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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

O NACIONALISMO DE ARIANO SUASSUNA - Por Roberto Almeida

Ariano Suassuna, que nasceu na Paraíba, mas viveu a maior parte de sua vida em Pernambuco, onde se consagrou como escritor, era um nacionalista, defensor da cultura e dos valores do Nordeste e do Brasil.

Escritor tinha aversão a estrangeirismos e ao culto aos americanos, por parte das classes média e alta do Brasil.

Numa de suas entrevistas, ele contou que quando foi eleito para Academia Brasileira de Letras foi jantar na casa de um casal rico, no Rio de Janeiro e lá se surpreendeu com uma mulher que lhe perguntou se ele (Ariano) já tinha ido à Disney.

Ela revelou decepção com a resposta negativa e logo em seguida indagou uma outra pessoa que estava na residência: “O Sr. já foi a Disney?”.

Suassuna, de modo irônico, disse que a referida senhora parecia dividir o mundo entre os que visitaram e os que nunca foram à Disneylândia.

De outra feita, o pernambucano da Paraíba criticou a Banda Calypso, então no auge do sucesso, pela pobreza de melodias e letras das músicas do grupo comandado por Chimbinha.

Ariano ficou horrorizado com uma reportagem do caderno Ilustrado, da Folha de São Paulo, em que o jornalista que assinava a matéria fazia rasgados elogios a Banda Calypso.

“Jornalista escreveu que Chimbinha é um guitarrista genial. Ora, se o músico da Calypso é genial, que adjetivo vou usar para me referir a Beethoven?”, questionou Ariano Suassuna.

Escritor, uma apaixonado pelo Sport Clube do Recife, foi amigo de Miguel Arraes, era filiado ao PSB, mas nunca quis saber de disputar cargo público.

Confessou que cursou direito por não ter outra coisa pra fazer, sem conseguir aprender nada na faculdade. "Estudava só o suficiente para passar", disse uma vez.

Ariano ficou conhecido por livros como o "Auto da Compadecida" e "Romance da Pedra do Reino".

Criou em Pernambuco o Movimento Armorial, unindo o erudito e o popular na literatura, no teatro, na música e nas artes plásticas.

Suassuna sim era genial e faz falta. Ainda mais neste momento em que o fascismo tomou conta do Brasil, a cultura está sendo desvalorizada como nunca e Calypso hoje chega a ter alguma qualidade, quando comparado com grupos musicais contemporâneos

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