Dr. Paulo Lima*
Recebi com simpatia e satisfação o posicionamento do Presidente Estadual e atual Senador ARMANDO MONTEIRO, divulgado ontem nos principais jornais de nosso Estado. Refiro-me à sua posição em relação ao lamentável episódio da votação da Emenda Constitucional na Assembléia Legislativa do Estado, na semana que passou, a chamada “emenda da reeleição”, a qual aprovou mais uma vez a reeleição da mesa diretora da Casa de JOAQUIM NABUCO – uma excrescência – para usar o termo adequado. Não tenho dúvidas da força que exerce atualmente o Governador EDUARDO CAMPOS no cenário político nacional e, principalmente, em nosso Estado. Entretanto, vejo com preocupação que o mandatário está impondo a sua vontade de forma tal que está pondo em risco a harmonia dos Poderes, sustentáculo basilar para a manutenção da normalidade democrática no estado de direito.
Ora, seria demasiado ingênuo se não reconhecêssemos que a aprovação da indigitada Emenda Constitucional – de duvidosa constitucionalidade, saliente-se – teve a imposição da vontade imperial do Palácio do Campo das Princesas, subordinando a si o Poder Legislativo Estadual para possibilitar a reeleição do atual Presidente daquela Casa, Deputado GUILHERME UCHÔA, “fiel soldado” do governador. E parafraseando o Nobre Deputado MAVIAEL CAVALCANTI, volto a dizer que aliado não é subordinado. Subordinados vemos nos quartéis. Deputados deveriam – para o bem da democracia – manter a sua independência. Não é o que vemos em nosso Estado atualmente, infelizmente.
E foi justamente isto – um ato de submissão coletiva de nossos Deputados – o que vimos na indigitada votação, quando até deputados da oposição (quantos Deputados ainda temos na oposição?) votaram com o Governo. Isto realmente não é bom para a democracia nem tampouco para as nossas instituições.
Sinceramente, volto a repetir, esperava mais dos nossos representantes na Assembléia Legislativa...
Mas, como em tudo que acontece na vida devemos tirar lição desse episódio. Devemos abrir os olhos para não nos curvarmos à vontade dos chamados “caciques políticos”, os quais, seja diretamente ou através de seus prepostos buscam, invariavelmente, tão somente se perpetuar no poder, impondo a sua vontade em prol dos seus interesses pessoais e em detrimento dos interesses do povo.
Aqui em nossa terrinha temos um claro exemplo desta forma de fazer política, não é mesmo ZECA COELHO?
É chegado, pois, o momento de acordarmos para este estado de coisas e tomarmos consciência de que devemos sempre ser aliados fiéis de nossos companheiros mas, jamais, subordinados às suas vontades imperiais.
Em tempo: já estava com saudade de escrever minhas notas. Como vêem estou de volta.
Um abraço a todos.
*PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal.