A fronteira que separa o discurso político do religioso é muito tênue, e, portanto, merece uma observação mais atenciosa para que uma coisa não se misture com a outra, as recentes declarações do Pastor André Valadão são passivas de diversos entendimentos, menos de que ele esteja pregando a paz e a compreensão entre os seres humanos, se trata de crime de incitação à violência, ao homicídio a política da indiferença em detrimento do direito a diferença.
Cada vez que o discurso religioso é utilizado para justificar ideologias políticas, os riscos de dar errado são grandes, a religião não tem como finalidade cuidar do Estado, e sim do transcendente, aquilo que vai além da matéria, quando se misturam as coisas o desastre é anunciado, não são poucos na política também que tentam legitimar suas ações ligadas diretamente ao divino, outro grande erro, não cabe a política partidária cuidar da alma das pessoas, mas do seu bem-estar físico, melhorar o IDH, não vence uma eleição quem tem mais fé, vence quem tem mais votos, e esses por sua vez, especialmente em um país laico, não são ancorados na metafísica nossa de cada dia.
Em casos como o do Pastor citado, infelizmente não é só ele que tem esse comportamento deplorável, cabe sim as forças do Estado tomar as providências para que esse tipo de coisa não continue se multiplicando, é por conta de "cristãos" dessa qualidade que a igreja perde sua legitimidade enquanto comunidade identitária da ética e da moral em favor da melhor convivência humana, no livro reinventar a vida, Frei Betto nos lembra que nunca é tarde para amar, então, que tenhamos o amor como referência, desde que seja na prática, amor sem ação é engodo, é igual a falsos cristãos que pregam a morte em lugar da vida, no mais fica o dito para ser reescrito e ponto final.
Professor Rimário
Graduado em História, Pós-graduado em História Contemporânea, Pós-graduado em Ciências da Educação.
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