezinhas e o vereador, no segundo programa, aumentou a carga. Está sendo
cirúrgico ou infeliz?
Lembrando que um dos que se
queixaram da fala do empresário sabe muito bem o tempero que Carlinhos costuma
usar com seus desafetos. No sábado, primeiro de junho, Carlinhos disparou:
"Em breve vocês vão saber quem é esse professor metido a honesto";
"Vem bomba, bomba que a gente vai soltar aqui nesse programa". E
questionou se o professor Alan Clemente trabalhou no RH da gestão Edson Vieira,
perguntando em seguida: "por que saísse?" O vereador não revelou
nada, por enquanto, exceto as sugestas. Vai aguardar a oficialização da
candidatura do professor, ou seja, se não se efetivar, ele guarda a munição?
Uma vez confirmada, ele dispara? E aconselhou o grupo Verde a procurar saber
por que o professor saiu da gestão Azul. No último programa, dia oito de junho,
voltou à carga acusatória, mesmo diante de um constrangido Jairo Gomes, tio do
professor. O “Cangaceiro” não deixou de lembrar ao vereador uma máxima que
circula no mundo jurídico: “cabe ao acusador o ônus da prova” Mesmo assim
Carlinhos não arrefece. Ou tem as provas e não mostrou ao seu fiel companheiro
de programa e jornada eleitoral, ou não as tem e se arrisca a consequências
jurídicas como aconteceu com o caso da “prevaricação”.
Mas também espera-se da parte do
Verde e, principalmente do professor Alan, uma reação firme e veemente para as
acusações que lhe são dirigidas, notadamente porque o trunfo eleitoral do
professor e do grupo dele é que são “diferentes” dos políticos tradicionais do
Azul e do Vermelho, mesmo que vivam cortejando o apoio eleitoral do deputado Da
Fonte, raposa velha da política. Mesmo que no seio do grupo tenha um vereador
que presidiu a Câmara Municipal e está agora no conselho de ética e na mira do
MP. Mesmo que um outro vereador esteja na presidência da Câmara, era tido como
potencial nome para prefeito agora em outubro e não vai disputar sequer a
reeleição. O grupo Verde vai rifar seu pré-candidato, que teve a coragem de
pegar o abacaxi recusado pelos expoentes? Vai deixar o vereador Carlinhos, e
não os eleitores, abater a pré-candidatura do professor? E o que deve estar
achando o deputado Eduardo da Fonte desse tiroteio disparado pelo vereador?
Do ponto de vista eleitoral, não é
certo que Carlinhos da Cohab reforce seu quinhão de votos seriamente ameaçado
dentro de sua chapa. Como também não é certo que vá ganhar pontos com o
prefeito e seu entorno por fazer uma defesa tão contundente da gestão. Como fez
também no caso do sumiço do milho. A percepção, inclusive do próprio
parlamentar, é de que a torcida é forte para que não esteja entre os dezessete legisladores após a
contagem dos votos. Então, não se compreende porque tem uma atuação tão
agressiva, que constrange até os próprios correligionários. Se dependesse de
barulho, companheiros do vereador Carlinhos não estariam na lista dos “certos” para a reeleição.
O professor Alan não representa qualquer
ameaça à reeleição do prefeito Fábio. È apenas um nome do partido Novo para representar os verdes na disputa. Não dispõe
de tempo nas emissoras para fazer sua campanha e não tem nenhuma certeza de que
PP lhe dará suporte como vice. Nem o próprio pré-candidato sabe quem são os
nomes para a chapa proporcional e duvida-se que os conhecidos empresários do
grupo deem o suporte financeiro na proporção que uma campanha exige, exceto se
for apenas para figurar na disputa. Portanto, ainda não é um alvo estratégico a
ser abatido e se estranha que a artilharia do vereador já esteja alvejando o
professor. Mas, uma coisa é certa: dois personagens estão felizes com o
infortúnio do pré-candidato do Novo e não é preciso dizer quem, de tão óbvio. A
incógnita é se o jogo é combinado. E agora que é preciso prestar atenção à
semântica das palavras para que as igrejinhas não deem a elas uma conotação
maliciosa, a “bala” citada no título não se refere ao artefato bélico que vez
por outra encontra um corpo andando pelas ruas do Rio de janeiro, que partem
perdidas e depois são achadas.
Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.