Quem frequenta a Clinical Armando Monteiro, no bairro de
Heliópolis, já está acostumado a ver um senhor de cabelos brancos, jeito de
bonachão, que atende diariamente na unidade de saúde privada, como médico
radiologista.
Na clínica ele fez muitas amizades e é tratado com carinho pelos
funcionários, todos bem mais moços do que o médico.
Pedro Correia foi deputado federal de sete mandatos por
Pernambuco, tendo sido da Arena, PFL e depois PL, que virou PP. Esteve presente
nas campanhas de Marco Maciel e Roberto Magalhães, juntamente com Ricardo
Fiúza, Osvaldo Coelho, José Mendonça e outras lideranças políticas
conservadoras.
Com o Governo do PT, Pedro Correia caiu em desgraça, por conta do
seu envolvimento no escândalo que ficou conhecido como mensalão. O parlamentar
foi cassado e condenado pela Justiça a 7 anos e dois meses de prisão.
É o único réu no processo do mensalão que cumpre pena no Agreste
Meridional.
Pedro foi preso em Brasília, no dia 5 de dezembro de 2013 e no
final daquele mês foi transferido para o Centro de Ressocialização de Abreu e
Lima, na Região Metropolitana do Recife. Depois veio parar na penitenciária de
Canhotinho, a 48 km de Garanhuns.
Quem vê Dr. Pedro não consegue enxergar nele um criminoso. O rosto
traz uma expressão sofrida, de quem foi injustiçado, mas quando alguém o
cumprimenta ou puxa conversa ele logo abre um sorriso.
O ex-deputado pernambucano não dá entrevistas, porque a Justiça
não permite.
Através de pessoas que convivem com ele, no seu trabalho em
Garanhuns, é que é possível saber alguma coisa.
Ele é obrigado a usar uma pulseira no braço, que o identifica como
presidiário e não pode sair do Estado sem autorização da justiça. Outro dia
Pedro Correia brincou com um funcionário da Clinical: “Devo ser o bandido mais
perigoso do Estado. Todos estão liberados de usar essa pulseira menos eu”.
Depois de dar expediente na clínica de Garanhuns, Dr. Pedro se
recolhe a cadeia de Canhotinho. Confessou a amigos estar espantado com o
sistema prisional brasileiro. “Lá estão 1.200 detentos e a maioria não tem
ocupação nenhuma. Ficavam ociosos, tramando alguma coisa. Quem entre lá
inocente, às vezes como simples ladrão de galinha, pode sair com diploma para
assaltar banco”, confidenciou.
Como deputado federal Pedro Correia frequentou as altas rodas. Foi
amigo de presidentes da República e de Paulo Maluf, quando este foi governador
de São Paulo e candidato a presidente da República.
Hoje o médico parece interessado apenas em realizar seu trabalho e
cumprir sua pena. Se tudo der certo ainda este ano voltará a ser um homem livre.
Poderá continuar clinicando e quem sabe voltar à política.
Afinal de contas ele continua acompanhando tudo que acontece no
Brasil. Como a maioria dos condenados na Ação Penal 470 ele acha que seu
julgamento foi político, por isso acredita que os responsáveis pelo mensalão
mineiro nunca irão para a cadeia.
Pedro Correia, apesar de tudo que aconteceu, parece estar em paz
consigo mesmo. E dá pra ver que gosta de Garanhuns, cidade que o acolheu na
hora mais difícil. (Foto: g1.globo.com).
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