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segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

TENHO QUE ADMITIR QUE JAIR BOLSONARO SURPREENDEU


Por Gilberto Dimenstein*

Tenho de admitir que, nesses primeiros dias de governo, Jair Bolsonaro me surpreendeu – e muito.
Eu sabia que, por falta de experiência em gestão pública ( ou até mesmo privada), ele teria dificuldades pelo menos nos primeiros momentos.
Mas não esperava que Bolsonaro fosse o único grande inimigo de Bolsonaro: afinal, não existe oposição. E, quando ela aparece, faz maluquices como o apoio do PT ao governo da Venezuela.
O filho de seu vice teve o salário triplicado no Banco do Brasil.
Seu amigo teve um aumento salarial de R$ de 15 mil para R$ 50 mil na Petrobras.
O Ministério da Educação lançou edital tirando a obrigatoriedade de referências bibliográficas em livros didáticos.
Colocaram para chefiar o Enem um sujeito que já propôs queima de livros, invasão do Congresso, escreve textos com palavrões, disse que professores pregam o incesto e pedofilia.
Para chefiar a alfabetização, colocaram um rapaz que a única credencial é ser coordenador de uma escola no interior do Paraná chamada Balão Mágico.
Bolsonaro anunciou interesse em ter uma base militar nos EUA – depois recuou.
Anunciou aumento de impostos – depois recuou.
Eduardo Bolsonaro orienta professores a tirarem o feminismo de sala de aula, já adiantando o que iria cair nas provas.
Por causa de seus ataques ao feminismo, Eduardo viu sua suposta vida sexual debate em redes sociais.
Carlos Bolsonaro intensifica a guerra contra inimigos imaginários nos meios de comunicação, provocando desgastes desnecessários ao governo.
Damares Alves diz que meninas devem vestir rosa, meninos, azul.
Onyx Lorenzoni demite centenas de pessoas com o único critério de “despetizar”. Como não podia mais governar, fez o “revogaço”.
Os militares, que deviam ser os mais disciplinados,  se revoltam publicamente contra a reforma da previdência.
PSL apoia para a presidência da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia que, até pouco tempo atrás, era apontado como “pior” do que o PT.
Com um governo assim, ninguém precisa de oposição.
*Gilberto Dimenstein é um dos jornalistas mais experientes e premiados no Brasil, tendo atuado muitos anos na Folha de São Paulo. Publicou diversos livros sobre jornalismo e política.
**Artigo e foto reproduzidos do site Catraca Livre.

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