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sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

UM CABO E UM SOLDADO - Por Roberto Almeida

O ano passado, no calor da disputa eleitoral, foi revelado um vídeo do deputado Eduardo Bolsonaro (filho do hoje presidente da República, Jair Bolsonaro) dizendo que bastaria um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal.

Na época, a oposição fez barulho, a imprensa deu manchetes espalhafatosas e algumas pessoas do meio jurídico reagiram com indignação.

Hoje, com a decisão do ministro Luiz Fux, de mandar suspender as investigações sobre a movimentação financeira do motorista Fabrício Queiroz, a frase doprimeiro filho voltou a ser citada nos sites, jornais, emissoras de rádio e TV.

A decisão do jurista pode até está correta, afinal somos milhões de leigos e Fux é um dos “tampa de Crush” do Brasil na área do direito.

Mas será mera coincidência que os mesmos promotores, juízes e ministros quebotaram pra lascar em Lula e no PT agora viraram cordeirinhos e mandam brecar uma investigação de um suspeito,  só porque o homem é ligado à família de Messias Bolsonaro?

Aqui com meus botões, ignorante na área do direito igual a um toco,  eu fico meio desconfiado e imaginando: “Será que o cabo e o soldado já chegaram ao Supremo? Ou nem precisa mandar os fardados lá, basta a ameaça velada que Luiz Fux,  acovardado,  cuidou logo de proteger os que estão no poder, para não sofrer alguma revés mais na frente?

Feitas estas considerações, vamos concordar que o Brasil realmente mudou. Isto vem acontecendo desde 2013, o processo se acelerou em 2016 e a eleição de outubro de 2018 consolidou a grande virada.

Até o Sérgio Moro mudou. Nem parece o homem que prendia corruptos e representava a esperança de um povo.

Agora, ministro com status de Xerife, perdoa um criminoso confesso simplesmente porque ele pediu desculpas, não se mete no furdunço da movimentação financeira do motorista e competentíssimo vendedor de carros Fabrício Queiroz e também não demonstrou interesse em acabar com a bagunça no Ceará.

Tanto que foi o presidente Bolsonaro e não o Moro, que autorizou a ida da Força Nacional ao estado nordestino tomado pelos bandidos.

Fux, parece, tem juízo, não vai querer ficar de mal com um governo cheio de gente doida como esse que aí está.

Quem é besta de brincar com uma ministra de Estado com o poder de conversar com Jesus num pé de goiaba?

Quem é otário de bater de frente com um governo cheio de generais no ministério, sem falar que o Messias é capitão?

Quem perdeu o juízo para enfrentar uma equipe que tem um ministro das Relações Exteriores que escreve em inglês nos jornais americanos e, embora tenha cometido alguns errinhos, é muito homem para enfrentar a Venezuela de um cara já Maduro?

Quem, por amor de Deus, não vai ter medo de um ministro da educação colombiano tão sábio que descobriu que Karl Marx influenciou a revolução francesa 100 anos antes do seu nascimento?

Aqui pra nós, esse Luiz Fux é um Pelé do Judiciário.

O ministro do STF matou no peito, chutou o rolo pra caçapa e sorriu.

“Lá vou eu ser desmoralizado por um cabo e um soldado”. Deve ter pensado com os seus botões. E aplicou a Lei. Ele sabe que mesmo na era do computador e da internet papel ainda serve para tudo.

Até para limpar as fossas nasais.

Gol de Fabrício Queiroz, que não veste farda, mas está acima do STF.

*Ilustração: Maria Giovana Fortunato

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