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terça-feira, 11 de abril de 2023

Os cabeças pretas (Gena e Jobson) enervaram os cabeças brancas (Lero e Jânio)

 


              Leigos e observadores da política de Taquaritinga do Norte certamente devem ter observado um fenômeno que atingiu os dois tradicionais grupos da terra do café: a contestação política dos líderes Jânio Arruda e Ivanildo Mestre, dos grupos Gravatinha e Calabar, respectivamente. Contestação temperada por dois ingredientes: desrespeito à trajetória política e à força que ambos ocupam nas disputas eleitorais e o pouco inteligente expediente de escanteá-los do verdadeiro papel que cabe a um líder político: conduzir o processo de escolha de um candidato, nas agremiações que comandam: PSB e PSD.

         Do lado Calabar, o vice-prefeito Gena iniciou o movimento político para afirmar sua candidatura, trazendo para dentro do grupo um importante nome do rival azul, o vereador Guilherme Cumaru, de Gravatá do Ibiapina, e prometendo outra conquista de peso, o vereador Hélio, de Pão de Açúcar. Este, sabe-se agora, da própria boca, não acompanhará mais o vice-prefeito,  menos por falta de vontade e mais por incompatibilidade política, sedimentada por disputas passadas contra os vermelhos. Cuidou também o vice-prefeito de fisgar um peixe interno, o vereador Demir. Tudo isso para fortalecer sua pretensão de sentar na cadeira que já foi de um cabeça branca, Jânio, e está sendo ocupada por outro cabeça branca, Lero. 

               E qual o papel político do prefeito Lero diante desses movimentos do vice-prefeito Gena? Ele foi consultado? Participou das negociações? Externou suas ponderações e ouviu as ponderações dos “conquistados” e do “conquistador”? Os entrantes assumiram algum compromisso político com a gestão municipal? Entraram imediatamente para a bancada do prefeito? Arquivaram a artilharia anti-Calabar? Não há o menor sinal de que a condução desse processo tenha passado pelo prefeito. Ou seja, foi à revelia, foi uma estratégia arriscada e o risco veio: Gena candidato irreversível, sim, mas do prefeito, não. Ambos já demarcaram claramente as fronteiras. Ambos estarão em trincheiras adversárias. E o “fogo” não deverá ser amigo.

           Do lado Gravatinha, o processo foi e está sendo ainda mais desrespeitoso porque ultrapassou e muito os limites dos movimentos políticos legítimos, da parte de qualquer um que deseje comandar os destinos administrativos da Terra do Café. A principal liderança do grupo, o nome que deu um calor infernal nos adversários em 2020, Jânio Arruda, vê as articulações fervendo nos blogs, nos grupos de wattsapp, nas entrevistas, nas reuniões, sem que seu CPF sequer mereça uma cogitação. Nem para vice. E quais os “crimes” cometidos para ser condenado a esse “ostracismo”? Idade, “liseira”, derrotas e mais derrotas desde 2000...

       Jânio, guardadas as devidas proporções, como se fala, é uma espécie de Lula de Taquaritinga, porque venceu e perdeu, porque bancou um sucessor e o elegeu. Aliás, diga-se en passant, o “poste” de 1992 lhe pagará com ingratidão em 2024? Desde 1988, com exceção de 2012, o nome do ex-prefeito azul é protagonista das eleições municipais, disputando ou apoiando, ganhando e perdendo, assim como Lula, desde 1989. Portanto, a condução do processo de convencimento de Jânio a abrir mão em favor de outra candidatura, deveria ser mais sutil, mais delicado, mais inteligente. Que lhe fosse apresentado o PF “tecnologia-hotelaria”, mas nos bastidores, para não constranger publicamente sua estatura política. Se, como diz o ditado, quando a cabeça não pensa, o corpo padece, podem anotar, conforme a própria “raposa” enfatizou no seu programa vespertino do sábado, 8 de abril: “só Deus me impede de ser  candidato em 2024”.

        Tomando uma expressão emprestada  do presidente Lula, “nunca antes” nesse município a disputa eleitoral começou tão cedo. O fogo crepita nos bastidores e no palco, à vista de todos . Os times estão sendo escalados e a disputa cada vez mais se desenha plural, diferente do mata-mata de sempre, entre Calabar e Gravatinha. E os cabeças pretas se acautelem porque os donos das “lanchas” são os cabeças brancas. Diferente da música, lancha aqui é voto na urna e não o luxo isento da IPVA que serve de ostentação no mar. O cabeça branca de PDA quer manter a dinastia que já vai em 16 anos. O cabeça branca da Padre Berenguer quer provar que água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. E ambos contam com a empolgação juvenil dos cabeças pretas. Uma delas, oca e equivocada.


Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.



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