A governadora Raquel Lyra esteve recentemente em Santa Cruz do Capibaribe para cumprir mais uma etapa do programa “Ouvir para Mudar”, no qual colhe sugestões de políticas públicas de populares e autoridades políticas com o objetivo de elaborar o Plano Plurianual 2024-2027. Além disso, havia uma expectativa, alimentada principalmente pelo prefeito Fábio, de que algum anúncio de obras fosse feito durante essa visita à cidade. O brilho do olhar e a torcida do coração indicavam algo como um hospital ou uma das maternidades prometidas pela então candidata na campanha eleitoral. Quem sabe até uma providência para a absurda situação da PE 160, no trecho que vai para Jataúba. Mas a governadora frustrou a expectativa do prefeito e da população. Possivelmente considerou o volume dos investimentos e a viabilidade geográfica deles. Santa Cruz é a capital do pólo de confecções, mas a proximidade com Caruaru e o limite com o estado da Paraíba são fatores que trabalham contra a cidade. Resta então o peso político do gestor e de outros grupos políticos da cidade para conquistar tais investimentos.
Se não prestigiou a cidade e o prefeito com um investimento exponencial para a campanha do gestor à reeleição, pelo menos dispensou-lhe uma natural atenção política, o que deve ter gerado ciúmes no universo Carneirinho, o primeiro grupo político da cidade a apoiar a então candidata, quando poucos acreditavam em sua vitória. Basta ver a reação da vereadora Nega com a desatenção da governadora para com o principal nome do grupo, o empresário Alan Carneiro. Lembrando que Raquel desembarcou na cidade tendo a companhia do prefeito no carro que a transportava. Evidente que uma autoridade executiva terá mais atenção, até pela posição institucional que ocupa, mas a passionalidade política não digere isso muito bem, então, ficou explícito o papel de papagaio de pirata dos expoentes verdes para serem enquadrados nos cliks que captaram a sorridente governadora. Uma disputa feroz para ver quem é a primeira via no coração a filha de João Lyra. A preço de hoje e do momento da visita e, considerando a habilidade política dos verdes, é evidente que a atenção institucional de Raquel a Fábio se repetirá na disputa política de 2024. Exceto se o prefeito, depois de garantir algum recurso futuro, se bandear para os braços de João Campos, via articulação do deputado Diogo Morais.
Ainda não é dessa vez que o prefeito Fábio materializará sua grande pretensão eleitoral, uma obra para chamar de sua, como o hospital. Não conseguiu sensibilizar a governadora, ou não teve peso político para isso, fechou as portas da Câmara Municipal, ao adotar, desde o início, uma postura de provocação e confronto com os legisladores, sem diálogo e sem transparência. Para completar, depois de engordar a bancada de situação pescando vereadores oposicionistas com a “isca” do espaço na máquina municipal, o prefeito corre o risco de ver a oposição atingir o quórum qualificado no legislativo municipal, pois perdeu o apoio do vereador Vando da Sertec e agora se vê na iminência de perder outro precioso voto, o do vereador Carlinhos da Cohab. Não que ele queira “desertar”, mas por esforço dos próprios auxiliares do prefeito, que não escondem o expediente de submeter Carlinhos a uma situação humilhante. Para quem precisa vencer a partida, chama a atenção os chutes contra o próprio gol. Ou o prefeito abandonou a idéia do hospital, ao ver que não arrancaria dos vereadores um cheque em branco para endividar o município, e partiu para distribuir os espaços administrativos aos seus mais graúdos e privilegiados colaboradores, garantindo-lhes boas chances de se elegerem vereadores, tirando da jogada nomes como Vando e Carlinhos? Esperemos o curso do rio. Por enquanto, Raquel é bem vinda e conveniente, mesmo não anunciando o que o prefeito tanto desejava.
Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.
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