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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

UMA LEITURA DO BRASIL A PARTIR DO IBOPE

A pesquisa é clara, não adianta tentar negar os fatos.

Os brasileiros estão cansados do governo. E dos partidos tradicionais, principalmente o PT e o PSDB, que vêm comandando os destinos do país há 20 anos.

As manifestações de junho de 2013 foram por mudanças, um não à política tradicional e aos acordos espúrios que há décadas sucateiam o Brasil.

O PSDB colocou a economia do Brasil nos trilhos e domou o bicho que era a inflação. O PT pegou um país melhor e direcionou a gestão para atender os mais pobres de todas as regiões do País.

A classe média cresceu, a pobreza diminuiu e a exigência aumentou nas grandes capitais, nos municípios do interior, no Sudeste e no Nordeste, apesar do bolsa família e das novas universidades, ou talvez por conta deles mesmo.

Quem nunca teve carro anda de ônibus ou a pé. Mas depois que o homem ou mulher possui seu primeiro automóvel não vai querer ficar sem ele, que mais do que luxo é uma necessidade.
O brasileiro quer escolas e hospitais tão bons quantos os estádios da copa. Não agüenta a burocracia e a ineficiência e sabe que por todo lugar tem roubalheira.
Todos estão cansados da violência, que permanece praticamente a mesma há décadas nos grandes centros e aumentou muito nas pequenas cidades.

Municípios pequenos, bucólicos, onde até a década de 70 havia ainda uma certa inocência, hoje vivem a realidade do crack, da maconha, do álcool, do tráfico e de ladrões de todo tipo que fizeram mestrado no Rio ou São Paulo.

A inteligência, a cultura, educação, um diploma, muitas vezes não valem nada entre nós. A esperteza ou a desonestidade é o que contam.

Todos sabem disso. Não é preciso ser doutor, jornalista, cientista político ou filósofo. Empiricamente a população sente que “tá tudo errado” e é preciso dar um basta.

Eduardo Campos tentou capitalizar esses sentimentos, mas não conseguiu. Falava das raposas e tinha elas ao seu lado, criticava um governo do qual participou 11 anos. Seu discurso soava falso. Com a morte virou herói e santo e está operando milagres, realizando o que não conseguiu em vida.

Dilma tem um bom programa da televisão e está tendo oportunidade de mostrar o que fez. O povo até agora não está dando muita importância. O brasileiro acha que a gestora não fez mais do que sua obrigação. E ainda está devendo.

Lula todo dia está na TV, com um discurso ensaiado, bonito, enfatizando o que os governos do PT fizeram pelos pobres. Não está funcionando. Ele está velho e não representa mais os anseios da massa. Até agora não conseguiu sensibilizar o eleitor como antes.

Talvez tenha tudo a ver com o que foi escrito acima: o nível de exigência aumentou muito.

Aécio Neves é morno, aparece nos programas eleitorais todo engomadinho, com cara de playboy. O povão não confia, “ele tem cara de quem vai acabar com o bolsa família” e retornar as privatizações da época de Fernando Henrique.

Aí vem Marina Silva. Não tem a beleza de quando era jovem. Mas as rugas que não consegue disfarçar são de quem ralou muito para chegar a ser senadora e ministra.

Mesmo tendo passado por esses cargos tem “cara de coitadinha”. Trabalhou nos seringais do Acre, foi empregada doméstica, se alfabetizou já quase adulta. Passa a imagem de íntegra, coerente, combativa.

Parece o Lula de 1989, quando o PT era sinônimo da ética e representava a esperança de um Brasil sem tanta injustiça social e sem corrupção.

Marina é também o Jânio do início da década de 60. O presidente que ia varrer a corrupção com uma vassoura, o moralista que pretendeu proibir os biquínis nas praias brasileiras.

É a “esquerda messiânica” na expressão do professor Rafael Brasil.

Hoje é forte candidata para ganhar a eleição. É uma mudança? É.

Vai dar certo? Com a experiência dos meus cabelos brancos tenho minhas dúvidas. Ela não é nem do PSB, está no partido porque não conseguiu construir sua Rede e entrou na disputa graças a uma tragédia nacional.

Governará com que quadros? E terá jogo de cintura para conviver com um Congresso Nacional  não tão renovado assim?

Os empresários que a apoiam – do Itaú, da Natura, do Agronegócio do seu vice Beto Albuquerque, dos que participaram da maracutaia para comprar o avião, entocados – vão querer cobrar a fatura.

E o povo, o povão vai continuar exigente. Querendo a melhoria do hospital e da escola já. Cobrando resultados na área de segurança a partir do dia primeiro de janeiro de 2015.

Serão muitas as demandas, os problemas, as exigências.

E ninguém faz milagre.

Marina disse que foi a mão de Deus que fez ela candidata a presidente. (Foi Deus que derrubou o avião com Eduardo e mais seis pessoas?). Vamos aguardar então que o Senhor faça com que ela vença a eleição e consiga fazer o governo dos sonhos do povo brasileiro.

Todo mundo no momento está sonhando. Tomara que depois tudo isso não vire um pesadelo.

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