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sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Expoentes da Terceira Via fecham com Allyson Dias


Não é comum uma terceira força política quebrar uma disputa tradicional de décadas entre outros dois grupos políticos numa pequena cidade do interior. A política dos “grotões” é movida pela paixão, pelo lado, pela cor e independe se o gestor faz ou não uma grande administração, exceto se for uma tragédia política indefensável. Normalmente um feijão com arroz é o suficiente para eleger um candidato. Muito parecida com a paixão pelo futebol. Não obedece a racionalidades, Agora imaginem quebrar a polarização numa cidade onde o prefeito é bem avaliado e vai disputar a reeleição, outro ingrediente complicador para quem se coloca como alternativa à dicotomia.

Santa Cruz do Capibaribe, apesar dos seus mais de 100 mil habitantes, sempre esteve acostumada ao FLA-FLU político. Por isso que o surgimento de uma terceira força surpreendeu. Força essa que por milímetros eleitorais não conquistou o comando da prefeitura. Talvez um certo “elitismo” tenha tirado a vitória, já que foi a zona rural que impediu o “segundo” de chegar em primeiro. De qualquer forma, suplantou o candidato da situação e deu um calor no atual mandatário. Terminou por se consolidar como grupo político viável e ator indispensável para a formatação de costuras políticas futuras e a prova estamos vendo agora.

O mesmo não se deu com a terceira via que se lançou ao desafio de quebrar em Taquaritinga do Norte a guerra entre os grupos Gravatinha, que dominou por três eleições, e Calabar, que comanda a cidade desde o ano de 2000, disputa que começou na eleição memorável de 1988. È tanto que o candidato Gravatinha em 2020 era o mesmo de sempre, Jânio Arruda e sua coleção de revezes diante do Calabar, o que não impediu o tradicional adversário, mesmo com a máquina na mão, de passar por grande tensão eleitoral para derrotar o oponente de sempre.

Diferente de Santa Cruz, a terceira via de Taquaritinga passou muito longe da vitória, sequer chegou a ameaçar, mas a performance pode ser considerada vitoriosa, uma vez que conseguiu eleger um vereador, Milton Cícero, o qual se tornou presidente da Câmara Municipal, por uma circunstância política especialíssima, mas não menos valorosa. E os mais de mil votos do candidato a prefeito, Fábio de Jairo, terminaram por interferir no desfecho do pleito. Primeiro porque o grupo Calabar viu sua histórica vantagem eleitoral diminuir em Pão de Açúcar, segundo porque o prefeito Lero foi reeleito com 48% dos votos contra 52% da soma dos seus dois adversários. Com um discurso mais focado sobre a administração, a terceira via terminou por se confundir com o principal grupo oposicionista, os Gravatinhas.

O fato é que esse grupo alternativo ganhou peso político, principalmente por comandar o legislativo municipal, posição chave para qualquer administração. Não se configurou, de cara, como aliado, mas não dificultou a vida da administração Lero, o que sinalizou um esperança para uma futura caminhada política. Pelo peso político da função, a terceira via poderia até pleitear uma presença na chapa majoritária. Daí se considera que, a despeito de não ter quebrado o secular clássico Gravatinha-Calabar, pela dificuldade de sempre e por alguns equívocos de campanha, a terceira via encorpou uma expressão política desejada pelos quatro ou cinco nomes que no momento se colocam como opção para prefeito.

Ao aderir, finalmente, ao grupo Calabar, expectativa que já era alimentada há meses, terminou fortalecendo o grupo do prefeito Lero, cujo pré-candidato é o estreante Allyson Dias. Faltava esse gesto político explícito para consolidar o nome de Allyson, um importante gol que anima a militância e, naturalmente, causa preocupação nos pré-candidatos adversários. Não só preocupação eleitoral, mas preocupação com a possibilidade de esse reforço político abrir uma avenida de adesões, fazendo um estrago eleitoral na oposição, que reagiu imediatamente, ao jogar nas redes sociais contradições políticas entre os recém-aliados. Um sintoma claríssimo de que os desafiantes, de sempre e recentes, “sentiram o golpe”. Passaram o recibo ao minimizar a adesão, circunscrevendo-a a dois nomes e contando com a ausência de outros pesos-pesados. Mas o combo veio completo.

A próxima eleição vai ser diferente e desafiadora. Diferente porque, a preço de hoje, teremos quatro candidaturas, ou seja, uma via a mais. Desafiadora porque serão três batendo contra um. Vai ser uma campanha emotiva, que resgatará símbolos do passado. Mais do que propostas, os candidatos vão se agarrar às cores para sensibilizar o eleitorado, estratégia acertada para uns e equivocadas para outros.

Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.

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