Mais uma vez, o governador Paulo Câmara (PSB) derrotou no primeiro turno, neste domingo (7), o senador Armando Monteiro Neto (PTB). O socialista recebeu 50,61% dos votos e o petebista, 36,01% com 99,41% dos votos totalizados. Usando o ex-presidente Lula (PT) como cabo eleitoral, Paulo terá mais quatro anos no Palácio do Campo das Princesas, no quarto mandato do PSB no comando da gestão estadual.
Apesar da vitória, o cenário foi mais difícil para o governador do que em 2014. Há quatro anos, em uma eleição marcada pela morte do seu padrinho político, o ex-governador Eduardo Campos (PSB), Paulo Câmara ficou com 68,08% dos votos válidos, o equivalente a 3.009.087 eleitores. Armando, então apoiado por Lula, teve 31,07% dos votos válidos, ou seja, 1.373.237.
O cenário político desta eleição começou diferente para o PSB. Depois de disputar com 21 siglas em 2014 e Armando com seis, Paulo Câmara este ano tem 12 legendas na sua base – o adversário tem 13.
Dois dos maiores partidos que deixaram a Frente Popular, o DEM e o PSDB, romperam por causa das eleições municipais de 2016 no Recife. Após eles lançarem a deputada estadual Priscila Krause e o parlamentar federal Daniel Coelho (hoje no PPS), respectivamente, Paulo Câmara pediu os cargos que as siglas tinham no governo. O PSB venceu o pleito e reelegeu o prefeito Geraldo Julio (PSB) naquele ano.
Em seguida, os socialistas passaram a fazer oposição às medidas propostas pelo governo Michel Temer (MDB), como a reforma trabalhista, retomando uma posição de centro-esquerda dois anos após apoiar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) para a presidência contra a então presidente petista, Dilma Rousseff. Os socialistas decidiram deixar a base do PT em 2013 – o que já havia sido feito em Pernambuco um ano antes -, para viabilizar a candidatura de Eduardo Campos a presidente.
O líder do PSB morreu em acidente aéreo durante a campanha e, até hoje, Armando diz que o clima de comoção levou à sua derrota em 2014. Motivo que não se repetiu este ano, eleição em que a imagem de Eduardo Campos não foi tão explorada.
Após perder para Paulo Câmara, o senador foi chamado para assumir o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior de Dilma Rousseff, cargo em que permaneceu até o afastamento. Armando foi contra o impeachment; a maior parte da bancada do PSB, favorável. Este ano, já com o apoio do PT e podendo usar o ex-presidente Lula como cabo eleitoral, o governador afirmou ter se arrependido do apoio ao processo “no contexto histórico”.
Lula tinha, segundo o Ibope, 62% das intenções de voto no Estado até ser impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de disputar a presidência, por ter sido enquadrado na Lei da Ficha Limpa. O petista está preso desde o dia 7 de abril, condenado em segunda instância na Operação Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Já afastado do PT, Armando se reuniu a DEM e PSDB há um ano para formar uma frente de oposição contra Paulo Câmara. Os socialistas negociaram no período o apoio dos petistas ao governador. O partido, porém, tinha a pré-candidatura da vereadora do Recife Marília Arraes (PT) como moeda de troca e a articulação em nome do apoio nacional seguiu até o fim de julho. O PSB conseguiu que o partido minasse Marília, que acabou disputando para deputada federal, mas não concedeu o apoio formal nacionalmente por divergências internas nos estados. Interessava ao PT que os socialistas não fechassem aliança com Ciro Gomes (PDT).
Todos queriam usar o nome de Lula, mas só Paulo Câmara pôde aparecer em materiais de campanha ao lado da imagem dele.