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sexta-feira, 20 de julho de 2012

OS NEM SEMPRE CRIATIVOS SLOGANS DE CAMPANHA


Nada se cria, tudo se copia. Basta dar uma olhadinha nos slogans de algumas campanhas políticas para ver como os marketeiros em sua maioria vão apenas copiando ou fazendo mudanças leves em slogans do passado, dando-lhes uma roupagem nova. 

A coligação de Miriam Lacerda (DEM) em Caruaru se chama “Caruaru em Boas Mãos”. O slogan da campanha de Silvino Duarte (PSDB) é igual: “Garanhuns em Boas Mãos”. Em ambos os casos os marketeiros copiaram Roberto Magalhães em 1982: “Pernambuco em Boas Mãos. 

Um bom candidato de oposição precisa pregar mudança. Se o povo está cansado do mesmo grupo político, então se defende a alternância de poder. Em Garanhuns Luiz Carlos e Silvino estão do mesmo lado, governam o município há 16 anos. Por isso Izaías atacou de “Juntos pra mudar Garanhuns”. O juntos aí é uma alusão a Rosa, sua vice, e também ao povo, que dá a decisão final. 

Zé da Luz preferiu apostar na esperança. A “esperança que venceu o medo” com Lula em 2002, a esperança que estava de volta, na campanha de Arraes, em 1986. 

São Bento do Una e Lajedo, distantes uma da outra apenas 22 km, têm candidatos com frases de campanha muito parecidas. Rossine Blésmany, da oposição, luta “Por uma Lajedo Melhor”, enquanto Débora Almeida, da situação, faz o discurso da continuidade falando em “Uma Cidade cada Vez Melhor”. Nada de novo, Silvino, quando era prefeito, tinha como marca de sua gestão o slogan “Garanhuns cada vez melhor”. 

Voltando ao discurso de mudança, temos Washinton Cadete em São Bento do Una. Batalhando para tirar Padre Aldo do poder e evitar que o peeemedebista faça o seu sucessor (a), o candidato do PR ataca de “Agora tem de mudar”.  Esse aí remete à campanha do PT, em 2002: "Agora é Lula". Antes disso, um candidato a vereador da minha terra, depois de ter perdido na primeira tentativa, quatro anos depois veio todo otimista: "Agora Vai", pregava. Deu certo e ficou entre os mais votados.

Vez por outra surge algo que foge a simples repetição. Normalmente está por trás dessa criatividade o próprio candidato ou pessoas que não são marketeiros profissionais. O garanhuense Giovani Melo adotou como slogan da campanha da reeleição, em Itaquitinga, a frase “O coração que ama não para de trabalhar”. Diferente, não é? Dá a ideia de um cara romântico e viciado em trabalho. Vamos ver se o povo gosta. 

O slogan de Dudu em Capoeiras ficou longo, mas é criativo e tem tudo a ver com o perfil do gestor. “É com honestidade e trabalho que Capoeiras segue em frente”. É um prefeito sério e que fez muito em quatro anos, embora seus adversários não pensem assim. 

Sua principal adversária na campanha, Neide Reino, usa o próprio nome para se promover. O seu slogan é “Com Neide Reino quem reina é o povo”. Alguém há de perguntar: quando seu marido foi prefeito oito anos e ela secretária, o povo por acaso reinava? 

Geraldo Júlio, candidato do PSB na capital pernambucana, é um ilustre desconhecido para o grande público. Os marketeiros, espertamente, usaram esse fato para fazer sua campanha e cunharam a frase: “Um novo prefeito para um novo Recife”. Será que não é novidade demais? Cuidado para não assustar o povo com tanta coisa nova. Humberto Costa (PT), atacou pela continuidade, embora tenha ajudado a “rifar” o João da Costa. “Recife segue em frente” é a frase de guerra dos petistas. 

Notaram que tanto Capoeiras quanto Recife seguem na mesma direção? “Em frente...”. O que uma cidade tem a ver com a outra? Nada. O que nivela os dois municípios, neste momento, é a campanha política e a criatividade dos marketeiros. 

No fundo todas essas palavras são apenas frases de efeito. Os candidatos quando vencem e começam a governar normalmente lembram muito pouco do que andaram pregando nos palanques. O que esquecem primeiro são os slogans.

Por isso que o Tiririca, com muita astúcia, tascou na sua campanha de deputado federal, na qual teve mais de um milhão de votos, a frase que ficou conhecida em todo País: "Pior do que tá não fica". Em alguns casos, em alguns municípios, é difícil ficar pior mesmo.

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