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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

QUANDO O RÁDIO PRESTA UM DESSERVIÇO

Uma das minhas observações com andanças pelo interior é tentar, sempre que possível, conhecer um pouco da realidade das cidades que trafego. Um dos canais de observação é o rádio local.
O rádio, que detém um papel preponderante de informação ao longo de toda a sua existência, com seguidos períodos de evolução da tecnologia que o apontavam fadado à extinção, consegue ser em qualquer tempo de sua história o amálgama que une todas as classes sociais e que chega sempre em todos os lugares, principalmente os rincões mais distantes.
Hoje, o público mesmo dividido entre modernidades promissoras ou consolidadas, continua fiel a este veículo. Porém, uma constatação precisamos fazer e isso requer um atenção especial dos proprietários de emissora, sobretudo a que se intitula “comunitária”. Quem viaja pelo interior se depara com locutores desinformados, apelativos e infames, como se seu ouvinte tivesse o mesmo nível daquilo que ele vomita num microfone. 
Já não bastasse os excessos dos programas policialescos da televisão, nos parece que, com receio de perda de audiência, os programas de rádio, sobretudo os matinais, passaram a usar termos populares como se fossem do cotidiano das pessoas, mas que não merecessem nenhuma atenção ao respeito e a importância com que a informação precisa ser levada.
Usar termos como “fela da puta”, “merda” e “pé do cipa” permeiam a incansável voracidade em denegrir e humilhar a cultura de um povo humilde, que não precisa de incentivo à péssima educação, comum desses infelizes locutores. O rádio está perto de sofrer uma grande transformação com sua transmissão digital, prevista para 2016.
Essa modernidade precisa estar atrelada a evolução que o povo brasileiro tem atravessado nos últimos 20 anos. A promoção de locutores sem nenhum compromisso com a ética ou com a educação compromete ainda mais esse salto qualitativo previsto. 
Talvez fosse o caso da Asserpe, a associação que congrega emissoras do setor, incentive a criação de um orgão punitivo desses abusos. Não falo de controle sobre a mídia, como defendem alguns idiotas, mas a intensificação do controle sobre a qualidade da produção que estas rádios teimam em varrer para baixo do tapete sujo.
É difícil prever que algo mude significativamente em pouco tempo, mas espero ansiosamente que estas concessões públicas, quase todas promovidas a políticos que já perceberam a importância de serem donos da informação e se tornam majoritários na administração dessas emissoras. Mas é possível desejar que pelo menos a Anatel, agência reguladora do setor em nível nacional, possa se instrumentalizar e combater esses absurdos vomitados todos os dias. E o principal, que o cidadão-ouvinte possa absorver mais educação e tenha a real capacidade de usar seu maior instrumento legal que é o poder de mudar de emissora, girando ou apertando um simples botão.

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