Nos
cambaleantes inícios da década de 90, surgiu no Brasil, recém-desembarcada dos
EUA na maleta pastoral d’algum discípulo de Judas -- “Porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava.”
(João 12:6) --, a famigerada “Teologia da Prosperidade”. Para além de
constituir-se numa versão antípoda daquela velhacaria (a marxistóide Teologia
da Libertação) de frades teologicamente promíscuos, a nova doutrina tinha como
missão extrair de Cristo as mesmíssimas coisas que Satanás quisera extrair de
Jesus quando do episódio da tentação no deserto: próspera fartura (“manda que estas pedras se tornem pães”),
saúde imunizada (“lança-te de aqui
abaixo”) e poder político-social (“mostrou-lhe
todos os reinos do mundo”).
Imediatamente
abraçada pela generalidade eclesiástica do Neo-Pentecostalismo tupiniquim (completamente
diverso do Pentecostalismo Clássico, note-se), a Teologia da Prosperidade foi
malignamente de encontro às sôfregas massas que, sempre débeis..., prontamente
aderiram às falsas panacéias triunfalistas de um “evangelho” que deu as costas
à Cruz, permutando a riscada “cédula que
era contra nós” (Colossenses 2:14) pelo feio e amassado papel moeda dos jubilosamente
reinstalados vendilhões. O templo, casa de oração, voltou a ser covil de
ladrões.
Pregando
riqueza em níveis que praticamente envergonhariam o próprio Midas (o marketing
é a alma no negócio, certo?), os “cafetões da fé” ocuparam redes de tv com sua
despudorada adoração às “trinta moedas” -- símbolo-mor da traição por dinheiro.
Se dantes todo cristão sincero e verdadeiro era, em potência, um Estêvão
apedrejado e um João Batista decapitado, à partir de então a condição de
discípulo do Ressuscitado passou a ser, em ato, a de um Bill Gates herodiano. Afinal
de contas, o “Jesus” neo-pentecostal é um pajé macunaímico. É um milagreiro
xamanístico sempre pronto a negar o sofrimento e a dor enquanto apanágios da Vera Fides [Verdadeira Fé], sempre disposto
a amaldiçoar o martírio físico e espiritual enquanto sinal de contradição da esperança
no Reino que, definitivamente, “não é deste
mundo.” (João 18:36)
Sabem
de uma coisa? Sozinho, o filme “Marcelino Pão e Vinho” -- amenizador espiritual
da Espanha franquista -- faz/fez muito mais pela Cristandade do que todas as
“igrejas” internacionais, mundiais e universais deste Brasil
semi-desguaranizado. Amalgamada ao “jeitinho brasileiro”, qualquer falsa teologia,
por mais notoriamente demoníaca que seja, torna-se ainda mais corrupta e
corruptora. Parafraseando Vaz de Caminha, nesta
terra em se pervertendo tudo dá. E o resultado disso tudo? Eis um povo
fraco, escravizado, submisso não apenas ao leviatã estatal, mas também à
serpente dos falsos ídolos. A Santa Ceia foi substituída pelo pão churrasqueiro
dos pseudos apóstolos apóstatas. A Liturgia, reverente e silenciosa, foi
trocada pelo circo dos ultra-exorcismos e roletas las-veguianas das catedrais
de néon. Em suma, resta o milenar alerta profético: Saí do meio deles, ó povo meu! (Jeremias 51:45)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor, registrar E-mail