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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

È tetra

           O que era uma possibilidade, materializou-se. Oficialmente, a disputa pela prefeitura de Taquaritinga do Norte terá quatro vias, uma a mais que na surpreendente eleição passada. Quando se fala em terceira via, considera-se a postulação de alguém que se lança na disputa com alguma possibilidade de, no mínimo, exibir uma respeitável performance eleitoral. O então candidato Fábio de Jairo rompeu a barreira dos mil votos, beliscou uma fatia da votação Calabar e ainda elegeu um vereador, que hoje preside o poder legislativo local. Agora serão quatro candidatos e nenhum pode ser considerado como figurante.

            Apostava-se numa desistência de Jânio Arruda, asfixiado por um "ataque especulativo" do dissidente Jobson da Internet e um cartel de derrotas para o Calabar, mas o ex-prefeito resistiu. Também havia a expectativa de um possível acordo entre o candidato do União Brasil com o vice-prefeito Gena Lins para a formação de uma chapa única para enfrentar o candidato da situação, Allyson Dias. Jânio esfregou as mãos de ansiedade, torcendo por esse acordo, assim correria sozinho no eleitorado Gravatinha, mas as fotos postadas em redes sociais não se transformaram numa junção Gena-Robson, alimentada, segundo disseram, pela frustração com o público presente nas convenções, principalmente do chamado grupo Roxo.

            Das quatro candidaturas, uma não tem muito o que perder, a do ex-prefeito Jânio Arruda, acostumado com os dissabores eleitorais desde o ano 2000, mas ainda esperançoso com a performance de 2020. Dessa disputa sairá o tamanho eleitoral de Jânio, depois de tantas jornadas e agora com um candidato dissidente no seu grupo. Porém, mais do que Jânio, é Jobson da Internet que está na obrigação de superar a votação do ex-prefeito, já que é claramente a campanha do milhão contra o tostão, e não apenas em termos de estrutura. Jobson está acompanhado de três ex-prefeitos, sendo assim, não será muito honrosa uma votação inferior à de Jânio

                                                                          È treta

           Conforme dito acima, o aroma de uma possível junção dos grupos Branco e Roxo, representados, respectivamente, pelo vice-prefeito Gena Lins e pelo empresário Jobson da Internet, chegou a impregnar narizes mais sensíveis, acostumados com os simbolismos de campanhas eleitorais. O agora saudoso Sílvio Santos, olhando os “sinais”, certamente perguntaria: “é namoro ou amizade”? Nem uma coisa, nem outra, terminou sendo inimizade, política, evidentemente, já que houve um estranhamento entre os dois grupos por causa do chamado “kit convenção”, atribuído a jovens da campanha do vice-prefeito Gena Lins, composto de cachaça, vodka e outros ingredientes, para dar uma animada no evento que lança os candidatos.

          A esposa do candidato Jobson da Internet reprovou firmemente o tal kit atribuído à “Juventude Genial”: “Espero que essa coligação reveja tudo o que foi colocado e que não volte mais a se repetir”, foram as palavras de Simone, esposa do candidato do União. Claro que o anúncio do tal kit foi uma falha da pré-campanha de Gena Lins, mas a repercussão terminou respingando nele, o responsável pela campanha. Politicamente incorreto, mas a ressaca causada pelo tal kit foi enterrar de vez a possibilidade de um entendimento entre os dois candidatos com vista a uma candidatura única.

         Além desse episódio do kit, insatisfações internas teriam existido, com candidatos proporcionais fazendo beicinhos para a possibilidade de uma junção. Uma equação muito difícil de fechar, afinal, depois de se rebelar contra Jânio, depois de sugar lideranças do ex-prefeito, depois dos dispêndios da pré-campanha, depois de juntar no mesmo barco, “cassado” e “cassadores” e convencer o ex-prefeito Evilásio a pensar pequeno, como seria a engenharia para uma junção com o Branco? Como chegar para Evilásio e dizer-lhe que nem pequeno ele poderia pensar? A própria desistência de Jobson para ser vice de Gena, mesmo que com uma promessa para 2028, já seria pensar minúsculo, uma vez que não se imagine que, uma vez obtendo sucesso nas urnas, o atual vice-prefeito se conformasse com apenas quatro anos de mandato.

                                                                                           È hepta

          Se há um político que merece um prêmio por resiliência, esse político é o ex-prefeito Jânio Arruda da Silva, que já disputou sete vezes a prefeitura de Taquaritinga do Norte, estando agora na oitava tentativa. Nesse quesito, ganha até para o presidente Lula, que disputou seis vezes e só não empatou com Jânio porque a candidatura de 2018 foi barrada pela justiça eleitoral. A resistência de Jânio reside no fato de que um político pode perder algumas, como Lula em 1989, 1994 e 1998, mas depois emplacar uma sequência de vitórias, incluindo a eleição de “postes” ou alternando com derrotas, mas o caso de Jânio é o inverso: reinou em 1988, 1992, 1996 e a partir da eleição de 2000 não conseguiu mais sucesso nas urnas, mesmo sentado na cadeira de prefeito que os Gravatinhas, incluindo Erivaldo e Jobson, “tomaram” de Zeca, em 2008.,

         Foi apostando nessa sequência de insucessos que Jobson imaginou suplantar Jânio dentro do Grupo Gravatinha e assumir a candidatura e o controle do grupo, apostando num desgaste irreversível do ex-prefeito diante da militância. Mas, além da condução desastrosa e desrespeitosa, o candidato do União precisaria de um argumento muito forte para convencer Jânio a esquecer a espetacular votação de 2020. Como se fosse uma microcirurgia, Jobson queria usar uma alavanca (aquele instrumento leve e pequeno usado para cavar  buracos de cerca) no lugar de uma agulha para fazer a sutura política. Ansiedade de calouro, captada, evidentemente, por Jânio, que bateu o pé, oficializou a candidatura, formou chapa proporcional com dois vereadores e se lançou literalmente na disputa, percorrendo ruas e feiras livres.

           Jânio fez um cálculo, muito acertado, e seus concorrentes sabem disso, principalmente Jobson. Pode ser que a dinâmica da campanha imponha fatos novos e pressionem o candidato do PSD, mas o fato é que a batata quente está nas mãos do candidato do União, ou seja, com a estrutura que tem, está obrigado a fazer primeiro o dever de casa, vencer no eleitorado Gravatinha, superando Jânio, e só depois pensar na cadeira de prefeito. Não chegar em primeiro lugar é “normal”, no mínimo se projeta para disputas futuras, mas se perder para o ex-prefeito vai ficar difícil conservar o elenco e  o projeto de mil maravilhas gestado por computação gráfica.

 

 Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.

LUIZ GONZAGA, SILVIO SANTOS E AS POLÍTICAS DO PT

 


Com a morte de Silvio Santos, neste sábado 17 de agosto, foi divulgado nas  redes socais um vídeo antigo do cantor Luiz Gonzaga no programa  do famoso comunicador. 

Silvio pergunta a Gonzaga qual a música que  os fãs  mais pedem nos shows.

O artista pernambucano responde  que é "A Triste Partida", com letra de Patativa de Assaré, gravada pela primeira vez em 1964.

Surpreso, Silvio dá a  entender que na sua cabeça seria "Asa Branca".

Luiz complementa dizendo que esta canção (Asa Branca) é seu maior sucesso. Revela, porém, um carinho especial por A Triste Partida

"Patativa de Assaré é o maior poeta do Nordeste", disse Gonzagão. O cearense, na época da entrevista e apresentação,  ainda estava vivo.

Música "A Triste Partida" tem 8 minutos. É antológica.

Representa na  música, possivelmente, o que "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, representa na literatura.

A canção de autoria de Patativa narra a saga  dos nordestinos, até meados da década  de 60.

Uma  seca terrível na  região faz com que uma família deixe o Nordeste para viver em São Paulo.

Vendem os animais, até o galo, tudo  que têm, a um "feliz  fazendeiro" que compra tudo por uma ninharia.

Pegam um pau de arara, os filhos saudosos na estrada, lembrando do cachorro, do gato e da  boneca (no caso da menina).

Chegam em São Paulo e são discriminados. O chefe de família trabalha como escravo, sem melhorar de vida, perdendo as esperanças de voltar.

Essa era a realidade do Nordeste, nos anos 50 e 60 do século passado.

Nos  últimos tempos essa situação mudou muito. Vivemos já mais de uma década sem uma grande seca e, acredito, as políticas do  PT contribuíram para que a região  se desenvolvesse mais.

Os resultados obtidos  pelos estudantes nordestinos em concursos, no Enem, as  notas do IDEB, deixaram claro  que o Nordeste não é mais sinônimo de atraso.

Pernambucanos, baianos, paraibanos, cearenses e  alagoanos já não fogem mais para o "Sul Maravilha" como antes.

"A Triste Partida", no entanto, retrata uma realidade de pouco tempo atrás. E logicamente ainda existem bolsões de pobreza na região nordestina.

Pode ser que a finalização das obras de transposição do Rio São Francisco, a industrialização dos grandes centros da  região e outras ações possibilitem de vez a independência dos nordestinos.

Que cada vez precisarão  menos de se deslocar para São Paulo, Minas, Rio ou qualquer outro estado do país.


Segue um trecho da letra de A Triste Partida.

Rompeu-se o Natal

Porém barra não veio

O Sol bem vermeio

Nasceu muito além

(Meu Deus, meu Deus)

Na copa da mata

Buzina a cigarra

Ninguém vê a barra

Pois barra não tem

Sem chuva na terra

Descamba janeiro

Depois fevereiro

E o mesmo verão

(Meu Deus, meu Deus)

Entonce o nortista

Pensando consigo

Diz "isso é castigo"

Não chove mais não.