Sereno, que declarou renda anual de R$ 46.400, e a cobertura onde mora no Rio, cujo aluguel não sai por
menos de R$ 4 mil mensais
Revista Época
Ex-dirigente do PT, Marcelo Sereno é investigado por sonegação, e a Justiça quebra seu sigilo
Hudson Corrêa
Marcelo Sereno foi assessor do ex-ministro José Dirceu e dirigente nacional do PT. Ele esteve envolvido no mensalão, foi acusado de desviar recursos de fundos de pensão, virou secretário de uma prefeitura petista e tentou, sem sucesso, ser deputado. Até que desistiu da vida pública e abriu uma consultoria. Mas ninguém sabe até hoje se obteve sucesso na nova empreitada. Nem mesmo a Receita Federal. Agora, Sereno é alvo de uma investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a suspeita de sonegação de impostos. Seus sigilos fiscal e bancário foram quebrados. Os papéis revelam rendimentos modestos, aparentemente incompatíveis com seu estilo de vida.
Sereno mora desde 2006 numa cobertura alugada na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, com quatro vagas na garagem. O aluguel, segundo corretores, não sai por menos de R$ 4 mil. Em 2008, Sereno declarou rendimento anual de R$ 46.400, recebido exclusivamente de sua consultoria. Ou seja, menos de R$ 4 mil por mês.
Em novembro de 2008, Sereno virou presidente da companhia Grandiflorum Participações, criada pelo Grupo Andrade Magro, do setor de combustíveis. Um mês depois, a companhia comprou por R$ 7 milhões a Refinaria de Petróleo Manguinhos, que, no exercício seguinte, faturou R$ 320 milhões. No fim de 2009, Sereno deixou a empresa. Mesmo depois de ele passar a ser remunerado como alto executivo de uma grande empresa, nada aconteceu com seu patrimônio. Pelo menos perante a Justiça Eleitoral. Em 2009 (ano-calendário 2008), ele declarou à Receita um total de R$ 280.900. Em 2010, como candidato, declarou os mesmos R$ 280.900 à Justiça Eleitoral.
“Fui contratado em 17 de dezembro de 2008 e comecei a receber em janeiro de 2009. Portanto, só declarei (à Receita) os rendimentos da empresa em 2010”, diz.
As investigações sobre Sereno começaram a partir de um inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro para apurar corrupção na Agência Nacional de Petróleo (ANP). Segundo a polícia, Sereno usava de sua influência no PT para beneficiar o grupo Magro. O relatório não detalha as andanças de Sereno no mundo político, mas informa que o grupo Magro obteve decisões favoráveis na ANP no período em que ele esteve por lá. A empresa conseguiu postergar por mais de um ano o cancelamento do registro de uma distribuidora. Obteve também o direito a comercializar uma quantidade maior de gasolina no mercado. E recebeu o aval para importar, em caráter excepcional, um material exclusivo da indústria química.
O caso foi parar no STF porque o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA) foram citados em conversas do empresário Ricardo Andrade Magro, dono do grupo e principal alvo da investigação sobre sonegação.
As primeiras acusações de favorecimento ao grupo Magro na ANP surgiram em novembro. Na ocasião, a então presidente eleita, Dilma Rousseff, pediu ao diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, que apurasse. Foi aberta uma sindicância para esmiuçar o caso. ÉPOCA pediu informações sobre o processo, mas a ANP não se manifestou.
Na foto: Marcelo Sereno, Lindberg Farias e a
quadrilha de Maricá
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