A genialidade humana ainda não é capaz de mandar o homo sapiens ao planeta Marte e trazê-lo de volta, são e salvo, após cumprir a missão, como o fez na viagem à lua. Não há equipamento com autonomia suficiente para levar e trazer. Obviamente não há como fazer escalas e o planeta vermelho não é, ainda, generoso ao ponto de oferecer uma fonte de combustível. Ou seja, uma viagem a Marte é uma ida sem volta, um vácuo eterno, uma hospedagem solitária, na companhia do nada, até que o ser vivo que lá chegue dê seu último suspiro.
Mesmo assim, o envio de um ser racional (sério?) não está muito longe. Máquinas estão sendo preparadas para a viagem ao “infinito” do espaço sideral e, acreditem, máquinas humanas também. Não são poucos os candidatos a voluntários para participar dessa “loucura”. Pode-se falar em dezenas de milhares que se oferecem como voluntários para protagonizar um dos feitos mais extraordinários da corrida espacial.
Esse preâmbulo é para estabelecer um paralelo com a movimentação política do vice-prefeito de Taquartitinga, Gena Lins. Os fatos vão se somando e cada vez mais se sedimenta um ponto de não-retorno, como uma viagem à Marte, sem espaço para uma acomodação política. A recordar: a percepção lá em 2020 de que não seria a “bola da vez” em 2024; o não apoio à candidatura do hoje suplente Diogo Morais a deputado estadual; o ingresso de ex-adversários políticos no grupo Calabar, sem consulta prévia ao natural condutor do processo, o prefeito Lero; a famosa entrevista onde questionou o “orçamento secreto” do gabinete do prefeito e, agora, a revelação do nome do co-piloto da chapa, no cargo de vice, o empresário Paulo de Necão.
O prefeito Lero também atira. Nas últimas entrevistas deixou bem claro o que Gena já suspeitava em 2020: o vice-prefeito não é o nome da sua preferência para a cabeça da chapa em 2024, e sim, o empresário Alysson Dias. Somando todas as dificuldades, mais o “prato feito” “agora é GP”, tem-se uma espécie de tratado de Tordesilhas na terra do café: o prefeito lidera o lado Calabar e o vice Gena a Terceira Via. E a movimentação segue intensa, de lado a lado, na arregimentação de apoios. E como num jogo de pôquer, alguns blefes para botar uma pilha no concorrente.
O vermelho e o termo Calabar não são marcas registradas, portanto, qualquer um pode fazer uso deles, mas há um componente simbólico na percepção do eleitor, principalmente no eleitor de cidades pequenas interioranas: o “lado” do candidato. E, nesse aspecto, o prefeito leva vantagem em se apropriar da “grife” Calabar, principalmente porque o vice-prefeito tenta juntar forças políticas que foram tradicionais adversários oriundos do grupo Boca Preta. Há parlamentares que não podem apoiar a candidatura Gena, justamente por causa dos furiosos combates eleitorais do passado e do presente. Imaginem o vice se apresentando como Calabar tendo na sua coligação o vereador Ronaldo César.
Normalmente a definição de chapas acontece a poucos dias das convenções. Poucos meses antes ainda se tem as insinuações de candidaturas, a testagem de nomes, as sondagens através de pesquisas, etc. Mas, desta vez, o jogo já está sendo jogado no aquecimento. Gena já definiu seu companheiro de chapa na nave da Terceira Via; o prefeito já divulgou enfaticamente o seu “protegido”, com dois ou três nomes para a vice na nave Calabar. Do lado da oposição, a “velha raposa” (experiência política) já recebeu o recado: Jobson-Batata, com ou sem seu apoio. Como se vê, o tráfego a “Marte” está se intensificando e, claro, com pilotos torcendo para que concorrentes não decolem e se decolarem, que façam um pouso de emergência, no campo do Jucá, em Mateus Vieira ou no quilômetro inicial da PE 160.
Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.
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