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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

PEDRO CORREIA FAZ AMIGOS EM GARANHUNS

Quem frequenta a Clinical Armando Monteiro, no bairro de Heliópolis, já está acostumado a ver um senhor de cabelos brancos, jeito de bonachão, que atende diariamente na unidade de saúde privada, como médico radiologista.

Na clínica ele fez muitas amizades e é tratado com carinho pelos funcionários, todos bem mais moços do que o médico.

Pedro Correia foi deputado federal de sete mandatos por Pernambuco, tendo sido da Arena, PFL e depois PL, que virou PP. Esteve presente nas campanhas de Marco Maciel e Roberto Magalhães, juntamente com Ricardo Fiúza, Osvaldo Coelho, José Mendonça e outras lideranças políticas conservadoras.

Com o Governo do PT, Pedro Correia caiu em desgraça, por conta do seu envolvimento no escândalo que ficou conhecido como mensalão. O parlamentar foi cassado e condenado pela Justiça a 7 anos e dois meses de prisão.

É o único réu no processo do mensalão que cumpre pena no Agreste Meridional.

Pedro foi preso em Brasília, no dia 5 de dezembro de 2013 e no final daquele mês foi transferido para o Centro de Ressocialização de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife. Depois veio parar na penitenciária de Canhotinho, a 48 km de Garanhuns.

Quem vê Dr. Pedro não consegue enxergar nele um criminoso. O rosto traz uma expressão sofrida, de quem foi injustiçado, mas quando alguém o cumprimenta ou puxa conversa ele logo abre um sorriso.

O ex-deputado pernambucano não dá entrevistas, porque a Justiça não permite.

Através de pessoas que convivem com ele, no seu trabalho em Garanhuns, é que é possível saber alguma coisa.

Ele é obrigado a usar uma pulseira no braço, que o identifica como presidiário e não pode sair do Estado sem autorização da justiça. Outro dia Pedro Correia brincou com um funcionário da Clinical: “Devo ser o bandido mais perigoso do Estado. Todos estão liberados de usar essa pulseira menos eu”.

Depois de dar expediente na clínica de Garanhuns, Dr. Pedro se recolhe a cadeia de Canhotinho. Confessou a amigos estar espantado com o sistema prisional brasileiro. “Lá estão 1.200 detentos e a maioria não tem ocupação nenhuma. Ficavam ociosos, tramando alguma coisa. Quem entre lá inocente, às vezes como simples ladrão de galinha, pode sair com diploma para assaltar banco”, confidenciou.

Como deputado federal Pedro Correia frequentou as altas rodas. Foi amigo de presidentes da República e de Paulo Maluf, quando este foi governador de São Paulo e candidato a presidente da República.

Hoje o médico parece interessado apenas em realizar seu trabalho e cumprir sua pena. Se tudo der certo ainda este ano voltará a ser um homem livre. Poderá continuar clinicando e quem sabe voltar à política.

Afinal de contas ele continua acompanhando tudo que acontece no Brasil. Como a maioria dos condenados na Ação Penal 470 ele acha que seu julgamento foi político, por isso acredita que os responsáveis pelo mensalão mineiro nunca irão para a cadeia.

Pedro Correia, apesar de tudo que aconteceu, parece estar em paz consigo mesmo. E dá pra ver que gosta de Garanhuns, cidade que o acolheu na hora mais difícil. (Foto: g1.globo.com).

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