Bárbaro, hediondo, macabro, covarde... Nenhuma palavra basta para qualificar o crime. O assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips dizem ao mundo a quê ponto o Brasil chegou na regressão civilizatória e até onde pode ir a disputa pela Amazônia.
Os facínoras que os mataram não seguiram apenas o comando do instinto primitivo e bruto. Agiram segundo a lógica e o ambiente criados por Jair Bolsonaro e seus asseclas. Na disputa sangrenta pela Amazônia, o governo que investe contra o ativismo ambiental e demoniza os indígenas, é complacente com o garimpo ilegal, o desmatamento, a grilagem, a pesca ilegal e todo tipo de predação, dá sinal verde para os assassinos e arma suas mãos.
O Brasil é o terceiro país do mundo em número de assassinatos de ambientalistas. Segundo a associação Global Witness, 448 foram mortos no Brasil entre 2002 e 2013. De 2019 para cá estes números cresceram muito, e incluem agora as mortes de Dom e Bruno – um jornalista que abraçou o Brasil e a Amazônia, um indigenista que dedicou sua vida aos povos do Javari, onde vive o maior conjunto de indígenas isolados e de recente contato do mundo.
Bolsonaro deformou a Funai, o Ibama e o ICM-Bio, entre outras tantas instituições de Estado. Festejou a queda do número de multas ambientais aplicadas pelos fiscais do IBAMA. Vem passando no Congresso todas as boiadas anti-ambientais, com apoio da bancada ruralista. Seu armamentismo chegou à Amazônia profunda, onde tudo vem sendo resolvido a bala. Os homicídios cresceram 52% na região, em um ano, contra uma redução de 10% no país. O clamor contra a violência na Amazônia vem crescendo mas bate em ouvidos moucos.
Da culpa de Bolsonaro na criação deste ambiente já sabíamos. E até mesmo da omissão dos militares, que debilitaram também o programa Calha Norte, criado ainda no governo Sarney, para garantir a presença do Estado naquela área de fronteira. Estão mais ocupados em fustigar o TSE e o sistema eleitoral.
*Artigo reproduzido do site Brasil 247.
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