As melhores marcas anunciam aqui

As melhores marcas anunciam aqui

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Carlinhos Bala

        


 A base parlamentar do prefeito Fábio tem sete vereadores, quatro eleitos: Augusto Maia, Flavio Pontes, Carlinhos da Cohab e Vando da Sertec e três "pula-pula" (expressão do jargão eleitoral para dizer que a convicção de um político é sólida como uma gelatina). Com exceção do vereador Vando, um caso à parte na relação com o prefeito, e fora o vereador Carlinhos, nenhum dos outros cinco precisam suplicar ao articulador político do prefeito, Galego de Mourinha, uma audiência com o chefe da municipalidade. Carlinhos teve um problema lá atrás, pareceu sério, tanto que pensou em desistir da vida pública. Voltou a ter, recentemente, justamente por causa de um "pula-pula". O chegante já sentou na janela do avião, fazendo inveja a Romário, enquanto o fiel escudeiro do senhor Fernando Aragão está sentado na classe econômica. E quem dos seis outros vereadores bota a cara nas redes sociais pelo prefeito? Simplesmente inexistem nos grupos de rede social publicações de Emanuel Ramos, Irmão Soares, Flavio Pontes, Vando da Sertec, Augusto Maia. Eventualmente o vereador Gilson se manifesta na tribuna do legislativo.

           Mas o programa semanal do vereador Carlinhos, a Voz do Pavão, mais parece o exército da Rússia na defesa do prefeito. E pergunta-se: por que o vereador se expõe além do limite para defender a gestão, se esta mesma gestão oferece em troca a companhia do Doutor Nanau na chapa proporcional de Carlinhos e com suposto up grade eleitoral do apoio de dois figurões do Foguetinho? E qual o porquê desse último vídeo do vereador Carlinos falando como se deram as articulações finais em 2020, que, enquanto os socialistas se articulavam para lançar um candidato, Eduardo da Fonte já tinha resolvido lá em Recife com o monge Rasputin do governador Paulo Câmara? Esse TBT tem recados, para muitos e para muitas direções, mas o principal é que parece uma "vacina" do vereador dizendo: "eu sou raiz, eu sou fiel, eu acreditei desde o início, eu fiquei até o fim. Ouviu, senhor... ?"  

           Mesmo com a concorrência interna de olho no mandato dele, o vereador Carlinhos abriu nova frente de batalha, agora com o pré-candidato do grupo Verde, o professor Alan Clemente, que ainda não é viável, que ainda não tem o apoio fechado do PP, leia-se Eduardo da Fonte, que é um reserva efetivado na titularidade porque os titulares cantaram aquela célebre música do Nelson Ned: "mas  eu fiquei com medo, medo, o eleitor me dá medo, medo, acho que é muito cedo, cedo, pra eu me recandidatar". O que o vereador Carlinhos ganha com esse belicismo? Vai reconquistar a submissão do prefeito? Vai intimidar o "super" ou o "sub"? O beneficiário desse belicismo, o prefeito Fábio, endossa essa postura agressiva do vereador? O empresário Alan César pediu desculpas e se disse mal interpretado ao usar o termo “milícias” com simpatizantes do grupo Vermelho. O prefeito não pediu desculpas pelo destempero das Terezinhas e o vereador, no segundo programa, aumentou a carga. Está sendo cirúrgico ou infeliz?

            Lembrando que um dos que se queixaram da fala do empresário sabe muito bem o tempero que Carlinhos costuma usar com seus desafetos. No sábado, primeiro de junho, Carlinhos disparou: "Em breve vocês vão saber quem é esse professor metido a honesto"; "Vem bomba, bomba que a gente vai soltar aqui nesse programa". E questionou se o professor Alan Clemente trabalhou no RH da gestão Edson Vieira, perguntando em seguida: "por que saísse?" O vereador não revelou nada, por enquanto, exceto as sugestas. Vai aguardar a oficialização da candidatura do professor, ou seja, se não se efetivar, ele guarda a munição? Uma vez confirmada, ele dispara? E aconselhou o grupo Verde a procurar saber por que o professor saiu da gestão Azul. No último programa, dia oito de junho, voltou à carga acusatória, mesmo diante de um constrangido Jairo Gomes, tio do professor. O “Cangaceiro” não deixou de lembrar ao vereador uma máxima que circula no mundo jurídico: “cabe ao acusador o ônus da prova” Mesmo assim Carlinhos não arrefece. Ou tem as provas e não mostrou ao seu fiel companheiro de programa e jornada eleitoral, ou não as tem e se arrisca a consequências jurídicas como aconteceu com o caso da “prevaricação”.

           Mas também espera-se da parte do Verde e, principalmente do professor Alan, uma reação firme e veemente para as acusações que lhe são dirigidas, notadamente porque o trunfo eleitoral do professor e do grupo dele é que são “diferentes” dos políticos tradicionais do Azul e do Vermelho, mesmo que vivam cortejando o apoio eleitoral do deputado Da Fonte, raposa velha da política. Mesmo que no seio do grupo tenha um vereador que presidiu a Câmara Municipal e está agora no conselho de ética e na mira do MP. Mesmo que um outro vereador esteja na presidência da Câmara, era tido como potencial nome para prefeito agora em outubro e não vai disputar sequer a reeleição. O grupo Verde vai rifar seu pré-candidato, que teve a coragem de pegar o abacaxi recusado pelos expoentes? Vai deixar o vereador Carlinhos, e não os eleitores, abater a pré-candidatura do professor? E o que deve estar achando o deputado Eduardo da Fonte desse tiroteio disparado pelo vereador?

         Do ponto de vista eleitoral, não é certo que Carlinhos da Cohab reforce seu quinhão de votos seriamente ameaçado dentro de sua chapa. Como também não é certo que vá ganhar pontos com o prefeito e seu entorno por fazer uma defesa tão contundente da gestão. Como fez também no caso do sumiço do milho. A percepção, inclusive do próprio parlamentar, é de que a torcida é forte para que não  esteja entre os dezessete legisladores após a contagem dos votos. Então, não se compreende porque tem uma atuação tão agressiva, que constrange até os próprios correligionários. Se dependesse de barulho, companheiros do vereador Carlinhos não estariam  na lista dos “certos” para a reeleição.

       O professor Alan não representa qualquer ameaça à reeleição do prefeito Fábio. È apenas um nome do partido Novo para  representar os verdes na disputa. Não dispõe de tempo nas emissoras para fazer sua campanha e não tem nenhuma certeza de que PP lhe dará suporte como vice. Nem o próprio pré-candidato sabe quem são os nomes para a chapa proporcional e duvida-se que os conhecidos empresários do grupo deem o suporte financeiro na proporção que uma campanha exige, exceto se for apenas para figurar na disputa. Portanto, ainda não é um alvo estratégico a ser abatido e se estranha que a artilharia do vereador já esteja alvejando o professor. Mas, uma coisa é certa: dois personagens estão felizes com o infortúnio do pré-candidato do Novo e não é preciso dizer quem, de tão óbvio. A incógnita é se o jogo é combinado. E agora que é preciso prestar atenção à semântica das palavras para que as igrejinhas não deem a elas uma conotação maliciosa, a “bala” citada no título não se refere ao artefato bélico que vez por outra encontra um corpo andando pelas ruas do Rio de janeiro, que partem perdidas e depois são achadas.


Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, registrar E-mail