Por Ayrton Maciel
Nenhum outro ano novo antes, talvez 1919 e 1920 – épocas seguintes à pandemia da Gripe Espanhola de 1918 -, chegou com tanta esperança de solução e tamanha expectativa sobre o que virá. O Brasil está chegando a 200 mil mortos (segundo maior em casos no planeta, abaixo apenas dos EUA) pela Covid-19 e supera 7,7 milhões de infectados; o mundo passa de 1,7 milhão de vítimas fatais, com 84,7 milhões de contaminados. Porém, mais de 40 países – os maiores e mais desenvolvidos – já começaram a vacinar, enquanto o Brasil não tem nem data para começar. Os homens maus não têm escrúpulos.
Iniciemos, então, 2021 com esperança. Não só na ciência, mas também no bom caráter, nos bons escrúpulos, nos bons princípios, na solidariedade, no respeito. Que 2021 seja o ano da redenção, da retomada dos sonhos, do resgate do que de bom foi interrompido e do retorno da convivência. Que cristalize a esperança, a confiança, os novos planos e a crença em conquistas e realizações coletivas e pessoais. Que enraíze a convicção no “sim, nós (também) podemos”. Que firme a certeza de que as vacinas salvam, vão permitir a renovação e devolverão o ato do reencontro.
Em 1945 foi igual, ano em que a Segunda Guerra caminhava para seu final.
Nenhum outro ano antes – em 100 anos – chegou com tanta esperança. Dizemos isso para o agora, após (quase) um ano de confinamentos e de distâncias. Porque, na verdade, a humanidade passou por outras esperanças antes e depois de 18. Em 1945 foi igual, ano em que a Segunda Guerra caminhava para seu final. 1963 chegou com a esperança da sobrevivência na Terra, depois da ameaça de uma guerra nuclear entre EUA e URSS devido à crise dos mísseis em Cuba. Em 1990 foi parecido, quando a queda do Muro de Berlim – em novembro de 1989 – selou o fim da Guerra Fria entre os mundos comunista e capitalista.
No nosso mundo (o do Brasil), a queda da ditadura de Getúlio Vargas, em 1945, gerou ventos esperançosos de democracia e liberdade para 1946. Os tempos maus retornaram em 1964, entretanto foram derrotados – novamente – em 1985, quando em janeiro Tancredo Neves foi eleito presidente da República e os ventos da esperança na civilização e no progresso dominaram o país. E, nestes 35 anos, a democracia e a liberdade têm resistido a algozes.
A esperança sempre vence o medo
Nenhum ano antes de 100 anos atrás é tão esperançoso como agora porque vivemos uma pandemia de igual gravidade. Em todos os anos seguintes, a esperança venceu. 2021 não é diferente. E não será. Não é só a crença, é a constatação de que a humanidade sempre venceu. A esperança sempre vence o medo. Que cheguem as vacinas! Elas vão transformar a esperança em certeza. O restante é o que vem depois: a economia, a convivência segura, os planos e até os adeuses.
*Ayrton Maciel é jornalista. Trabalhou no Dario de Pernambuco, Jornal do Commercio e nas rádios Jornal, Olinda e Tamandaré. Ganhador do Prêmio Esso Regional Nordeste de 1991. Escreve aos domingos para o blog Falou e Disse.
*Foto da Revista IstoÉ Independente.
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