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sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

JAIR BOLSONARO AINDA ESTÁ EM CAMPANHA


Do jornalista Kennedy Alencar:

O presidente Jair Bolsonaro dispensou o tom conciliatório tradicional dos vitoriosos em discursos de posse e difundiu no dia 1º a primeira fake news de sua administração. Numa fala típica de campanha eleitoral, ele disse que a sua posse foi o “dia em que o povo começou a se libertar do socialismo”.

Nunca houve socialismo no Brasil. É uma mentira dita pelo presidente no primeiro dia no cargo.

Bolsonaro não desceu do palanque nos dois discursos depois de empossado. No primeiro, na posse oficial no Congresso, falou em combater a “ideologia de gênero”, responsabilizou “inimigos da pátria” pelo atentado que sofreu na eleição, defendeu maior liberdade para posse de armas e repetiu bordões de campanha. No segundo discurso, no parlatório do Palácio do Planalto, adotou tom agressivo, afirmando que implementaria a agenda aprovada pela maioria na eleição.

“É com humildade e honra que me dirijo a todos vocês como presidente do Brasil e me coloco diante de toda a nação neste dia como um dia em que o povo começou a se libertar do socialismo, se libertar da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto”.

Segurando a bandeira do Brasil com o vice, Hamilton Mourão, ele disse: “Nossa bandeira jamais será vermelha… só será vermelha se for preciso nosso sangue para mantê-la verde e amarela”. Foi ovacionado por um público aguerrido, mas que compareceu em número bem inferior ao projetado por seus aliados.

A imprensa recebeu tratamento desrespeitoso, com confinamento de jornalistas durante horas, impedimento para deslocamentos, ameaças de ser alvo de atirador de elite e restrições para alimentação e até idas ao banheiro.

No primeiro dia de governo, Bolsonaro deu mostra de que a sua relação com a imprensa continuará ruim e dispensará prestação de contas por meio do jornalismo.

A agenda econômica não ficou clara em nenhum momento. Falta estratégia para aprovar a reforma da Previdência, por exemplo. Sobra improviso. Nos discursos do presidente, houve mistura nociva e excessiva de religião com assuntos de Estado. Em resumo, Bolsonaro é o político mais despreparado a se sentar na cadeira presidencial.

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