Cristão-novo na disputa eleitoral, o empresário Alan Carneiro deixou de ser prefeito de Santa Cruz do Capibaribe por causa de "míseros" 313 votos. Míseros porque um outsider deixou para trás um forte e tradicional grupo político, os "azuis" (Boca Preta) e quase destrona outra força não menos tradicional, os "vermelhos"(Taboquinha). Performance espetacular para um estreante e um resultado que impôs uma promissora terceira-via.
Dois anos depois, o mesmo Alan vai para a disputa proporcional por uma vaga no parlamento estadual e foi um dos primeiros apoiadores da então candidata Raquel Lyra. Novamente deixa para trás o candidato Boca Preta e obtém uma expressiva votação, se comparada à votação de Diogo Morais, que tinha o apoio da máquina municipal. Um resultado que consolidou a terceira-via e lhe dava musculatura para novamente disputar o governo municipal, em 2024.
Ao final da disputa que elegeu Raquel, entraram as expectativas para 2024. Quem receberia o apoio da governadora: o pioneiro que apostou nela desde o início, Alan? O atual prefeito, cujo partido tem forte bancada na ALEPE? Ou um candidato do grupo azul, que tem o escudo dos Coelhos, de Petrolina?
A recente eleição para a mesa diretora da Câmara Municipal de Santa Cruz lançou um elemento novo e até então inesperado: uma fumaça política de coloração verde azulada ou azul esverdeada, como queiram. Ficou no ar uma possibilidade. Silvio Santos perguntaria: "é namoro ou inimizade"? Poderia não ser namoro, mas inimizade também não era. E antes que "se conhecessem melhor" lá nos banquinhos da Câmara Municipal, o empresário veio a público e anunciou sua saída das disputas políticas.
Festa no grupo Taboquinha, surpresa no grupo Boca Preta, incredulidade no grupo Verde? Quando se esperava a batalha oposição X situação na discussão e votação do pedido de empréstimo para financiar o já famoso hospital Fernando Aragão, o empresário manda para a enfermaria política a expectativa de uma união na oposição, capitaneada por Alan, tendo como vice um forte e festejado nome do grupo azul, que nem precisa ser citado.
Sempre há interpretações para gestos políticos, mas não se vislumbram o motivo ou os motivos da desistência. Pura especulação achar que ele recebeu algum recado vindo do Palácio, tipo: "a governadora reconhece seu apoio, é grata por seu engajamento pioneiro, mas todos são aliados, sendo assim, ficará neutra". Não há sinais de outros ingredientes que costumam ser usados, como "motivo de saúde", "questões familiares". As perspectivas políticas lhe eram boas.
A fila andou na oposição e não foi para a frente, o que não significa derrota. Exércitos costumam promover recuos táticos. Mas a perda foi de um "general". Enquanto isso, na sua trincheira, o prefeito tem dois objetivos: o primeiro é ganhar o debate político sobre o empréstimo para a construção do hospital; o segundo é cortar a asa do "Davi" da terra da sulanca. A pedra política dele é pequena, mas pode pegar na "fonte" e derrubar o gigante.
Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.
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