Por Homero Fonseca*
Netanyahu, governante de extrema direita de Israel: métodos comparáveis aos nazistas
Seum humanista deve condenar enfaticamente o ataque terrorista do Hamas, qualquer pessoa em sã consciência há de observar que a desproporcional, feroz e desumana retaliação de Netanyahu é igualmente uma ação terrorista. Cercar dois milhões de palestinos, a maioria mulheres e crianças, e cortar-lhes alimentação, água, luz e ajuda humanitária, enquanto despeja-lhes sobre a cabeça toneladas de bombas, forçando-os a abandonar seus lares, é crime de guerra. Comparável aos dos nazistas praticados contra os judeus.
A história naquela região (Ásia Ocidental, chamada anacronicamente Oriente Médio) é antiga e complexa. Os dois povos são irmãos e, em vários momentos, conviveram pacificamente. A estupidez humana é a causa remota de desentendimentos milenares. A guerra atual dura 75 anos (desde1948 quando foi criado o Estado de Israel, mas não o Estado Palestino), desdobrando-se em sucessivos confrontos (guerra árabe-israelense, guerra dos 6 dias, Yom Kipur etc.)
O quadro atual é substancialmente fruto da ingerência das grandes potências ocidentais, movidas por interesses políticos e econômicos. Inglaterra, no entreguerras, e EUA, de lá para cá, deram as cartas na região, adubaram as divisões e fomentaram as guerras, com objetivos geopolíticos (localização estratégica) e econômicos (indústria do petróleo). E aí estão os porta-aviões americanos, ameaçando intervenção bélica, como no Afeganistão, Iraque e Líbia e, por procuração, Síria.
Com irrestrito apoio dessas potências ocidentais, Israel paulatinamente se tornou um estado colonialista, anexando territórios palestinos e exercendo dominação férrea na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo monopólio econômico, o direito de ir-e-vir e a cobrança de impostos. Seus métodos cada vez mais duros disseminaram o medo, a humilhação e o ódio. Só o desespero pode explicar as intifadas de 1987 e 2000, quando civis desarmados — homens, mulheres e crianças — atacaram com paus e pedras um dos mais poderosos exércitos do planeta, com milhares de mortes. E também a ascensão do Hamas, na Faixa de Gaza, em 2007. Agora, a pretexto de eliminar um punhado de terroristas (30 mil, ou seja, 1,5% da população de Gaza[1]), Netanhyahu determinou a asfixia de dois milhões de palestinos. Se o ataque covarde do Hamas não se justifica, menos ainda a brutal reação de Israel.
Não devemos confundir os cidadãos com suas eventuais lideranças políticas. Nem sempre os povos têm o governo que merecem.
Israelenses e palestinos têm direito a território e soberania.
Urge barrar o terrorismo do Hamas e de Netanyahu em nome da civilização e da dignidade humana.
*Homero Fonseca é um dos mais conceituados jornalistas pernambucanos, autor de vários livros.
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