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segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Reabertura da UPA: fim da “Guerra dos Cem Anos”

Parece que, finalmente, a prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe vai devolver à população, o hospital de urgência e emergência construído na gestão passada e que passou por uma reforma, tão demorada, que quase rivaliza com o secular conflito entre Inglaterra e França, ocorrido entre os séculos XIV e XV. 

Por pouco a harmonização facial da UPA não ultrapassa sua própria construção. Vista de fora, a unidade teve a pintura renovada e o estacionamento asfaltado. Iniciativas que não exigem mais do que um ou dois meses de serviços. A justificativa é que, por dentro, é uma nova unidade.. E disso não devemos duvidar já que é atestada por um personagem que, coincidentemente, é sub da atual da atual gestão. Um angu difícil de entender. A atual secretária tem como conselheiro o secretário do tempo em que a UPA “estava para cair”. E este, num programa de rádio, louvou as novas instalações, reconhecendo a “incompetência” ou a “competência”, dependendo do ponto de vista. Para completar o enredo e mostrar que o Novo tempo é tão jovial quanto Matusalém, um ex-gestor da UPA e vereador do município, teria sido convidado para se integrar às cores encarnadas da Terra da Sulanca, mas recusou.


Não se tira o mérito e a importância de uma reforma, mas questiona-se uma gestão que, decorridos 63% da sua duração, serve-se de obras e pessoas da gestão anterior como única vitrine eleitoral. As surrealidades são muitas. O mesmo ex-secretário que criticou sua própria gestão e elogia a atual como co-piloto, também reinaugurou um laboratório que já havia inaugurado na gestão passada. Cobrou o escanteio e cabeceou a bola. 

A atual gestora do Santa Cruz Prev ocupava a mesma função no governo passado, quando foi acusada de prevaricação. E seguem outros casos que “não prestavam” e agora estão prestando. Nenhum pedido de desculpas a quem foi acusado, desmerecido, criticado e que agora deles se serve o prefeito para vender o “novo”. Acima de tudo, política é pragmatismo, mas nesse colosso da moda o pragmatismo é mais pragmático. Para a população, porém, importante é voltar a dispor do que tinha antes, um serviço de emergência bem localizado e eficiente, faltando apenas a volta das cirurgias e dos partos cesarianos. O dinheiro a Caixa tem, a Câmara Municipal autorizou a contratar e a prefeitura pode pagar. Nenhum “canalha” votou contra.

Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza. 

domingo, 6 de agosto de 2023

As amarras de José Augusto Maia: “tudo pode acontecer, inclusive nada”

Nas entrevistas que costuma conceder, diante das perguntas sobre candidatura à prefeitura de Santa Cruz ou aliança com oposicionistas, o ex-prefeito costuma responder com a frase acima, uma espécie de ungüento para lhe socorrer, momentaneamente, das dores do dilema político em que vive e que não chegou nem perto da sua fase mais aguda, quando não terá mais a opção de desconversar politicamente. E o dilema não é só político, mas também familiar, dando contornos dramáticos à decisão que precisará tomar. 

Certamente mais dramática do que aquela ocasião em que viu seus dois filhos lutando pela mesma vaga. A política de Santa Cruz do Capibaribe pode ter um pai e um filho de um lado e mais um filho do outro. Como seria a campanha com Zé Augusto e Tales Maia expondo as fragilidades administrativas do prefeito Fábio Aragão e o filho Augusto fazendo o contrário? Em que tom dar-se-ia o combate entre defesa e ataque? E se o nervosismo da campanha romper a blindagem familiar, deixando mais do que os arranhões da campanha passada? Aí é que reside o drama do cuidadoso pai, que, na última entrevista à rádio Filadelfia, deixou bem claro não querer prejudicar a caminhada do filho aliado do prefeito Fábio, cuja agenda ainda não dispensou cinco minutos para uma conversa com quem será decisivo para sua reeleição e que demitiu da gestão, o outro filho de Zé, Tales Maia, da forma humilhante e desrespeitosa como ocorreu.

O ex-prefeito tem a consciência do seu tamanho na próxima eleição. Carrega na bagagem o inédito mandato de deputado federal conquistado por um filho da cidade. Some-se a isso a excelente performance da disputa de 2022, quando, na condição de “Dom Quixote”, amealhou cerca de 8.300 votos, sem recursos, sem apoios, numa campanha solitária e franciscana. Comparemos com os 10.000 votos do poderoso Eduardo Da Fonte, apoiado pela máquina da prefeitura e veremos o valor político da votação de Zé Augusto. 

O ex-prefeito não fecha nenhuma porta, ou seja, admite todas as possibilidades, como se aliar a outros grupos oposicionistas, mas é perceptível nas suas falas o tom de ceticismo quando se trata da possibilidade de apoiar a reeleição do atual prefeito. Como dito anteriormente, Fábio nunca dispensou um minuto de atenção a Zé, mesmo vencendo da forma apertada que venceu, com o voto contrário de 65% da população. Tamanho deslize político não se justifica, mesmo que o prefeito fosse o filho da Dona Florinda. Então, resta, como justificativa, aquele sentimento que se abriga no coração, que tem vários nomes, um dos quais, com quatro letras, conforme verbalizou certa vez uma ex-liderança taboquinha. Se houver uma conversa agora, como deseja Toinho do Pará, será por pura conveniência do prefeito e não pelo importância política de José Augusto Maia. O “bom moço”, de salto alto, deve apostar que Augusto seja uma trava para impedir o que pior lhe poderia acontecer na próxima campanha: uma candidatura majoritária do criador do grupo Taboquinha. Rompendo o dilema, Zé não perde nada politicamente, arrisca ser um azarão e, de quebra, desemprega o triunvirato familiar: filho, mãe e irmã.


Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza. 

CRISTIANO ZANIN AGORA ESTÁ NO STF E MORO FICA COM CARA DE PATETA

 

Lula e Zanin
Moro e Batoré


A posse de Cristiano Zanin como novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (3), foi bem prestigiada. As principais autoridades do Brasil estavam presentes e uma ausência foi particularmente notada: a do senador do Paraná, Sérgio Moro, do União Brasil.

Não faltaram ironias com relação ao ex-juiz, que tem sido comparado nas redes sociais ao humorista Batoré. Se bem que este último afirme que político de direita é mais feio.

Quando juiz todo poderoso, incensado pela mídia, muitas vezes Moro agiu de forma arbitrária, cerceando o trabalho de Cristiano Zanin, advogado que livrou Lula de todas as acusações formuladas contra ele.

O então juiz de Maringá perseguiu o líder petista, o colocou na prisão sem provas dos crimes de que foi acusado, tirando-o da disputa eleitoral de 2018. Graças a essa artimanha, foi pavimentado o caminho para a eleição do extremista de direita Jair Bolsonaro.

Como prêmio ao trabalho sujo, o presidente em 2019 nomeou Sérgio Moro como ministro da Justiça. O objetivo do magistrado, no entanto, era ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

Bolsonaro, porém, descartou logo seu aliado que saiu do governo "atirando". Pretendia ser candidato a presidente da República, mas não teve apoios sequer para viabilizar esse projeto.

Restou ao "Marreco de Maringá", como é chamado de forma pejorativa, disputar uma cadeira no senado, conseguindo se eleger.

Seu mandato, no entanto, está seriamente ameaçado. Jornalistas e políticos contam como certa a cassação de Moro, por abuso de poder político e econômico na campanha. Seu caso é mais grave do que seu comparsa, Deltan Dallagnol, que já foi expulso da vida política.

Assim, nas voltas que o mundo dá Lula saiu da prisão para voltar à presidência da República. E Cristiano Zanin, a quem Moro tentou humilhar várias vezes está no Supremo no lugar ambicionado pelo ex-juiz.

A grande mídia, responsável por fazer de Sérgio Moro um herói justiceiro, nunca fez autocrítica. Mas ele não é bem quisto no Congresso, não tem mais a confiança da direita a quem serviu e a esquerda se puder bota ele na "forca".

A cerimônia foi presidida pela ministra Rosa Weber, com a presença de Lula, dos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, da Advocacia-Geral da União e da Procuradoria-Geral da República.

Cassação de Deltan e ascensão de Zanin é só o começo. Deve vir muito mais por aí, pois ninguém vai fazer nada pelo senador paranaense. Tanto é que existem logo dois processos de cassação contra ele: um por iniciativa do PT e outro do PL. Os dois partidos são antagônicos, mas têm em comum isso: tirar Sérgio Moro da vida pública.

O PRECONCEITO CONTRA A IDADE - Por Roberto Almeida

 


A internet, como todo mundo sabe, embora uma ferramenta da modernidade, é um verdadeiro território sem lei, como cidade de faroeste americano.

Nas tais redes sociais, blogs e sites,  todo mundo é atacado: o papa, o jogador de futebol, o político, o ator, o cantor ou cantora, e quem se atreve a escrever diariamente e divulga seus textos no mundo digital.

Pelo menos três vezes já fui acusado de etarismo, que é o preconceito contra a idade, as pessoas mais velhas.

Uma já faz algum tempo. Foi na campanha de 2020 em Garanhuns, porque numa matéria citava a idade do candidato Silvino Andrade, que tinha na época, salvo engano, 74 anos.

Uns dois meses atrás elogiei a Xuxa Meneghel, pelo amadurecimento dela, pelo posicionamento que ela tem adotado, nos últimos tempos, no campo político e social.

Cometi, porém, o pecado de dizer que a apresentadora não tem a mesma beleza de quando tinha entre 18 e 20 anos.

Alguns vieram com "quatro pedras na mão" me acusando do tal de etarismo.

Ora, eu não disse que Xuxa era feia, apenas registrei minha opinião pessoal de que ela era linda quando iniciou a carreira e agora, aos 60 anos, não tem a mesma beleza de antes.

Isso não é preconceito, é uma constatação do que o tempo faz com as pessoas. A Xuxa ainda é bonita, sim, mas ninguém me convence de que ela é tão exuberante quanto 20 anos atrás.

Sophia Loren, italiana, já foi uma das morenas mais bonitas do mundo. Agora, aos 86/87 anos você não pode exigir que ela seja a mesma.

Mesma coisa se diga de Brigite Bardot, francesa. Tinha beleza inacreditável. Hoje está irreconhecível.

Jane Fonda, americana, era uma graça. Ainda mantém uma parte da beleza de outrora, porém seria exagero dizer que está do mesmo jeito.

O mesmo acontece com os homens. Cito dois exemplos: Veja uma foto de Robert Redford ou de Tiago Lacerda 20 anos atrás e veja como eles estão hoje.

Até aqui constato isso, pois tenho dois ou três espelhos pela casa. Nunca fui bonito, como esses galãs de cinema, mas lembro que aos 11 anos me achavam um garotinho gracioso e hoje só uma maluca ou maluco vê traços de beleza em mim.

Minha mulher, Tereza, aos 21 anos, quando a conheci, era danada de bonita, magrinha, olhos verdes, me deixava tonto quando a olhava.

Hoje está gordinha, tem rugas, cabelos brancos e ar de preocupação.

Aceito o tempo dela e o meu, não a amo menos porque a idade deixou suas marcas. Acredito que ela também gosta de mim como estou agora.

É que não somos somente corpo, rosto, olhos, bocas, dentes.

Temos alma, pensamentos, desejos, coração, atitudes, e isso, muitas vezes, importa mais do que a beleza física, normalmente atacada pelo que passamos em décadas de vida.

Apesar de ter 66 anos, mãe com 91 anos, completado neste último sábado, continuam me apontando o dedo, criticando, pelo meu etarismo.

Foi que ontem postei no Instagram um vídeo do deputado Izaías Régis dançando todo animado, ao som de uma música de sabor nordestino.

Interpretei como uma jogada de marketing, de quem o assessora, para passar uma imagem de jovialidade, simpatia e de político popular.

Alguns não gostaram, principalmente porque informei que no próximo ano o ex-prefeito vai completar 70 anos.

É etarismo dizer que Roberto Carlos tem 82 anos? Que Chico Buarque chegou aos 80? Tenho preconceito contra mim mesmo porque a cada aniversário informo: estou completando 65, 65, 66...?

Votei em Arraes já sessentão para governador de Pernambuco. Votei em Lula para presidente o ano passado,  sabendo que ele estava com 77 anos.

Existem jovens velhos, como se sabe. E velhos jovens.

Alceu Valença escreveu uma vez que está sempre com 18 anos (completou 77) porque não resiste as mudanças, sabe se adaptar ao que vai surgindo.

Agora, o que não se pode é esconder a idade, tentar passar por jovem sem ser, usar de artifícios para não deixar aparecer as marcas que o tempo deixou.

Particularmente gosto dos meus cabelos brancos, das minhas rugas, dos meus olhos às vezes preocupados.

São o que sou agora, porque já vivi seis décadas e meia e Deus me permita que ainda passe um bom tempo por aqui.

Com encantamento pela beleza dos jovens e admirando a sabedoria dos mais velhos.

Termino com uma estrofe  da música  da chilena Violeta Parra, eternizada nas vozes da argentina Mercedes Sosa e da brasileira Elis Regina.

Gracias a la vida que me ha dado tanto

Me dio dos luceros que cuando los abro

Perfecto distingo lo negro del blanco

Y en el alto cielo su fondo estrellado

Y en las multitudes el hombre que yo amo.

*Ilustração: Violeta Parra (Valor Econômico)