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terça-feira, 19 de junho de 2012

Deputada censurada por ter falado a palavra vagina


A deputada estadual Lisa Brown, democrata, do estado de Michigan, EUA, foi proibida de usar o microfone durante o debate de uma lei sobre o aborto, por falta de decoro, por ter usado a palavra “vagina”
Foto: Dale G. Young/The Detroit News via AP
A deputada Lisa Brown, tem doutorado e mestrado em Economia pela Universidade do Colorado, está solteira, é mãe de três filhos e tem vagina

Lisa Brown, 56 anos, mãe de três filhos, deputada estadual em segundo mandato, do partido democrata de Michigan, EUA, foi proibida de falar na tribuna da Câmara, pela presidência da casa, durante o tempo restante da discussão de um projeto de lei contra o aborto, após ter dito a palavra "vagina" num discurso no plenário.

"Senhor presidente (da Câmara). Estou lisonjeada que vossa excelência esteja tão interessado na minha vagina, mas 'não' significa 'não' ", afirmou Lisa, na conclusão de sua fala, votando contra o projeto.

Na prática a deputada argumentou que o projeto de lei que regulamenta o aborto violaria sua fé judaica que permite a interrupção da gravidez terapêutica quando a vida da mãe está em risco.

Mesmo com o voto contrário de Lisa, o projeto foi aprovado pela larga margem de 70 a 39. Aparentemente o projeto visa introduzir novas regras e requisitos para que o aborto seja permitido. Os críticos dizem que a medida faz parte de um pacote legislativo visando proibir o aborto nos EUA.

De acordo com o Detroit News, o deputado republicano, Jim Stamas, líder da maioria, declarou que os comentários de Brown violaram o decoro parlamentar.

Lisa Brown disse está chocada com a decisão da liderança republicana da Câmara dos Deputados Michigan que lhe proibiu de falar, por ter usado a palavra vagina.

“Eu usei essa palavra porque estávamos debatendo sobre um problema da saúde das mulheres. Vagina, por sinal, é a denominação médica correta da anatomia feminina”.

“Um dos meus colegas, o deputado Mike Callton, disse que "vagina" é uma palavra tão perturbadora que ele nunca se dignou a usá-lo na presença de mulheres ou de plateias mistas". A deputada ressalta ainda que, estranhamente, o parlamentar perturbado com a vagina é bacharel em biologia.

A imprensa americana está chamando o fato de “vaginagate”.

Alguém precisa informar a estes parlamentares tão indignados como eles foram gerados e que a vagina é uma das maravilhosas diferenças entre meninos e meninas.

Apesar de defender o direito da deputada de falar a palavra vagina no plenário da câmara e de achar uma violência democrática impedir que um representante do povo seja impedida de emitir sua livre opinião, não deixamos de concordar com alguns parlamentares americanos que disseram que não foi a palavra em si, mas o modo como ela foi usada no contexto.

Como exemplo, reportamos que outra deputada democrata, Barb Byrum, que como Lisa foi impedida também de falar, durante o mesmo debate, embora sua história não tenha repercutido com a mesma intensidade, após defender a regulamentação da vasectomia, alegando que se era para reduzir os abortos, que se cuidasse de facilitar os programas de esterilização dos homens.

Imaginemos que parodiando Elisa Brow, que disse ao presidente da câmara, direto da tribuna: “Estou lisonjeada que vossa excelência esteja tão interessado na minha vagina” um deputado se dirigisse a deputada Barb Byrum, e dissesse: “Estou lisonjeado que vossa excelência esteja interessada nos meus testículos.” (?) Claro que a fala do deputado seria considerada uma ofensa.

No rastilho desse debate vaginal, esta sendo programada uma leitura da famosa peça, "Os Monólogos da Vagina", da premiada teatróloga Eve Ensler, que participará do evento, nas escadarias da Câmara de Michigan. A performance contará com a presença da deputada Lisa Brown e outras parlamentares do seu partido. A peça conta a experiência de centenas de mulheres e as suas abordagens sobre a vagina. A escritora Eve Ensler, autora do texto, sugeriu as suas seguidoras do Twitter para enviar história sobre suas vaginas para os parlamentares.

A peça "Os Monólogos da Vagina", foi produzida em 150 países e traduzidos para mais de 50 idiomas.

No Brasil, o espetáculo estreou no ano 2000, numa adaptação e direção de Miguel Falabella, e ainda está em cartaz, no Teatro Brigadeiro, em São Paulo. Comemorando os 12 anos de montagem, foi revitalizado com um novo elenco: Fafy Siqueira, Adriana Lessa e Chris Couto.

Entre nós o espetáculo da vagina é recomendando para maiores de 12 anos.

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