Todas as pesquisas de opinião pública, seja do Ibope, Datafolha, Vox Populi ou de outros institutos menos conhecidos, indicam que o deputado Jair Bolsonaro (PSC) hoje é muito mais forte do que João Dória (PSDB) como pré-candidato à presidência da República.
Não precisa ser cientista político nem diretor de um desses institutos para entender as razões da preferência pelo candidato da linha dura de direita.
Bolsonaro pode ser um maluco que defende ideias excêntricas, está deputado há 26 anos com uma atuação pífia na Câmara Federal, mas é muito mais autêntico do que o prefeito de São Paulo. O representante do PSC assume suas posições homofóbicas, acredita que muitos problemas do Brasil, principalmente na área de segurança, podem ser resolvidos na bala e ainda hoje, quando até a TV Globo fez mea culpa por ter apoiado o golpe de 64, ele defende abertamente o regime militar. Podemos discordar dele, de suas propostas, mas temos de reconhecer que ele não finge ser o que não é.
João Dória, rico, esnobe, preconceituoso, representa um papel, é um camaleão que muda de cor de acordo com as conveniências políticas. Elegeu-se prefeito de São Paulo com o discurso do novo e do não-político e no exercício de mandato trata mais de fazer campanha para ser candidato a presidente do que em administrar uma mega cidade, cheia de problemas. Não é atacado apenas pelo PT que derrotou. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) apadrinhou sua candidatura vitoriosa, mas não está satisfeito com ele. Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB - por sinal o mesmo partido de Dória – nesta semana que passou fez pesadas críticas ao prefeito paulista, que a seu ver abandonou a cidade. Dória, em sua resposta, não poderia ser mais infeliz: a maior crítica que fez ao colega de partido, que já exerceu os cargos de deputado federal e vice-governador de São Paulo, foi chamar-lhe de velho, como se por ter idade avançada não merecesse mais o respeito dos seus pares.
Goldman foi na jugular do prefeito da maior capital do país: “Sou velho, vou fazer 80 anos, mas não sou velhaco”. Se o vereador Eduardo Suplicy ou o Lula chamasse João Dória de velhaco imediatamente seriam desqualificados pela mídia, que acusaria um dos petistas de baixaria. Mas foi um tucano usando um adjetivo pouco lisonjeiro contra outro tucano. E agora José? Ou melhor: E agora João? É por essas e outras que Bolsonaro está nas graças do eleitor mais desinformado ou dos direitistas convictos, mesmo pessoas com algum preparo intelectual. O militar que virou político teve em torno de 17% na última pesquisa do Datafolha, enquanto o João Fanfarrão teve apenas 8%. Jair Bolsonaro só perde para Lula, que apesar de massacrado diariamente no Jornal Nacional e em toda grande imprensa, perseguido por juízes e promotores convictos, cravou 35% na pesquisa do instituto paulista.
Pena que a opinião pública, no Brasil atual, não seja levada em consideração: o presidente ilegítimo é reprovado por 97% da população, é corrupto de carteirinha, mas não cai. O Congresso Nacional sustenta o comprador de votos e duplamente denunciado, o Supremo faz jogo de cena e deixa tudo como está, de modo que provavelmente até a eleição de 2018 (se esta acontecer) teremos de aguentar a quadrilha, seu chefe e os discursos fascistas ou oportunistas que fazem a cabeça dos incautos.
*Foto: Carta Capital.
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