Quem foi o grande derrotado das eleições de 2 de outubro passado?
Se você disse “o PT”, errou.
O PT saiu esmagado (e o processo seguirá, com a Lava-jato e o massacre midiático).
Mas a grande derrotada foi a frágil democracia brasileira. Por que quem venceu não foi o PMDB nem o PSDB (que se fortaleceram bastante). O vencedor foi a antipolítica, a negação da instância política. E isso é letal para a democracia.
Em 10 capitais brasileiras, a soma de abstenção e votos nulos e brancos superou a dos primeiros colocados. O caso de João Dória – empresário e figura carimbada nos bastidores do mundo político, tendo sido presidente da Embratur no governo José Sarney, quando chegou a ser denunciado por irregularidades – é emblemático. A mídia exalta o fato inédito de ter sido eleito no primeiro turno em São Paulo, mas esquece que seus 3.085.187 votos perderam para apatia dos cidadãos: 3.096.304 de votos em branco, nulos e as abstenções.
Essa apatia – também inédita nesses níveis – é em grande parte resultado da ação irresponsável da mídia que, nos últimos dois anos, na gana de liquidar o PT, terminou por fazer do espaço político uma terra devastada, atingindo assim o espectro democrático. A mídia atua como a artilharia na guerra: bombardeia impiedosamente as posições inimigas, amolecendo o terreno para o avanço da infantaria simbólica do discurso que viabilizou o golpe jurídico-parlamentar-midiático deste ano. E não deem ouvidos ao blá-blá-blá de que “estamos em plena democracia, estão aí as eleições para provar” etc. Durante a ditadura de 64 também havia eleições, sob regras jurídicas criadas por um Congresso majoritariamente servil ao poder.
O PT tem parte de culpa nesse processo, ao se misturar com o que há de pior na velha política em termos ideológicos e pragmáticos em nome da governabilidade e negligenciar as bases sociais sobre as quais foi construído. (Carta Capital).
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