Concluindo nossa série de reportagens sobre o surto de virose que acomete cidades da região, a equipe formada pelo jornalista Thonny Hill e pelo radialista Agnaldo Silva seguiu para o município de Taquaritinga do Norte.
Visitamos as Unidades de Saúde da Família (USF) dos distritos de Pão de Açúcar, Gravatá de Ibiapina, Vila do Socorro e também o Hospital Municipal local e conferimos de perto as demandas do dia de cada um desses locais.
Confira o que foi apurado pela equipe.
Grande maioria dos doentes se originam do distrito de Pão de Açúcar
Um dado muito preocupante está associado ao distrito de Pão de Açúcar, local que, segundo profissionais tanto do Hospital Municipal de Taquaritinga como das USFs, a maioria dos casos tem se originado do distrito.
De acordo com a recepcionista da unidade hospitalar, mais de 80% dos casos de pessoas com sintomas do surto (febre, dor de cabeça e no corpo, inchaço nas articulações, dificuldade de movimentação, enjoo, vômito, manchas vermelhas) são originados de Pão de Açúcar.
O município está registrando uma média de 80 a 120 atendimentos diários, contando-se também casos de atendimentos vindos de outras localidades como Santa Cruz do Capibaribe, Vertentes entre outros.
“Nós temos duplicado ou mais a quantidade de atendimentos que foram realizados nesses casos. As pessoas, na sua grande maioria, têm sido atendidas” – disse o secretário de Saúde Ronaldo Veiga.
Visitamos também as duas policlínicas da localidade e foi relatado pelas enfermeiras-chefe das USFs que a demanda de pessoas doentes fez os atendimentos mais que dobrarem nas unidades em um período de 15 dias.
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Um fator lembrado pelo secretário é a proximidade com o Rio Capibaribe que, segundo ele, contribuiu com o surto, mas que a principal causa é a falta de combate aos focos dentro das residências.
A causa também foi lembrada nas outras cidades já que, segundo estudos do Ministério da Saúde, mais de 80% dos focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti estão em ambiente domiciliar.
Falta do larvicida contribuiu com a elevação do surto, diz secretário
De acordo com o secretário, outro problema alertado é a falta do larvicida fornecido pelo Governo Federal, o produto é utilizado, especialmente, para matar as larvas dos mosquitos Aedes aegypti, principal vetor na transmissão do surto.
Segundo Ronaldo, o produto tem faltado há quase três meses e enfatizou que medidas também já estão em andamento no distrito na tentativa de diminuir o surto, mesmo sem o larvicida.
“Temos tomado algumas medidas como a realização da Blitz Ambiental, palestras, ido as rádios para levar orientação, realizamos visitas itinerantes as casas das pessoas com a equipe da Secretaria de Saúde combatendo a dengue e dando informações. Nessas áreas ais críticas, estamos realizando o fumacê. Vamos continuar com esse trabalho nas próximas semanas até diminuir esses casos” – disse.
Falta de medicamentos estão acontecendo esporadicamente no Hospital Geral
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Outra informação que foi apurada é que no Hospital Geral Severino Pereira da Silva está enfrentando a falta de medicamentos que, segundo Ronaldo Veiga, se dá devido ao aumento de pacientes.
A informação foi repassada pelo médico da unidade, Dr. Genésio de Oliveira, que chegou a cogitar o fechamento do local em virtude da falta de medicamentos para serem administrados aos pacientes.
“Liguei várias vezes para o prefeito Evilásio (PSB) e ele não me atendeu. Liguei para o promotor Dr. Iron Miranda e também liguei para o secretário de saúde. Cheguei a cogitar fechar a unidade por falta de medicamentos nesta quinta-feira quando comecei o plantão. Ainda bem que os medicamentos chegaram pela manhã” – disse o médico.
Nossa equipe chegou a flagrar a chegada de mais medicamentos e materiais como cateteres e seringas ao hospital, como forma de reabastecer a unidade de saúde.
Casos de doentes nos distritos de Gravatá de Ibiapina e Vila do Socorro começam a ser registrados
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O surto de virose também começa a chegar na zona rural, mais precisamente nos distritos de Gravatá de Ibiapina e Vila do Socorro.
Em Gravatá de Ibiapina, dois casos foram notificados, sendo eles uma adolescente de 17 anos e uma criança de 3 meses. Ambas já não sentem mais os sintomas da virose segundo Ana Paula, enfermeira chefe da USF.
Já em Vila do Socorro, 20 pessoas já chegaram a procurar a unidade na quarta e quinta-feira,mas não foram atendidas pelo médico da unidade.
De acordo com a técnica de enfermagem do local, Anny Frota, na quarta-feira o médico estava em uma capacitação na cidade de Caruaru sobre como atuar com os doentes e na quinta-feira estava prestando atendimentos nas comunidades de Mateus Vieira, Sítio Oitís e Sítio Tatus.
O relato de uma dona de casa com oito doentes na mesma família
Nossa equipe conversou com uma dona de casa que reside no distrito de Pão de Açúcar, local de onde mais acontece casos de vítimas com o surto.
De acordo com a senhora Maria Luciene Bezerra, boa parte da sua família já foi atingida pelo surto.
“Oito pessoas de minha família estão doentes, incluindo eus filhos, meu pai, meu irmão meu neto e meu pai, que até internado foi. Eu entrei aqui de cadeira de rodas, meu filho mais velho… Todos estamos assim, estou andando dura. Todo mundo caiu de domingo a tarde e as dores só aumentam. Sou forte, impulsiva e teimosa. Vim mostrar exames que já fiz e desejo melhoras para mim e para todos que estão com essa virose – disse.
Diretoria do Hospital Geral de Taquaritinga ironiza equipe de reportagem
Um fato que chamou a atenção foi que a diretora do Hospital Geral Severino Pereira da Silva não quis falar com a nossa equipe de reportagem.
Nossa equipe se dirigiu a unidade hospitalar por três vezes. Na primeira delas, realizada ainda na última segunda-feira (09), ela não se encontrava na unidade.
Já na quinta-feira (12), fomos mais uma vez a unidade e a mesma estava em horário de almoço, período que foi respeitado pela equipe.
Com o retorno da equipe, mesmo autorizada pelo secretário de saúde local a responder questionamentos, a mesma não quis se pronunciar sobre o local que gere e ficou “jogando” para a recepcionista a responsabilidade de passar dados relativos a quantidade de atendimentos prestados, sem que a mesma pudesse ter acesso.
Diante do episódio, entramos em contato com o secretário no mesmo instante e o informamos que aguardávamos na unidade de saúde e que o mesmo ligaria para a diretora. Pouco tempo depois, a mesma chegou de forma ríspida e ironizando a equipe de reportagem, depois de mais de 20 minutos de espera. A equipe então se retirou do local.
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