Surpreendeu a declaração do empresário Robson Ferreira, PP, de aceitar disputar a eleição em Santa Cruz do Capibaribe como candidato a vice. Lembrando que, há não muitos meses atrás, o empresário não aceitaria a condição de vice “nem da minha mãe”. Mais surpreendente ainda foi a admissão de que, mesmo ficando em primeiro lugar numa pesquisa interna, ainda assim, poderia aceitar a vice, porque, segundo ele, “política é feita de gestos”. Postura muito sintonizada com sua afirmada e reafirmada intransigência de que não seria vice de ninguém, portanto, “gestos” só para o “venha a nós”, “ao vosso reino”, nada.
Mas, agora no grupo Verde, a surpreendente declaração se configura como uma coisa óbvia, já que, em pesquisas, um componente é fundamental, o chamado “recall”, ou seja, a lembrança que um nome tem perante o eleitorado. E a pesquisa a ser feita como parâmetro para definir o cabeça de chapa não será qualitativa e sim, quantitativa, isto é, vence quem for o mais lembrado e não quem tem maior potencial de crescimento eleitoral durante a campanha ou menos rejeição. Sendo assim, é compreensível o desprendimento do empresário Robson. Só perde para Madre Teresa de “Calcular”. Naturalmente que o nome do empresário Valmir Ribeiro é menos conhecido, apesar de, considerando suas declarações em entrevistas, aparentar mais preparo e equilíbrio do que Robson. Então, a falada pesquisa será apenas uma formalidade, cujo resultado todo mundo já espera. O que, aparentemente, será um alívio para o empresário Valmir, que não precisaria dela para ser o nome do Verde, que ficou boiando, à deriva, tanto que foi oferecido ao “baixo clero”, o vereador Capilé. Parece que Valmir se apresentou apenas para amenizar a fraquejada da entrega do grupo a Robson.
Então, é pule de dez que o candidato Verde será Robson Ferreira, aquele mesmo que fez chacota recentemente com o grupo, perguntando se o pré-candidato dos “Carneirinhos” seria o Lombardi, famoso personagem da TV brasileira, do Programa do Sílvio Santos, cujo rosto ninguém conhecia, mas de uma voz inconfundível. Pode-se ver que a capacidade de autoflagelo, do Verde, não terminou com aquela confissão do empresário Alan Carneiro, anunciando a segunda desistência: “eu não quero (quero muito, mas não posso), fulano não quer, beltrano não quer, então... Então, o jeito é Capilé”. Agora, o mesmo Alan Carneiro, a quem Valmir Ribeiro atribuiu a “culpa” pela perda das siglas PSD e PMDB, parece mais relaxado, menos tenso e mais desenvolto nos microfones, prometendo que o grupo vai apresentar um projeto e um nome à cidade, o “ET”, Robson Ferreira.
O mesmíssimo Robson vai representar os “esquerdistas” do Cidadania, pelo PP de Eduardo Da Fonte, que teria uma foto enorme com Lula no seu escritório. Vai representar o “petista” Alan César (circula a história de que o dono da Autoplanos seria lulista). Robson que chamou o evento de filiação de Alessandra Vieira ao seu antigo partido, o PL, de palhaçada” e acusou os patriotas de Santa Cruz e a direção regional, sob o comando dos Ferreira de Jaboatão, de juntar o partido com os “esquerdistas” João Campos e Miguel Coelho e fazer aliança política com partidos que têm cargos no governo Lula, como se o PP fosse abstêmio, não exigisse espaços políticos em qualquer governo, de esquerda, de direita ou de extrema direita, como o que foi exorcizado nas urnas em 2022.
Um fato a destacar é que, segundo Robson, está totalmente descartada a possibilidade de uma junção das oposições para enfrentar a candidatura à reeleição do prefeito Fábio. Até mesmo o empresário Valmir praticamente endossou essa decisão. Significa que o grupo acredita que pode repetir a performance de 2020, quando se apresentou “diferente” e teve um inegável sucesso. Mas vai ficar estranho carregar no embornal a trágica gestão Capilé na Câmara Municipal, a não menos questionada condução da casa legislativa pelo vereador Zeba, que não vai disputar a reeleição e, principalmente, o fato de ter tantos expoentes, e precisar recorrer ao “Lombardi”, ex-PL. Unidos em cima dos palanques, nas malas, nos eventos de mídia, os Verdes originais e o genérico Robson vão se dar as mãos, erguê-las e gritar o mantra “Deus, Pátria, Família e Liberdade”?
Esperemos o resultado da pesquisa que vai determinar o nome a encabeçar a chapa, tão imprevisível quanto uma eleição em Cuba. Esperemos também se Robson vai esquecer seus antigos companheiros de PL e se vai abrir mão de usar a imagem do casal 20 da direita nacional, se vai ter o endosso do sanfoneiro fanfarrão Gilson Machado, se vai conseguir minar, junto com Da Fonte, Ciro Nogueira e o límpido Valdemar da Costa Neto, a candidatura do grupo Azul. Por enquanto, fiquemos com esse pré-candidato desprovido de qualquer vaidade e desse grupo político que perdeu a identidade e se encontra à mercê do deputado Eduardo da Fonte, aliado da governadora, que despreza o Verde e vai apoiar o Vermelho. O grupo Verde é um celeiro de Alans e um deserto de líderes, por isso que se "acabou". Repetir o milagre de 2020 não parece provável.
Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.
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