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segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

EDUARDO NA FOME

          

Ninguém na cidade de Santa Cruz do Capibaribe nega ao deputado Eduardo da Fonte o mérito de ter colocado o prefeito Fábio Aragão na cadeira número um da municipalidade. 

A mesma coisa teria feito com Seu Fernando Aragão, se a tragédia da COVID (uma gripezinha, segundo o candidato a presidente que recebeu o voto do prefeito) não tivesse tragado a vida dele. Ficou provado que o PSB local seria triturado de qualquer jeito por Paulo Câmara e João Campos e Diogo engoliria de qualquer forma a perua de que tanto falava quando garantia a candidatura de Helinho Aragão a prefeito pelo PSB. A tragédia terminou sendo uma saída honrosa para o deputado e o hoje vice-prefeito. Isso evidencia duas coisas: a força do PP de Da Fonte e a prioridade que era eleger o infante dos Campos lá em Recife.

Em recente entrevista ao programa Agreste em Destaque, da Rádio Comunidade FM, o vereador Calinhos da Cohab se derreteu para o deputado Eduardo. Segundo Carlinhos, “se tirar as obras de Eduardo da Fonte aqui em SCC fica um oco”. Para ele, “é um dos deputados que mais têm história em nossa cidade” e que “política se faz tendo história e fazendo história, tendo trabalho e realizando trabalho”. 

Mas... Questionado, o vereador não disse duas coisas imperativas para a entrevista, em se tratando de alguém que não costuma colocar freio nas palavras. Primeiro, por que o prefeito abandonou da Fonte? Segundo: com quem o vereador ficará daqui para a frente? Tangenciar na primeira pergunta faz algum sentido já que dependeria de uma justificativa do prefeito, com o qual Carlinhos ainda não se reuniu (Será que Galego já se dispõe agendar essa conversa?). Apenas ouviu via telefone que Fábio “não estava mais confortável no partido”. Com relação à parte que o toca, Carlinhos ficou “caladinho”, não disse que rumo vai tomar, porque ainda não teve uma “conversa cara a cara com o deputado”.

Fica claro que o vereador se encontra num dilema: reconhecer o trabalho de Da Fonte e ser-lhe grato pela amizade e prestígio político que recebeu ou acompanhar o prefeito no seu novo rumo político-partidário. O componente da decisão que indica acompanhar o prefeito é abstrato, mas sempre apavora o ser humano, mesmo que esse ser humano seja o destemido vereador Carlinhos: o medo. Da Cohab não é mais a mesma pessoa de quem o prefeito morria de medo. 

Era só olhar o semblante vassalo de quando comparecia ao programa radiofônico do vereador. Parecia o empresário Alan Carneiro ao lado de Abimael: contrito, acuado, esperando autorização para falar e sem poder discordar das barbaridades que ouvia. Ao peitar o prefeito naquela entrevista bombástica a Ernesto Maia, Carlinhos não esperava que os instintos do bom moço pudessem se exaurir. Mas, sua excelência chefe do município, resolveu fazer o vereador degustar um “novo tempo” na relação política entre os dois. Claro que o prefeito primeiro foi ter com os seus “gladiadores”, tipo Marcelino Cumaru, Flávio Pontes, Galego de Mourinha, Eliel Antônio. E deve ter ouvido deles: “tamo juntos, a concessão da entrevista passou dos limites, vamos pra cima de Carlinhos porque nem com ele foguete dá ré”.

A incógnita agora é a reação do deputado Eduardo da Fonte ao perder dessa forma o valioso colégio eleitoral na terra em que uma assessoria jurídica perde prazos processuais e os Toyotas não emitem poluentes quando dão uma baforada pelo escapamento. O deputado deve estar muito chateado com a ingratidão. Deve estar pensando em tudo que fez pela cidade e, principalmente, para colocar Fábio Aragão na cadeira de prefeito. Deve estar muito tocado com a solidariedade que recebeu de ninguém, nem de quem ele mais esperava, do vereador Carlinhos. Dizem que, ao chegar em Santa Cruz, Da Fonte ia primeiro na Cohab e depois no Jardins do Capibaribe, num sinal evidente do tamanho do prestígio político dos dois personagens. Pode ser folclore ou maldade de alguma vereadora, mas as evidências deixam transparecer que faz algum sentido. 

Aparentemente, o prefeito abateu os dois aliados. Baixou o tom do vereador, inoculou medo na campanha de reeleição dele e trocou os vinténs do deputado Eduardo pela botija de Felipe Carreras. Claro que em Brasília o cupido foi Diogo, vingando-se duplamente de do chefão do PP: a tratorada de 2020 e a tentativa de tratorada na eleição do TCE. Não foi difícil para o filho de Oseas. Como sugeriu o “amigo do rei” Flávio Pontes: com 15 milhões em emendas, é amor político à primeira vista. Aguardemos o primeiro eduardista a largar o diário oficial e se solidarizar com Da Fonte. Ajudaria o prefeito Fábio a cumprir a promessa de colocar a folha de pagamentos em 48%. Com os atuais 62%, já está pré-diabética.


Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.

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