Uma história de Natal de quem nasceu no cariri pernambucano.
Era uma tarde quente. Em Serra dos Bois, Taquaritinga do Norte, PE, o
sol espalhava fogo como naquelas histórias de terror que nossos pais nos
contavam para forçar a chegada do sono. O dia pareceu normal, nada de
extraordinário aconteceu que chamasse a atenção de quem quer fosse. Pela
manhã soltaram-se os animais para que eles fossem campear, procurando
comida e abrigo. No fim do dia as cabras, as ovelhas e as vacas voltaram
para seus currais, para passar mais uma noite remoendo e deixar os
caroços de embu pelo chão.Os papagaios passaram pela manhã e voltaram à
tarde, cantando com alegria.
Logo após o jantar Otília, iniciou uma costura. Com sua máquina de
costura branca de manivela dava inícios ao vai e vem das agulhas e
amarrando com linhas; fechando e abrindo, cortando e acertando detalhes
que só uma boa costureira sabe fazer. No final dava em alguma peça,
podendo ser para criança ou para adulto.
Ocorre que aquele dia era diferente. Ninguém falou para mim que ele não
podia adoecer em dia de Natal. Mas adoeci; de repente senti uma febre,
daquelas que nem chá de quina quina curava.
Quando anoiteceu já dormindo, suado e com frio, fui acordado por Bi,
minha vó. Ela me vestiu com aquela roupa que acabara de fazer e ao
entregar como um presente disse-me:
- Antonio, hoje é dia de Natal, dia que comemoramos o nascimento do Filho de Deus, que veio para perdoar nossos pecados.
Aquelas palavras e a roupa vermelha que me dera foi o remédio para a
doença que estava sofrendo. A febre passou. Parei de suar e de sentir
frio e aquela noite foi a que melhor dormi. Ficando em minha memória
como o melhor Natal de minha infância.
Antonio Martins de Farias
é Advogado e norte taquaritinguense.
Junior, muito obrigado por publicar meu artigo. Isso me deixa muito feliz e aproveito para desejar um 2015 com muita alegria e saúde para você e sua família.
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