No início do ano, quando a história do empréstimo do hospital ganhou as ruas, com a divulgação maciça da arte simulando a maravilha que seria o hospital de Santa Cruz, nas ruas e avenidas da cidade, o prefeito Fábio Aragão e seus seguidores cuidaram também de botar a faca no pescoço dos vereadores de oposição, espalhando nas redes sociais, blogs e programas de rádio que eles seriam “CONTRA” a obra magnífica. Isso sem contar sequer com uma única opinião pública de qualquer parlamentar nesse sentido. Ou seja, o prefeito tentava indispor a opinião pública contra a Câmara Municipal, de forma oportunista e com certo grau de leviandade, já que não dispunha de qualquer evidência segura de que algum parlamentar pudesse ser contra uma obra tão importante para uma cidade que está, desde o primeiro dia da administração do atual prefeito, sem realizar uma simples cirurgia para desencravar uma unha.
O projeto começou a tramitar no legislativo municipal e uma tão aguardada audiência pública aconteceu. Seria a oportunidade para os vereadores e a população fazerem seus legítimos questionamentos, assim como a prefeitura apresentar suas justificativas para convencer os parlamentares da importância e urgência do equipamento. O momento parecia ser de defensiva para o prefeito já que do lado da oposição imperava uma certa ansiedade pela chegada da audiência, como se fosse o momento de expor à população a fragilidade do projeto do hospital e o expediente de espalhar por toda a cidade uma campanha cara de divulgação, dando como fato consumado e que, quem fosse contra, seria contra a população, consequentemente.
Mas o prefeito, ou melhor, sua secretária de saúde, por coincidência, sua irmã, cuidou de levar um “míssil” para abater os vereadores de oposição, deixando-os sem alternativa: o TÉCNICO da Caixa. Se a instituição estava querendo emprestar 35 milhões, “quem seria o vereador” para questionar a capacidade de pagamento da prefeitura? O próprio vereador supremo da bancada situacionista fez chacota no seu programa de rádio, da possibilidade de algum parlamentar de oposição ter a “coragem” de fazer qualquer questionamento. E foi justamente o “técnico da Caixa” que, involuntariamente, criou uma arapuca para o prefeito. Tanto no caso do empréstimo do hospital, quanto nesse novo projeto de empréstimo para pavimentação de ruas. Segundo o técnico, a prefeitura teria a capacidade para contrair um empréstimo de até 120 milhões de reais. Por isso que, na votação do projeto de empréstimo do hospital, o prefeito levou dois baques inesperados. O primeiro: NENHUM vereador votou contra, como ele e seus seguidores diziam nas redes sociais e imprensa. Segundo, responsável com o erário municipal e cumprindo seu dever de fiscalizar os atos do executivo, a Câmara estabeleceu o prazo de 36 meses para o pagamento do empréstimo, baseando-se nas palavras do “técnico da Caixa”. Sem qualquer tentativa de negociação, de ponderação, de acordar um outro prazo, nem os 36 meses da oposição, nem os 120 desejados pelo prefeito, coube a ele fazer aquilo que esperava da oposição, brecar a operação. O projeto está parado e não foi a oposição que o fez.
Agora, volta o prefeito à Câmara Municipal, pessoalmente, para pedir aos vereadores um outro empréstimo, de 25 milhões, que, se juntar com a prestação do empréstimo do hospital, resultará num compromisso mensal superior àquele estabelecido pelos vereadores de oposição e que o prefeito disse que não podia pagar. Parece chanchada e é. Se não bastasse o “bumerangue” que foi o parecer do técnico da Caixa”, comprovando que o prazo de 36 meses do primeiro empréstimo era razoável e dentro das possibilidades financeiras da prefeitura, o próprio chefe do executivo municipal cuidou de tirar qualquer dúvida, ou seja, o prefeito Fábio Aragão foi à Câmara dizer que o prefeito Fábio Aragão pode sim, pagar em 36 meses o empréstimo que ele quer pagar em 120. E, claro, cuidando de repetir o mesmo expediente do empréstimo do hospital: jogar a população contra os vereadores se estes tiverem a coragem de votar “CONTRA”.
O mesmo prefeito que prometeu o matadouro e a Central de Feiras, cujas verbas já estavam garantidas, a reforma da UPA que já vai nos 28 meses, dos 48 que o gestor recebeu da população, o descumprimento da lei que concede aos professores a dignidade de um reajuste anual, para que ele possa pelos menos chegar perto da remuneração que outros profissionais do mesmo nível percebem e por aí vai. O grande problema do prefeito de Sucupira era inaugurar uma obra pronta. O problema do prefeito Fábio é convencer a população de que “é verdade esse bilhete” que ele levou pessoalmente à Câmara, mostrando que pode sim fazer o que ele mesmo disse que não pode, mas o “técnico da Caixa” disse que pode.
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