O vereador Carlinhos da Conab e ser partner, “cangaceiro” Jairo Gomes, começaram assim o programa matinal do último sábado: “muitos torceram para que o deputado Diogo Morais não voltasse” (Carlinhos); “Ele voltou, Carlinhos, e voltou a contragosto de muitos”(Jairo Gomes). Engano ou desinformação dos ilustres, ele voltou e não foi a contragosto de muitos e sim apesar do trabalho de poucos, como a bancada do PP na ALEPE, sob as ordens do “parceiro?” de Diogo, deputado Eduardo da Fonte, e da articulação explícita da governadora Raquel Lyra. Era grande a expectativa na circulação do diário oficial da quarta-feira, 24 de maio. Não faz muito tempo que Diogo e Edson Vieira, por exemplo, estiveram no mesmo palanque, sob as bênçãos da raposa política Eduardo Campos. Hoje são adversários, mas certamente não são inimigos. Assim como o empresário Alan Carneiro. Então, “torcer contra” na política, se a abstração dos dois for verdadeira, é uma naturalidade equivalente a torcer contra um time de futebol adversário; Além disso, como provar que “muitos torceram contra”? Foi o técnico da Caixa que mensurou a capacidade dos adversários de Diogo de terem torcido contra? A “torcida contra” que seria indigna e reprovável é um político fazer chacota de um traço físico de um adversário, sobre o qual não se tem domínio.
Lembramos muito bem que em 1950, em pleno Maracanã, 173.850 torcedores brasileiros “torceram contra” o minúsculo Uruguai, mas, ao final, a conquista foi para Montevideo e não para a sala de troféus do estádio carioca. Portanto, em se tratando dos ilustres citados, é forçoso grifar o pleonasmo: “quem ganha o jogo é o jogador e não a torcida”. A tragédia do Maracanã é apenas um de inúmeros exemplos em que dezenas de milhares fizeram figa, “secaram”, mas o atacante foi lá e furou a rede da legião que apelou para a mandinga. O que poderia ter mudado o destino do agora deputado Diogo Morais foi a tabelinha Eduardo-Raquel, pois não apenas “torceram contra”, mas trabalharam fortemente para que o socialista ficasse na suplência, com a mercadoria que importava, o voto e não a “torcida contra”. Como sugeriu o trecho da música acima citado, a quarta-feira, 24/05, foi sim um novo dia para Diogo Morais. Apesar do PP, de Raquel Lyra, de Eduardo da Fonte, supostamente do diário oficial e da caneta BIC, o herdeiro de Ozeas Morais saiu do banco e reservas e pulou para a titularidade. E prometeu “gols”. Daí se tira o tamanho do alívio e a decepção com os “aliados” que tentaram puxar o seu tapete. Caso tenha assistido ao programa, Da Fonte deve ter ficado constrangido com as palavras do seu aliado vereador.
Omissão também é uma forma de “torcer contra”. Aliás, uma pessoa pode ser enquadrada no CP caso se omita em prestar socorro a alguém tendo as condições de fazê-lo. Ou seja, a pessoa “não fez nada”, mas se viu envolvida porque poderia ter prestado uma ajuda em determinada circunstância e não o fez. Se o “primo” do deputado Diogo fez algo por ele, não é do conhecimento público. Apesar de compreendermos o embaraço em que se encontrava. De um lado, seu “chefe político” não só “torcendo contra”, mas trabalhando contra Diogo e do outro o laço familiar, o fato de ser tratar de um político de Santa Cruz, o fato de ser um parceiro nas urnas e o fato de este parceiro ter “limpado o caminho” para que o “primo” se tornasse prefeito. Peças do xadrez político foram movimentadas, conseqüências virão, possivelmente para 2024, mas, certamente para 2026, em Santa Cruz e em municípios da região. Uma coisa é o cidadão Fulano de Tal, outra coisa é o deputado Fulano de Tal. Um gabinete na ALEPE aumenta ou pelo menos ajuda a segurar votos. De quebra, aumenta a consideração de parentes “ausentes”.
Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.
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