As melhores marcas anunciam aqui

As melhores marcas anunciam aqui

terça-feira, 5 de março de 2024

Deputado Eduardo Da Fonte vai dividir para perder?

 


O badalado encontro de sábado, 02 de março, entre o deputado federal Eduardo da Fonte e o suplente de deputado federal Robson Ferreira, suscita duas perguntas fundamentais, para as quais, provavelmente, só o tempo da política (convenções partidárias) trará as respostas: Robson filiou-se ao PP com a garantia de ser candidato a prefeito de Santa Cruz do Capibaribe? Da Fonte vai bancar essa candidatura sabendo que, com isso, estará sacramentando a reeleição do prefeito Fábio, ao dividir a oposição, contrariando seu próprio esforço para juntar, ao cair na conversa dos Verdes, naquela procissão a Recife? Não esquecendo da presença do ex-vereador Ernesto Maia, neste encontro com Robson, sinal de que haverá conversas pró-união de todos, já que ninguém imagina que o ex-vereador deixe o barco dos Vieira.

        Para a primeira pergunta, há quem diga que Robson dificilmente aceitaria ser vice, algo que já vinha afirmando há algum tempo. Acontece que o Robson de hoje não é o mesmo que se imaginava prestigiado dentro do bolsonarismo. Ele sugeria, em suas falas, que, no caso de ser rifado local e regionalmente, resolveria a parada “lá em cima” e todos sabemos a quem se referia. Mas foi atropelado pelos Ferreira e a desilusão com o “lá em cima” veio com o ok do sanfoneiro fanfarrão Gilson Machado, quando este endossou a negociação para entrega do PL à ex-deputada Alessandra Vieira. A voz de Gilson seria a voz dos Bolsonaro, portanto, o suplente de federal foi ingênuo em atribuir a negociação que o excluiu apenas ao comando local do PL.

        Já em relação a Eduardo da Fonte, lembremos de suas últimas declarações sobre a política de Santa Cruz, quando esteve no Agreste participando de um  evento político do PP em Taquaritinga do Norte, ocasião em que abriu uma brechinha na agenda para receber os moribundos do grupo Verde, à frente o vereador Capilé. Teve fotos e certamente deve ter tido um aviso do deputado: “outra paima daquela que vocês me serviram em Recife nunca mais”. Mas, aqui, o que interessa mesmo foi a declaração do chefão dos progressistas, segundo a qual, o PP não se coligaria com nenhum outro partido, em nenhum dos 184 municípios de Pernambuco, se este desse legenda ao prefeito Fábio Aragão, para disputar a reeleição. Pareceu um recado direcionado mais à governadora do que ao próprio prefeito, que não deve estar preocupado com essa questão.

         Juntando essa declaração ousada e arriscada, com outras manifestações do deputado, inclusive interagindo em grupos de wattsapp, chegando até a se referir ao pai falecido do prefeito Fábio, temos uma noção do quão febril está seu humor político. Sendo assim, Eduardo da fonte vai mesmo bancar Robson, para dividir a oposição e entregar a reeleição ao prefeito sem sangue, suor ou lágrimas? O mesmo Da Fonte, tão festejado pelo poder ostentado em 2020, quando tratorou Diogo e o atual vice-prefeito Helinho Aragão? Essa equação não fecha, porque Da Fonte não é um mascate com a inabilidade de um Verde. Como especular não traz prejuízo, como apostar numa vitória do Santa Cruz de Recife, imaginemos que ambos, o deputado e o suplente, chegaram a um acordo: Robson se comportaria como candidato, até as convenções, consciente de que, não se viabilizando, aceitaria a vice dos Vieira, com a esperança de que até lá, Eduardo reverteria a posição na chapa, convencendo Alessandra a aceitar ser sub.

         Essa equação seria de difícil resolução. O grupo azul costurou uma delicada negociação política, juntando no mesmo barco interesses conflitantes, dois candidatos a deputado estadual, Edson e Abimael, e dois a federal, Anderson e Fernando Filho, além da possibilidade de um terceiro federal, Mendoncinha, em 2026. Além disso, tem a ojeriza dos Ferreira de Jaboatão ao Ferreira de Santa Cruz. Se não o aceitaram como presidente municipal do PL, se não lhe abriram a possibilidade de passar quatro meses em Brasília, por que o aceitariam como cabeça de chapa, estando ele filiado ao PP? Sem falar que a metralhadora de Robson ainda está com o cano quente depois dos disparos que fez recentemente aos liberais e aos Vieira.

        Conclui-se então que, considerando todos os elementos e, principalmente, a experiência de Da Fonte e a ebulição íntima de sua bílis política, ao chegar às convenções, todos estarão juntos para tentar melar a reeleição do prefeito Fábio. A partilha do colégio eleitoral de mais de 60 mil votos, em caso de vitória da oposição unida, é administrável. Mesmo que perca, Da Fonte teria em Santa Cruz, a excelente cauda eleitoral de Robson para 26, suprindo em boa parte a perda da parceria com o prefeito, rompida por causa dos encantos do cofrinho do deputado Carreras, segundo o vereador Flávio Pontes. Robson, apartado do bolsonarismo, entraria na política pragmática do PP. Mas, se Da Fonte deixar correr solta a ilusão de Robson até outubro, carregará quase sozinho o peso do insucesso de um quase certo revés eleitoral. Por motivos opostos ao de 2020, será responsabilizado , negativamente, pela reeleição do prefeito Fábio Aragão, uma imperícia só compatível com a inteligência do filho da Dona Florinda, o Quico.

        A oposição não tem a obrigação moral de vencer um prefeito bem avaliado. Na lógica da reeleição, o mais previsível é o bis de um gestor. Porém, facilitar  sua caminhada não é algo que se espere de raposas tão felpudas na experiência política. Chegado o 6 de outubro, com a derrota de dois candidatos oposicionistas, estes serão bem menos lembrados como devedores do insucesso. Será da Fonte o principal responsável, considerando os instrumentos agrícolas que usou nas redes sociais para alfinetar Fábio Aragão e a declaração do dia 25 de fevereiro, quando prometeu não mais se “juntar com essa gentalha”. Prestemos atenção à “língua” de Robson. Se gravar áudios quilométricos com críticas à pré-candidata Alessandra Vieira...

Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, registrar E-mail