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segunda-feira, 20 de março de 2023

O MAU COMEÇO DE RAQUEL LYRA

 Imaginei que Raquel Lyra faria uma gestão progressista, avançando em relação ao PSB, que ficou 16 anos no poder.

Para Garanhuns, os socialistas trouxeram a UPAE, o Expresso Cidadão, faculdade de medicina pública, Escola Técnica, asfalto da cidade ao distrito de São Pedro, Centro Oftalmológico, Barragem do Cajueiro, sedes do Corpo de Bombeiro e da Ciretran.

E outras ações importantes, aqui pra cidade e região. Os socialistas não fizeram governos ruins, como pregaram exaustivamente nos últimos anos.

Eduardo Campos morreu cedo, com a popularidade em alta; seu sucessor, Paulo Câmara, nunca conseguiu cair nas graças do povo. Governante sério é danado pra desagradar, o eleitor muitas vezes prefere um vendedor de ilusões, um falastrão.

Desculpe eu me revelar politicamente incorreto: mas alguns eleitores se comportam como a chamada mulher de malandro. Há um dito - até música - falando que gostam de apanhar.

Vamos voltar, porém, a Raquel Lyra, primeira mulher a governar Pernambuco.

Imaginei que ela ia fazer uma gestão progressista por conta de suas origens. Afinal de contas seu avô, seu pai e o tio, Fernando Lyra, sempre estiveram no campo democrático, nunca compactuaram com a ditadura, a direita,  que usa o povo como massa de manobra.

Ainda é cedo para avaliar a atual gestão de Pernambuco, são menos de 100 dias de governo.

Mas ando preocupado. Conversei hoje cedo com um jornalista que mora na capital e ele me disse o seguinte:

"Falam mal da governadora nos ônibus, dentro do UBER,  nas faculdades, nos colégios, nas ruas e nas repartições públicas. A reclamação é geral, dentro e fora da gestão".

Aqui perto, conversei com um político que fez campanha pra Raquel desde o primeiro turno. Votou nela por acreditar na ex-prefeita de Caruaru, não porque ela ficou viúva no dia da eleição.

Ele acha que ela não está correspondendo. Nem com a classe política, nem com a população pernambucana.

Marília Arraes, que perdeu a eleição com o bucho pela boca e foi mãe pela terceira vez recentemente, tem ficado quieta. Este fim de semana, no entanto, teve de se pronunciar.

E ela pode e deve, afinal de contas teve mais de dois milhões de votos.

A neta do ex-governador Miguel Arraes usou as redes sociais para criticar a nomeação de bolsonaristas para cargos importantes do primeiro escalão.

Lembrou da secretária de educação, que fez campanha ferrenha para o capitão e a nomeação do diretor do Detran, ligado a Anderson Ferreira, presidente do PL em Pernambuco.

Cá com meus botões, Marília me fez pensar: Será que Raquel já está pensando na reeleição? E vai querer ganhar de novo, em 2026, aliada aos Ferreira, ao Meira e aos Machado?

Dá pra ficar preocupado sim. Afinal de contas nos livramos do demo por um triz e o que temos hoje é um Congresso Nacional com o que existe de pior na política.

Os governadores dos estados mais importantes, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul são todos de direita, umas verdadeiras joias, sem querer fazer trocadilho com os mimos do ditador da Arábia Saudita.

Raquel passa a impressão de governar Pernambuco com a cabeça de quem ainda é prefeita de Caruaru.

Com todo respeito à cidade, da qual gosto muito, o estado representa outra realidade.

Para governar bem Pernambuco é preciso saber das particularidades de Garanhuns, Petrolina, Belo Jardim, Timbaúba, Recife, Olinda, Camaragibe, Paulista, Jaboatão, Gravatá, Goiana, Surubim, Tamandaré e de cada município de pequeno, médio e grande porte.

Estar junto do povo, dialogar com as lideranças, à esquerda e à direita, ouvir a voz das ruas, captar os anseios da sociedade.

Respeitar os servidores, dialogar com as lideranças sindicais, dar a devida importância aos radialistas, jornalistas e influenciadores digitais.

Naturalmente não sou político nem gestor. Aqui é a opinião de jornalista.

Sempre gostei do estilo de Arraes, que pensava política olhando para os mais pobres.

Simpatizo com Lula, por trabalhar nessa mesma linha.

Raquel, pelo menos nesse começo, me passa a imagem de inflexível, de mandona, de burguesa, uma governante distanciada do povo e próxima dos setores mais atrasados da política pernambucana.

Torço para que esse mau começo seja fruto da inexperiência (como governadora), de modo que ela possa nos próximos meses e anos atender a expectativa dos mais de três milhões de eleitores.

Diziam que Paulo Câmara era ruim, apesar de ter sido eleito duas vezes. Sinceramente, espero que Raquel Lyra não possa futuramente, na comparação, ser considerada pior que seu antecessor.

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