O blog do Jason Lagos deu, em primeira mão, um fato político inimaginável: o comando estadual do PL iria entregar a direção do partido em Santa Cruz do Capibaribe à ex-deputada Alessandra Vieira. Obviamente, um desdobramento político, como dito acima, inesperado até para quem tem pouca proximidade com o varejo diário da política.
Indagações evidentes foram feitas instantaneamente: como os Ferreira de Jaboatão iriam tratorar a militância de direita da cidade, ignorando seus dois nomes mais populares, Adilson Bolsonaro e Robson Ferreira, este com mais de 30 mil votos conquistados na eleição passada, e passaria o comando do PL para uma agora aliada do PSB? Iria receber a sigla com porteira fechada, ou seja, com militância e o engajamento dos dois nomes citados? Se não, qual o ganho político para o casal líder dos Bocas Pretas? Ou um dos dois liberais citados estava por trás estimulando a operação, inclusive com conexões via Brasília, para que a sigla saísse do rumo dos Verdes? Se sim, esse personagem combinou nos bastidores a formação da chapa estando ele na cabeça? E o outro personagem com sua vontade preterida, de apoio aos Verdes, desertaria da sigla?
E, ao final, qual seria o arranjo eleitoral para 2026, principalmente para deputado estadual? Um nó tão grande, uma conjuntura tão improvável, que todos julgaram se tratar de uma barrigada do Jason Lagos, principalmente porque não havia o menor indício de que isso pudesse acontecer e mais, a ex-deputada Alessandra afirmou se tratar de um boato. Mas os fatos estavam correndo nos bastidores, conversas aconteceram, cujo teor nem de longe foi especulado pela imprensa, blogs e emissoras de rádio. Arranjos políticos foram discutidos. Arranjos de traumática execução, re-acomodação política com fortes efeitos colaterais. Porém, isso pouco importa agora, mesmo que em algum momento venha à tona.
A bomba disparada por Jason logo foi sucedida por um míssil, tornando-a uma bala de festim. Ou seja, o artefato partidário voltou para a trajetória que todos esperavam, o arsenal de guerra dos Verdes. A novidade é que carregava uma ogiva que se pensava “nuclear”: o personagem acima sugestionado apareceu na foto. Mas, e a ojeriza dos Ferreira, de
Jaboatão? E a conexão privilegiada com Brasília, passaporte para dar uma carteirada nos dirigentes estaduais e municipais? Esperava-se o rugido de um leão, escutamos o miau de um felídeo. Restou uma percepção: ingênua ou maliciosamente, tal personagem alimentou fortemente uma expectativa, quebrada poucos dias depois da notícia “bombástica” do blog do Jason. Sem nenhum sinal claro de movimentação das lideranças Bocas Pretas e com a adesão do ex-vice prefeito Dida, ficou parecendo que um time venceu outro que nem entrou em campo.
Jaboatão? E a conexão privilegiada com Brasília, passaporte para dar uma carteirada nos dirigentes estaduais e municipais? Esperava-se o rugido de um leão, escutamos o miau de um felídeo. Restou uma percepção: ingênua ou maliciosamente, tal personagem alimentou fortemente uma expectativa, quebrada poucos dias depois da notícia “bombástica” do blog do Jason. Sem nenhum sinal claro de movimentação das lideranças Bocas Pretas e com a adesão do ex-vice prefeito Dida, ficou parecendo que um time venceu outro que nem entrou em campo.
Agora, a equação está com os Verdes. Como vão colocar três dentro de duas vagas? A chegada do ex-vice-prefeito não é uma formalidade qualquer. Ao ser “contratado” para este time, certamente foi para ser titular, ou seja, para ter a posição que tentou cavar na chapa do prefeito Fábio, a vice. È impensável e desmoralizante que Dida não seja o vice. Resta então o piloto da nave. Dá para imaginar que os Ferreira de Jaboatão ruminaram a raiva que aparentavam sentir e vão aceitar o suplente de deputado federal como candidato? Ou este poderia assumir alguns meses em Brasília, como compensação, e acatar um Verde raiz no comando, tipo Alan Carneiro? E os Verdes, tão orgulhosos de sua linhagem nobre, vão importar a chapa inteira?
O que chama a atenção nessa guerra pré-eleitoral, notadamente no lado oposicionista, é a ansiedade por conquistar lideranças de direita e endosso político vindo do ex-presidente, num cálculo simplista só comparável à velhinha que deu um papagaio para o gato comer, apostando que a partir dali ele não iria apenas miar, mas falar também. Ao final, ele “falou” ela não deu ouvidos e terminou em tragédia. Uma eleição municipal “fala” e é prudente que os competidores a escutem. E ela não fala abstrações questionando se o círculo tem ângulo. Ela grita por soluções que estão ali latejando diariamente na rotina das pessoas. Enquanto segmentos políticos discutem etiqueta política ou exclusividade do cardápio, o gestor da hora está ali, com um caldinho básico, simples, mas capaz de seduzir comensais ávidos pelo mais fácil, barato e que de fato alimente.
Não se vê da parte do grupo Vermelho qualquer indício de nacionalizar a campanha municipal. E sua principal liderança deve estar rezando, ou, no caso, orando, para que seus desafiantes continuem flertando com a quimera, que pode ser grande, mas insuficiente para mudar o titular da cadeira. Já dito anteriormente, o eleitorado de “direita” que se manifestou nas urnas em 2022, não vai ser tangido para uma candidatura de prefeito nacional. Ele está distribuído em todos os grupos e convive pacificamente com eleitores de esquerda e de centro se o tema é o dia a dia de uma cidade. Não tem como segmentar, sem causar perdas também.
Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.
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