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domingo, 5 de março de 2023

Mainha (Raquel Lyra) deve ficar Ypê (neutra) em 2024

     


     Na campanha do segundo turno que a elegeu governadora, em outubro passado, Raquel Lyra foi muito pressionada pela então adversária Marília Arraes, para se posicionar sobre a disputa nacional: Lula ou Bolsonaro? Ciente da sinuca de bico em que se encontrava, Raquel se utilizou do mesmo expediente de Pilatos: lavou as mãos. Se declarasse apoio a Lula, o mais lógico, melindraria o eleitorado radical fã das motociatas. Se optasse por Bolsonaro, numa região e estado onde Lula e o PT reinam politicamente há décadas, seria um suicídio político.

         Mainha, como é chamada, conseguiu se equilibrar e fazer a travessia até o final do segundo turno sem sofrer um desgaste político capaz de ameaçar sua vitória. Não se sabe o peso eleitoral que teve o trágico falecimento do seu esposo, exatamente no dia da eleição no primeiro turno. Mas, poucos duvidam que o fator comoção teve algum efeito para garantir a vaga ao segundo turno, contra a candidata que já estava "garantida", Marília Arraes. A proximidade com os percentuais dos demais candidatos, Miguel Coelho, Anderson Ferreira e Danilo Cabral, prova isso.

       Na segunda etapa, praticamente, foi um "todos com Raquel, contra Marília". A neta do mítico Arraes sequer pôde contar com o apoio pleno do então candidato Lula, já que ele precisava ampliar seu leque político para vencer Bolsonaro. E entre o apoio que procurava, estava o de Simone Tebet, apoiadora de Raquel. Então, Lula declarou apoio, mas foi meio que protocolar, muito diferente do apoio que emprestou aos candidatos Elmano de Freitas, no Ceará, e Jerônimo Rodrigues, na Bahia. Estes disputavam com adversários do PT e Lula entrou de corpo e alma na campanha.

     Então, o mandato de Raquel foi construído com o apoio das mais diversas correntes políticas, inclusive de integrantes do PSB. Ela tem uma "dívida política" que chega a envolver adversários dentro do mesmo município, como por exemplo, em Santa Cruz do Capibaribe, onde o prefeito e seus dois principais grupos oposicionistas, apoiaram Raquel Lyra para governadora. A expectativa de um dos grupos de obter o seu apoio na disputa à prefeitura em 2024 certamente será frustrada, pois a governadora, além do compromisso político no segundo turno da eleição, precisa preservar uma base parlamentar na ALEPE. Tomar partido pelo PP, em Santa Cruz, significaria desagradar o União Brasil, de Miguel Coelho, a quem o ex-prefeito Edson Vieira e sua esposa Alessandra Vieira, estão ligados. Isso sem falar no empresário Alan Carneiro, o primeiro a acreditar na candidatura de Raquel. Tal exemplo se espalha nos municípios estado a fora.

      Outro fator que pode forçar a neutralidade da governadora é o efeito "Paulo Câmara", ou seja, com dois anos de mandato ela pode estar sendo um peso morto, como PC foi para Danilo Cabral, no ano passado. Mas isso fica no campo das expectativas. O fato é que Raquel estará "impedida" de emprestar apoio político nas eleições municipais de 2024, por excesso de aliados em 2022. A exceção, ou uma das poucas exceções, deve ser em Recife, onde a governadora terá sim candidata à prefeitura: Priscila Krause. A filha do ex-governador Gustavo Krause foi decisiva para abrir os votos da região metropolitana para a filha do ex-governador João Lyra.

    Quase metade da ALEPE é formada por deputados de oposição. Juntando os parlamentares do PSB, Federação PT-PC do B-Partido Verde, Solidariedade e P-Sol, a governadora fica "nas mãos" da sua base aliada, de partidos gulosos como o PP de Eduardo da Fonte. Mainha terá então de pisar em ovos para não perder aliados e preparar suas armas para enfrentar o filho do "mito" Eduardo Campos. A primeira batalha será em 2024, quando João Campos vai enfrentar Priscila Krause. Qualquer que seja o resultado dessa disputa, interferirá fortemente em 2026.


Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.


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