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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

MST ocupa fazenda do Carlinhos Cachoeira


MST e Movimento de Apoio aos Trabalhadores Rurais (MATR) reivindicam desapropriação da fazenda Gama para reforma agrária. Segundo investigações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, há suspeitas de irregularidades em compra de parte área e de suborno de funcionários públicos para sua regularização, por parte da quadrilha de Carlinhos Cachoeira
Foto: Valter Campanato/ABr
O MST quer que seja desapropriada a fazenda de Carlinhos Cachoeira, do Distrito Federal



A Fazenda Gama, do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi invadida na noite de quarta-feira, 22, por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento de Apoio aos Trabalhadores Rurais (MATR), no Distrito Federal.

A assessoria do MST informou que 800 famílias entraram na propriedade. Elas querem uma reunião com o governador do Distrito Federal (DF), Agnelo Queiroz (PT), para tratar da desapropriação.

De acordo com as investigações da Operação Monte Carlo, a fazenda Gama mede 4093 hectares, sendo que 35% de seu território foi adquirido em dezembro de 2010 pelo grupo formado por Cachoeira, Cláudio Abreu, ex-diretor da construtora Delta no Centro-Oeste, e Rossine Aires Guimarães, empreiteiro que doou pouco mais de R$ 4,3 milhões às campanhas dos governadores tucanos Marconi Perillo, em Goiás, e Siqueira Campos, no Tocantins, informou o MST.

Segundo a PF, as terras foram adquiridas de Matheus Paiva Monteiro, que se intitula proprietário delas, por R$ 2 milhões. A transação teria envolvido um avião Cessna e recursos oriundos de uma empresa de fachada de Cachoeira, a Alberto & Pantoja Construções, que recebia repasses da Delta Construções. Gleyb Ferreira da Cruz, tido como braço operacional do grupo de Cachoeira, é apontado como o intermediador do negócio, que previa aos compradores arcar com os custos e responsabilidade da regularização de 100% da área junto aos órgãos públicos.

Segundo a PF, o contraventor teria pago propina para a regularização da área e comprado a fazenda por R$2 milhões. No entanto, a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) afirma ter a posse da fazenda.

"Ocupamos essa fazenda porque é terra pública e tem indícios de irregularidades. Ela foi citada na CPI do Cachoeira e terra pública tem que ser destinada para os trabalhadores produzirem alimentos saudáveis. Nosso objetivo é fazer o debate da questão agrária no DF e queremos conversar com o governador. Tem um ano que a gente tenta fazer essa reunião", disse Viviane Moreira, do MST.

É a segunda ocupação do MST no Distrito Federal em 2012. No dia 8 de março, cerca de 600 famílias invadiram a Fazenda Toca da Raposa, em Planaltina, no Distrito Federal. Mesmo na fazenda de Cachoeira, elas pedem a destinação de 40% da área da fazenda de 1.700 hectares para a reforma agrária.

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