A situação do lixão de
Toritama, no
Agreste pernambucano,
vem se agravando
nos últimos meses. Às margens
da BR-104, o volume de resíduos
é tamanho que
já tomou o acostamento
da via em alguns trechos.
Mas o problema não é
só o risco ao trânsito, pois todo tipo de resíduos são encontrados
no local. Os caminhões coletores despejam materiais orgânicos,
recicláveis e até hospitalares, de acordo com os catadores.
Outra realidade que chama a atenção é a presença de
crianças entre os entulhos à procura de materiais que possam
ser vendidos.
Cerca de dez pessoas realizam a coleta de materiais recicláveis.
A pequena associação foi criada informalmente pelos próprios
catadores. E são eles os primeiros a destacarem os principais
problemas do lixão. “Faz muito tempo que não passa a máquina
para retirar (o lixo). E está um perigo porque cada dia chega
mais perto da BR”, comentou o catador José Martins, de 50 anos.
Ainda segundo o catador, os resíduos que invadem pista
causam acidentes. “Já teve muito acidente por aqui, inclusive
com morte”, disse Martins. Os motoristas que utilizam a
rodovia também reclamam das queimadas. “Isso é uma vergonha.
Quando tem queimada ninguém vê nada na pista”, disse o
cambista Severino de Andrade, 64.
Os catadores denunciaram ainda o despejo indiscriminado de lixo.
“Até caixão de defunto e pé de gente morta a gente já encontrou”,
revelou Sebastião do Nascimento, 50. Para se proteger,
a catadora Maria Cícera da Silva, 57, usa luvas, botas, calça,
camisa comprida e chapéu. “Trabalho aqui há nove anos e
já encontrei muita coisa. Quando a gente percebe que a bolsa
é de material de hospital a gente joga para longe com medo”,
revelou a mulher.
A denúncia sobre lixo hospitalar no local foi reforçada pelo
catador Fabiano de Lima, 26. “Tem um tanque que é para
queimar o material que vem do hospital, mas eu mesmo
nunca vi funcionando”, comentou. Além disso, os dejetos do
matadouro público da cidade também são jogados no terreno.
O caminhão do matadouro chega sem cerimônia pelo menos
três vezes por semana ao local.
Todo o relato da situação do lixão de Toritama foi repassado
à nova promotora pública da cidade, Milena Conceição Santos,
que assume o cargo em Setembro. “Este é um problema
complicado, que sugere, no mínimo, a retirada do (lixão do)
local”, frisou. Em anos anteriores, o MPPE firmou Termos
de Ajustamento do Conduta (TAC) com a prefeitura, que não
foram cumpridos.
FONTE: NE10 |
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