Já faz um tempinho que o prefeito Lero fez um estrago no terreiro da oposição, repatriou para o ninho Calabar o trator de Pão de Açúcar, Luís Floriano, o conhecido Batata. Quem imagina que um time contrate um Messi para ele ficar no banco de reservas? Obviamente já chega com a condição de titular. Resta, claro, uma possibilidade de ficar no banco, mas apenas diante de uma eventualidade da qual não se tem controle: um problema de saúde, uma decisão pessoal, uma questão jurídica. Então, ao voltar para o campo político onde sempre esteve, Batata veio com a expectativa de ocupar o lugar de vice na chapa de Alysson Dias. Uma pretensão lógica, natural, pacífica, de lado a lado, de quem chegou e de quem recebeu. Tanto é que meses se passaram e não se ouviu uma voz de contrariedade com a possível chapa AB.
O cálculo é muito simples, Batata tem experiência política, disposição incomum numa campanha eleitoral é de Pão de Açúcar, requisito indispensável para se formar uma chapa vitoriosa e tem respaldo, digamos, “logístico”. Não se conhece, pelo menos publicamente, personagens históricos do grupo Calabar, em Pão de Açúcar, que vete o nome de Batata na vice. Passaram-se meses para que algum muxoxo pudesse vir à tona. Em todas as entrevistas, tanto Lero, quanto Alysson, assim como o próprio Batata, deixaram bem claro que o grupo dispunha de grandes nomes políticos para se apresentarem como vice, desde que a conjuntura política os cacifasse. Então, Batata é a preferência quase unânime, mas sem desvalorizar outros expoentes do grupo.
Agora, nessa virada de ano, de repente, alguém anda alimentando uma perua, perdendo até o time gastronômico, ou seja, se tivesse surgido no Natal, não contemplando o quinta-colunismo de dois ou três enrustidos, como barganha, servir-se-ia pelo menos como quitute natalino, acompanhado de um bom espumante do Vale do São Francisco. Pergunta-se: a quem serve estimular essa quimera de que o secretário de articulação política Dudinha deseja disputar com Batata o posto de vice na chapa Calabar? Se fosse uma fake da oposição, nada mais natural, abreviar a sequência espetacular de vitórias dos vermelho autênticos. Não tendo esse alguém, vira-se a página e fabrica-se uma pauta negativa. È do jogo eleitoral, inclusive requentar uma declaração, vazia de conteúdo, feita no calor de uma disputa eleitoral.
Então, estranha-se que estejam se valendo de uma certa ingenuidade do secretário Dudinha e estejam lhe estendendo uma corda, fazendo-o crer que pode entrar na chapa, tirando o já consolidado nome de Batata. Essa corda, partindo da oposição, sim, jogo naturalíssimo. O que não é natural é um “movimento” interno de uma ou duas pessoas, despersonalizado, conduzido por alguém que tenha algum interesse eleitoral. Mas, como diz o ditado, a esperteza também pode comer o gato. Da boca do secretário Dudinha não saiu, publicamente, um “desejo ser vice” ou “quero disputar a indicação com Batata”. Aliás, ele até nega e atribui o boato aos “caras que estão falando isso”. Percebe-se claramente uma forçação de pauta, quem sabe com o intuito de valorizar o passe de algum “atleta” ou então, como diz a música “eu vou fazer um leilão, quem dá mais pelo meu coração”. De qualquer forma, o secretário também se acautele e se pergunte: “sou tão popular assim? Meu nome sendo tão comentado nas comunidades? Ou tenho algum atrativo não eleitoral?”.
Por mais forte que seja um prefeito, ele precisa ser racional na montagem da chapa que pretende apoiar para sua sucessão. O papel de vice é estratégico para complementar a capacidade eleitoral do cabeça de chapa. Complemento esse que não leva em conta apenas o potencial de votos. Claro que há muitos nomes no grupo Calabar com capacidade para figurar como vice, mas o conjunto da circunstância política favorece Batata, um Calabar histórico.
Apenas uma situação especialíssima poderia alterar a chapa e não é o caso do secretário Dudinha, que está sendo objeto de algum interesse de quem vê nessa “perua” uma oportunidade para , posteriormente, saltar do muro para o lado mais promissor. O grupo Calabar tem o desafio de partir para mais um mandato, mas dispõe das condições político-eleitorais para disputar como favorito. “Peruas” como essa do secretário Dudinha na vice mostram como a oposição aposta num erro interno do grupo situacionista para tentar interromper a trajetória de vitórias. Não deve dar certo porque até o próprio secretário vai perceber que esse “amor” por sua candidatura pode ser um “golpe do baú”.
Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.
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