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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Diogo Morais: “caminhando contra o vento, sem lenço, sem documento”

 


         As urnas foram madrastas com o deputado Diogo Morais em 2022. Depois de três mandatos consecutivos, o filho de Oséas Morais ficou na amarga primeira suplência da coligação do PSB. Para piorar, os socialistas perderam o controle do governo de Pernambuco, após uma dinastia de 16 anos, iniciada com Eduardo Campos. Assim, a suplência será árida como o Sertão Nordestino em tempos de seca. O natural expediente de convocar um secretário para abrir vaga para um suplente, obviamente, não será praticado pela governadora Raquel Lyra, adversária do PSB, mesmo que nutra alguma simpatia por Diogo. A não ser que...

        As esperanças da região do Pólo, que há décadas tem representantes na ALEPE, para não ficar sem uma voz que lhe defendesse, estavam no prefeito de Recife, João Campos, mas, aparentemente, nenhum deputado do PSB se dispôs a assumir uma secretaria na prefeitura do Recife, para Diogo ascender à titularidade e manter a relevância política, que sempre fica ameaçada quando não se tem um gabinete parlamentar para intermediar as demandas dos prefeitos. Ou João Campos não se moveu? Fiquemos, por enquanto, com a versão segundo a qual Sileno Guedes teria dito “não” para ser secretário da PCR. Mas, somando este fato ao do processo de decisão sobre candidaturas municipais em 2020, questiona-se o tamanho do ex-deputado dentro do PSB. Lembremos que, enquanto Diogo garantia uma candidatura socialista em Santa Cruz do Capibaribe, Paulo Câmara confabulava com Eduardo da Fonte, garantindo apoio ao então pré-candidato, Fernando Aragão. 

          A imagem do PSB e do então governador Paulo Câmara, na região do Pólo, particularmente em Santa Cruz,  não era das melhores. Na verdade, a companhia dele era até “evitada”, tamanho o desgaste político. Entretanto, há quem reconheça que foi um dos melhores governadores que a cidade já teve. Não há como negar o legado socialista, intermediado pelo deputado Diogo. Grandes investimentos foram feitos, mesmo com uma morosidade irritante. Iniciativas de grande significado econômico e social, como a duplicação da PE 160. Como então o PSB acumulou tamanho desgaste nessa pujante região de Pernambuco? Diogo Morais até se saiu bem no eleitorado da cidade, mas, no geral, faltou um “triz” para se eleger. E esse “triz” não foi roubado por Lula Cabral.

           Então, a quem atribuir a não eleição de Diogo? À perda de apoios importantes na região e em Recife? À antipatia “daquele assessor” muito citado nos grupos de wattsapp? Ao grupo do vice-prefeito de Taquaritinga, que, segundo ele, não estava recebendo a devida consideração e resolveu apoiar o delegado Lessa?  Por sinal, é majoritária a opinião de que, ao não apoiar Diogo, o vice-prefeito estava sepultando sua já pequena chance de ser o candidato Calabar. Ou foi simplesmente a aritmética eleitoral que ceifou o mandato do deputado?  

          No pós-eleição, Diogo continua prestigiado pelo prefeito Lero e deve ser voz ativa no processo de definição do candidato Calabar. E, naturalmente, os 79 votos que faltaram para assegurar seu mandato estarão nas rodadas de conversas, assim como um “responsável” por sua falta, enquanto o grupo degusta um saboroso Café Marocas com o excelente pão de Surubim, fornecido em Taquaritinga pelo expoente da Terceira Via 2020. Para um político, a questão não é só financeira, de emprego. È manter os espaços eleitorais, reparar as fragilidades, aumentar o exército e retornar na próxima, daqui a quatro anos. Nas municipais de 2024, não há possibilidades para Diogo, já que em Santa Cruz seu aliado Fábio é a bola da vez. A não ser que num cenário “surreal”, ele troque a elanca pelo torradim arábica. 


Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.

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