Santa Cruz do Capibaribe não elegeu nenhum filho da terra para a Assembleia Legislativa na disputa de 2022, mas conta agora com dois deputados estaduais. Aliás, dois veteranos do parlamento, Diogo Morais e Edson Vieira. O primeiro assumiu, paradoxalmente, graças a um forte trabalho de quem o desprestigiou em 2020, o PSB, agora sob o total comando do prefeito do Recife, João Campos. Já a assunção de Edson teve como figura central o próprio João Campos, num movimento que coloca os dois deputados, adversários locais, no mesmo barco eleitoral para 2026.
O herdeiro de Eduardo Campos encontrou em Miguel Coelho, ignorado por Raquel, um forte aliado para enfrentar a atual governadora, caso ela consiga evitar a execução do mesmo plano de governo que Nero implantou em Roma. O entendimento entre os dois jovens gestores premiou Edson Vieira com um longevo mandato de 32 meses. Significa que, no pleito municipal de 2024, o grupo terá o reforço do ex-prefeito na condição de deputado estadual. Não se sabe que nível de desconforto Diogo confessou a João Campos, mas o fato é que não seria suficiente para impedir que o adversário local tenha agora o mesmo microfone que o filho de Oseas garantiu com a eleição de Rodrigo Novaes ao TCE.
Na política paroquial de Santa Cruz, diferente de Diogo, a posse de Edson Vieira, evidentemente, provocou desdobramentos. O primeiro e mais notório, foi levantar o ânimo da militância Azul, após a perda da prefeitura em 2020 com a candidatura de Dida de Nan. Na época, o grupo de situação perdeu o comando municipal, mas elegeu quase a metade das cadeiras da Câmara Municipal, ou seja, elegeu o dobro da bancada do atual prefeito. Daí se pergunta: e se Edson não tivesse acatado a vontade da maioria, lançando Dida, no lugar do favorito Joselito Pedro, quem estaria agora sentado na cadeira de prefeito? Conclusão para cientistas e entendedores da política.
O que cabe ressaltar é que, mesmo com a seca de poder, o grupo Azul conservou sua grande bancada, excetuando a perda do vereador Gilson, um acontecido que não deve ser analisado apenas no aspecto político. Certamente mereça um registro no folclore político. O canto da sereia do poder não minguou a força parlamentar do grupo Azul. Isso é um combustível para se apresentar aos seus simpatizantes e mobilizá-los para a batalha o ano que vem, onde, aí sim, teremos o real tamanho das três forças que se apresentaram nas urnas em 2020. Outro fator a destacar é que, nos prováveis encontros políticos visando a uma composição para 2024, as conversas com um grupo que tem um deputado estadual e um nome levíssimo como Alessandra Vieira se dão em outro nível de consideração política.
Importante destacar que, caso o grupo Azul parta com uma candidatura solo, o nome da ex-deputada Alessandra se apresenta forte por uma série de fatores, dentre eles o fato de ter disputado em 2022 na condição de vice na chapa do promissor Miguel Coelho, onde ambos saíram majoritários em Santa Cruz. Não é pouca coisa e, excetuando-se a região do Sertão, na qual Miguel é naturalmente forte, pois oriundo de lá, a quem atribuir a excelente performance eleitoral em Santa Cruz, se não à força da figura feminina de Alessandra? Os adversários vão dizer que vice não recebe voto.
Dir-se-á também que um prefeito bem avaliado, ao final de oito anos e mandato, não recebeu nenhum voto do “poste” que lançou e elegeu. Apoiador e vice não recebem votos, mas transferem. E todos, até os adversários, reconhecem que a ex-deputada será um coringa na disputa municipal, um tônico eleitoral para mobilizar a militância Azul, agora com o reforço do mandato de Edson Vieira. O grupo Verde, com a moral eleitoral que obteve em 2020, perdeu 40% da bancada, expectorada pela atração da caneta do prefeito. Ninguém sabe, com algum grau de certeza, se Alan Carneiro volta ou não a disputar a prefeitura. Então, ao contrário do que dizem os adversários (na verdade, torcem), a chamada “terceira via” azul tem elenco para atrapalhar a pretensão eleitoral do prefeito Fábio, de renovar o mandato, vitaminado com o mandato parlamentar de Edson Vieira.
Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.
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